O impacto negativo da seca sobre a produtividade das lavouras paulistas de milho, principalmente nas regiões Norte e Noroeste, foi observado na avaliação regional de milho feita no estado de São Paulo pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico, o IAC. Somado à baixa altitude da região, o déficit hídrico e as doenças do enfezamento e viroses, provocaram a quebra de pelo menos 1/3 da produtividade média, obtendo-se nessa região média de apenas 6 toneladas por hectare.

Os resultados foram apresentados em Campinas, durante a Reunião de Avaliação Regional de Cultivares de Milho no Estado de São Paulo. O evento reuniu pesquisadores, técnicos, estudantes e produtores agrícolas para a apresentação das avaliações da safra de milho 2018/2019.

No estado de São Paulo, o milho ocupa cerca de 872 mil hectares e produz 4,5 milhões de toneladas, representando 5% da área e da produção nacional, conforme dados da CONAB (média das safras 2016/17 à 2018/19). O milho verão é cultivado em cerca de 364 mil, predominando nas regiões acima de 600 m.  A avaliação de cultivares é realizada tanto na regiões mais baixas (Norte e Noroeste) como nas regiões altas (Centro e Sul). As melhores produtividades foram obtidas nos ambientes acima de 600m, com valores próximos ou acima de 10 toneladas por hectare.

Segundo o pesquisador responsável pelo projeto, Aildson Pereira Duarte, foram avaliados 28 materiais de milho na safra verão de 2018 e 2019, no estado de São Paulo, incluindo híbridos convencionais e transgênicos. Foram incluídos na pesquisa os três híbridos convencionais do IAC, IAC 8046, IAC 8077 e IAC 8098, que apresentaram melhor adaptação nos ambientes menos favoráveis. Os melhores híbridos produziram cerca de 16% a 27% a mais que a média geral dos ensaios, sendo a diferença maior nas região Noroeste, onde ocorreu com maior frequência as doenças do enfezamento e viroses. “São poucos os híbridos resistentes a este complexo de doenças e estes apresentam produtividade muito superior aos híbridos suscetíveis”.

O pesquisador ressaltou a importância das práticas conservacionistas, tais como sistema plantio direto com boa cobertura do solo com palha, para amenizar os reflexos da seca. Essa prática auxilia também na antecipação da semeadura nas regiões de baixa altitude, onde geralmente é mais tardia pelo atraso das chuvas.

A região sul é onde, geralmente, as doenças foliares causam maiores prejuízos na produtividade do milho, principalmente a mancha de cercóspora, a mancha de Phaeosphaeria, a mancha de diplódia (Stenocarpella macrospora) e a ferrugem comum (Puccinia sorghi).  Em Tatuí, tem ocorrido também a toxicidade de flúor nas plantas, em decorrência da poluição do ar durante a queima do barro na indústria cerâmica. Foram mostrados quais são as cultivares mais resistentes ao flúor e que podem ser cultivadas neste tipo de ambiente, bem como quais cultivares apresentam melhor sanidade  foliar e requerem menor uso de fungicidas.

A pesquisadora do IAC, Christina Dudienas, ressaltou que se intensificou a severidade de doenças na safra verão do milho. “Houve ocorrência de viroses, enfezamento, amarelecimento de folhas, lesões em raízes e apodrecimento das espigas em vários experimentos”, conclui a pesquisadora. Christina destaca a importância do manejo de acordo com as especificidades do local, considerando principalmente o histórico de ocorrência de doenças e as condições climáticas.

A avaliação foi realizada por pesquisadores do IAC, Instituto Biológico e Polos Regionais, ambos da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), além de técnicos da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS). Participaram também órgãos de ensino, cooperativas e entidades civis, como o Colégio Agrícola de Franca, do Centro Paula Souza, a Faculdade Dr. Francisco Maeda, a Coopermota Cooperativa e a Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (FUNDAG), além de empresas de pesquisa e produção de sementes híbridas de milho.

Os resultados e as palestras apresentadas podem ser consultados aqui.

Fonte: Por Assessoria de Imprensa do Instituto Agronômico de Campinas — IAC, disponível no Portal da FEBRAPDP – Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação

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