1.MERCADO INTERNACIONAL

A semana começou animada para a soja, em um mercado que convalidava a firmeza dos preços. Mas, entre fatores mistos, terminou perdendo o terreno ganho e os valores culminaram em níveis similares à sexta-feira anterior.

Novamente, as novidades em torno do conflito comercial entre EUA e China foram o foco do mercado. Houve várias compras de soja americana pela China, totalizando 1,0 MT segundo alguns, 1,5 MT segundo outros, para entregas entre outubro e dezembro, entre empresas que conseguiram isenção de tarifas em ambos os países (as demais compraram da América do Sul). Estas compras foram interpretadas como gestos de boa vontade, diante da nova rodada de negociações que funcionários de alto nível dos dois países manterão em outubro.

Deste modo, reinava o otimismo em ambas as partes (e em Chicago) quando à realização de um acordo e os preços respondiam com leves altas. Mas, em sentido contrário, sinais negativos surgiram no final de quinta-feira e nesta sexta. Primeiro, o presidente Trump, em seu discurso na ONU, destilou críticas à OMC por sua política comercial em relação à China.

Depois, neste final de semana, o governo americano informou que está buscando formas de limitar os fluxos de investimentos de empresas chinesas nas Bolsas americanas. Assim, a semana termina com um saldo pouco atrativo para o mercado. Em outro nível de atenção, o mercado seguiu de perto a safra americana.

As perspectivas climáticas não registraram ameaças para os cultivos. No entanto, os operadores e analistas aguardam com ansiedade a publicação do informe trimestral sobre os estoques físicos em 01 de setembro último. Assim, poderão ter uma ideia mais clara sobre o remanescente final da temporada 2018/19. A média das expectativas é de que serão divulgadas 26,7 MT, o que seria 5 vezes maior do que o estoque de apenas 2 safras atrás.

2. MERCADO BRASILEIRO

Mesmo tentando mostrar gestos de boa vontade para com os EUA, a China não se afastou da América do Sul, nem do Brasil. Nesta semana foram negociados cerca de 11 cargos, ou 660 mil tons entre Brasil e Argentina. Embora os prêmios tenham recuado levemente para safra velha, permaneceram praticamente inalterados para safra nova, que é a janela tradicional de nossa exportação.

O relatório de estoques a ser divulgado nesta segunda-feira será importante para a determinação dos preços, podendo aumentar a volatilidade a curto prazo, mas, a médio e longo prazos, não acreditamos que permitam grandes altas em Chicago, porque devem se situar em 5 vezes o volume médio das temporadas anteriores a 2017. E, a menos que China faça compras em um total de 20 MT (que ela absolutamente não precisa, diante da queda da sua demanda interna e da disponibilidade na América do Sul) não acreditamos que as cotações de Chicago possam ultrapassar $ 9,20/bushel nos próximos meses.

Como os prêmios no Brasil estão andando de lado, sem cair muito e sem subir muito e o dólar idem (embora a previsão dos analistas da Focus seja de um nível de R$ 3,90 para a moeda americana em 2020, o que deveria levar os responsáveis pela gestão financeira das empresas exportadoras a fixar agora o dólar na B3), não acreditamos que os preços da soja em R$/saca possam subir muito mais do que os níveis em que estiveram na semana passada (R$ 85,00 em Passo Fundo e Ponta Grossa).

Nossa recomendação continua sendo a de vender em qualquer alta que houver e aplicar o dinheiro no mercado financeiro ou na sua empresa. Por outro lado, mesmo que a China faça algum acordo com os EUA (que achamos difícil, porque os americanos querem atacar o coração da riqueza da China, que é a industrialização, no que os chineses não irão concordar facilmente, por isso a demora no acerto) os chineses não abrirão mão da demanda na América do Sul, que lhes dá enorme poder de barganha.

Então, com relação à sua dúvida se aumenta ou não a área plantada, nossa recomendação é: plante tudo o que puder, porque a demanda não só continuará (leva-se 2 anos para voltar a produzir um rebanho de suínos) como aumentará, porque a peste suína se espalhou por todo o rico Sudeste Asiático e pela Rússia Asiática também.

Fonte: T&F Agroeconômica


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