A safra agrícola de SC que está sendo concluída a colheita terá perdas especialmente no milho e na soja, entretanto, segundo o setor da EPAGRI que acompanha as safras, os preços devem compensar essas perdas pelo aumento dos preços ao agricultor.
O gerente do Centro de Socioeconômia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri, Renei Dorow, avalia que, mesmo sem ter os dados fechados ainda da safra, a tendência é de manutenção do Valor Bruto Agropecuário em Santa Catarina, em relação ao ano anterior.
SC já registra prejuízos de R$ 436 milhões, com perdas. O maior volume está no milho com 178 m toneladas, seguida da soja onde estão perdidas 132 mil ton. A Epagri ainda registra perdas pela ordem de valo: leite, feijão, maçã, tomate, cebola, maracujá, batata e banana.
A estiagem e mais a redução de 2% na área plantada devem provocar uma queda de 276 mil toneladas na produção de milho, o que significa 9,9% a menos do que a safra passada. Isso agrava o déficit de milho de SC, que segundo Haroldo Tavares Elias, da Epagri, foi de 4,2 milhões de toneladas no ano passado. Esse déficit pode chegar a 4,5 milhões de toneladas, dependendo da demanda interna por carnes.
O vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, diz que assim como há uma previsão de aumento no Valor Bruto da Agropecuária, 7,6% maior do que no ano passado em Santa Catarina, o valor que nas lavouras foi de R$ 6,7 bilhões em 2019, também deve ser maior neste ano.
O preço do milho e, principalmente da soja, subiram muito. A soja chegou a R$ 112 (a saca) no porto. Isso devido ao dólar, que deve se manter acima de R$ 5 – explica Barbieri. – No milho temos uma redução de 9,9% no volume, porém com uma valorização em preço superior a 35% em relação ao mesmo período de 2019. Quanto à soja, tem uma redução de volume esperada em 5,82% em abril, mas com uma valorização do preço superior a 18% nos últimos 12 meses. No arroz tivemos uma safra muito boa, com valorização de preço afirma o gerente do Cepa/Epagri.
A saca de soja que estava abaixo de R$ 70,00 em abril do ano passado, está próximo de R$ 90,00. E o milho, que estavam em cerca de R$ 30,00 em abril do ano passado, vem ficando acima dos R$ 40,00 neste primeiro semestre, isso para o agricultor.
O presidente da Cooperativa Agropecuária Camponovense (Coocam), João Carlos Di Domenico, estima uma quebra de 15% na área de abrangência da cooperativa.
“Tivemos produtores que colheram 70 sacas de soja por hectare, mas outros que colheram só 12 sacas, dependendo da região e da época de plantio. Eu colhi 61 sacas por hectare, contra 78 do ano passado, disse Di Domênico. Mas, devido ao preço melhor, vou ter mais lucro neste ano do que no ano passado. Só que essa não é a realidade de muitos produtores, que vão ter prejuízo”, prevê.
O presidente da Coocam calcula que os preços altos vão acabar ajudando a cooperativa a alcançar o mesmo faturamento de 2019, que foi de R$ 350 milhões. Só que o lucro será menor, pelo aumento de custos.
Em relação ao milho, até a chegada da safrinha temos que buscar milho em outros países, como Argentina, Paraguai e EUA, com o dólar a R$ 5. Isso inviabiliza produzir carnes que não seja para exportação e dar ração para as vacas produzirem leite, disse Enori Barbieri, ao lembrar que a tonelada do farelo de soja aumentou de R$ 1,3 mil para R$ 1,9 mil.
O custo de produção dos suínos, segundo a Embrapa de Concórdia, aumentou 6% em 2020.
Na soja a redução prevista no Boletim Agropecuário de abril, é de 4,4%, chegando a uma produção de 2,332 milhões de toneladas, contra 2,440 milhões de toneladas de 2019. Isso representa uma redução de 108 mil toneladas, o que daria R$ 154,8 milhões. No feijão deve haver 6,6% de perda, chegando a 96 mil toneladas. Uma queda de cerca de seis mil toneladas ou R$ 18,6 milhões. No leite a previsão é de perdas de 5% com a falta de chuva, o que daria R$ 500 mil por dia e R$ 15 milhões em um mês, segundo o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Derivados de Santa Catarina.
Na verdade, com exceção do leite onde a situação é mais complicada, nas lavouras de grão não dá para considerar uma perda no geral, pois o aumento de preço compensou, mas um valor que os produtores vão deixar de ganhar e que deixa de circular na economia, caso tivessem colhido mais – disse Barbieri.
Pelo menos uma cultura de grãos não teve perdas com a estiagem. A safra de arroz, que no ano passado foi de 1,10 milhão de toneladas, vai crescer 3,8% e deve chegar a uma produção de 1,14 milhão de toneladas. No Brasil a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê uma safra recorde de grãos. A soja deve ter uma produção recorde de 122 milhões de toneladas, mesmo com os problemas climáticos no Sul do país, devido ao crescimento na área plantada. Milho, algodão, arroz, feijão e sorgo também terão aumento na produção.
Fonte: Epagri/Faesc, disponível em Fecoagro