Em meio às crescentes tensões geopolíticas e aos conflitos que reverberam diretamente sobre o agronegócio global, o mercado projeta um ciclo desafiador para a safra 2025/26. O cenário internacional combina riscos logísticos, pressões inflacionárias e disputas comerciais entre as grandes potências – com destaque para os efeitos colaterais da guerra entre Irã e Israel e o retorno do protecionismo norte-americano.
Felipe Jordy, gerente de inteligência e estratégia da Biond Agro, avalia que o próximo ciclo será marcado por uma produção robusta, mas com margens cada vez mais apertadas diante do novo contexto global. “Os custos de produção tendem a permanecer elevados, refletindo tanto os impactos logísticos da guerra no Oriente Médio quanto a recente sinalização de Donald Trump em taxar exportações brasileiras”, comenta.
Fertilizantes, fretes e grãos na mira dos conflitos
Apesar de uma trégua momentânea no Oriente Médio, os reflexos da guerra continuam afetando o agronegócio brasileiro. O Irã, responsável por cerca de 20% da ureia importada pelo Brasil e detentor da terceira maior reserva de petróleo do mundo, permanece em estado de alerta logístico e produtivo. A valorização do petróleo tem pressionado os custos do frete marítimo, do gás natural e, consequentemente, de toda a cadeia de insumos agrícolas.
“O agricultor brasileiro sente esse impacto no bolso antes mesmo do plantio. A volatilidade nos preços dos fretes e dos insumos afeta diretamente o planejamento financeiro e espreme as margens da produção”, alerta Jordy.
Como se não bastasse, uma nova ofensiva tarifária por parte dos Estados Unidos impõe mais um desafio. Em medida prevista para entrar em vigor em agosto, o governo americano anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o que pode afetar significativamente as exportações de carne, suco de laranja, café, soja e milho. Os EUA são hoje o segundo maior destino das exportações brasileiras, movimentando mais de US$ 40 bilhões por ano.
Além disso, Donald Trump já sinalizou a possibilidade de impor novas sanções comerciais à Rússia, caso não haja um cessar-fogo na guerra com a Ucrânia, o que ampliaria ainda mais os riscos de instabilidade global.
Inflação, juros e crédito restrito elevam os custos
Apesar da desaceleração da inflação, os juros seguem elevados e o crédito continua restrito, dificultando o acesso a financiamentos e pressionando os custos de produção. Na próxima safra, o custo da soja deve atingir R$ 5.725 por hectare, enquanto o milho poderá chegar a R$ 4.706 por hectare.
A margem esperada para o produtor de soja, que foi de 176,5% na safra 2020/21, pode cair para apenas 15,3% em 2025/26. Para arrendatários, o cenário é ainda mais desafiador. Considerando, por exemplo, a dedução de 15 sacas por hectare destinadas ao pagamento do arrendamento, muitas contas já não fecham.
“A pressão nos custos e a redução das margens tornam ainda mais importante o uso de ferramentas de proteção, como travas de preço e operações de barter”, orienta Jordy.
Clima mais estável favorece produtividade, mas pressiona preços
A neutralidade climática prevista para este ciclo favorece a produtividade nas principais regiões produtoras. Cenários sem influência significativa de El Niño ou La Niña tendem a gerar ganhos médios na produtividade da soja e do milho.
Por um lado, maior produtividade eleva a receita do produtor; por outro, a ampliação da oferta pode superar a demanda global e exercer pressão negativa sobre os preços. O risco se intensifica diante de estoques globais já elevados e da desaceleração nas importações por parte da China.
“Hoje, informação de qualidade é mais do que uma vantagem, é proteção. O produtor precisa agir com inteligência, porque a próxima safra será marcada por incertezas e margens apertadas”, conclui Jordy.
Sobre a Biond Agro
Empresa especializada em gestão e comercialização de grãos para o produtor brasileiro, originária de um grupo de companhias com 25 anos de experiência (Fyo, CRESUD e Brasil Agro). Compreendendo os números e especificidades do negócio e como interagir com os mercados. A Biond Agro desenha estratégias de comercialização e execução de negócios, profissionalizando a gestão de riscos para tornar o agronegócio sustentável no longo prazo. Saiba mais em https://www.biondagro.com/
Fonte: Assessoria de Imprensa Biond Agro