A escolha da época ideal para a semeadura de soja visando atingir o potencial produtivo é um fator crucial para maximizar a produtividade. No Brasil, um país com uma diversidade climática e geográfica significativa, a melhor época de plantio pode variar de acordo com a região e as condições locais. A soja é uma das principais culturas agrícolas do país, e seu sucesso depende de uma série de fatores, incluindo o clima, o tipo de solo e a janela de plantio adequada.
É possível prever o potencial de produtividade da soja em diferentes regiões do Brasil utilizando modelos matemáticos. A equipe do GYGA Brasil (www.yieldgap.org/brazil) utilizou o modelo CROPGRO soybean na plataforma DSSAT v. 4.7 (Hoogenboom et al., 2004) para simular as semeaduras diárias de soja, variando de 1° de outubro a 31 de dezembro, em áreas produtoras de soja do país.
Com base nessas simulações, foi possível identificar o potencial máximo de produtividade, o período em que esse potencial é mantido, e também o momento em que começa a ocorrer uma redução na produtividade devido ao atraso na semeadura.
Como um grande fator que interfere no potencial produtivo da soja, no Brasil, é a data de semeadura, distribuiu-se as regiões do Brasil em 5 faixas e determinou-se o potencial de produtividade, a data que inicia a redução do potencial e as perdas causadas pelo atraso na semeadura.
Na primeira faixa (Pará, Piauí, Maranhão e norte do Tocantins) o potencial de produtividade pode chegar a 5,7 ton ha-1, com redução do potencial em 20 kg ha-1 dia-1 em semeaduras após 18 de novembro. Na segunda faixa (centro e norte do Mato Grosso, sul do Tocantins, norte de Goiás e a Bahia) o potencial de produtividade varia de 5,7 a 6,1 ton ha-1, reduzindo seu potencial 27 a 29 kg ha-1 dia-1 em semeaduras após 6 de novembro e 16 de novembro, respectivamente.
Na terceira região (sul do Mato Grosso, sul de Goiás, norte do Mato Grosso do Sul, norte de São Paulo e Minas Gerais) o potencial de produtividade varia entre 6,1 a 6,7 ton ha-1, onde há redução do potencial de produtividade de 33 a 37 kg ha-1 dia-1 em semeaduras após 3 a 15 de novembro, respectivamente.
A quarta região (sul do Mato Grosso do Sul, sul de São Paulo, norte de Santa Catarina e o Paraná) possui produtividade potencial variando de 6,7 a 7,2 ton ha-1, com perda do potencial de 39 a 42 kg ha-1 dia-1, em semeaduras realizadas a partir de 27 a 31 de outubro, respectivamente. A quinta região (Rio Grande do Sul) apresenta o potencial de produtividade variando de 6,5 a 7,2 ton ha-1, com redução de 37 a 39 kg ha-1 dia-1 em semeaduras realizadas entre 23 de outubro e 4 de novembro, respectivamente.
Figura 1. Potencial de produtividade de soja (kg ha-1), início da queda do potencial produtivo e redução diário no potencial de produtividade em 5 faixas de latitudes do Brasil.

Dessa maneira, a análise do potencial produtivo da soja no Brasil revela que a latitude desempenha um papel crucial no aumento do potencial produtivo devido ao maior comprimento do dia e à maior disponibilidade de radiação solar.
Neste sentido, quanto mais ao Sul, maior é o comprimento do dia e o número de horas em que a planta pode realizar fotossíntese. Além disso, quanto maior o potencial de produtividade, maior será a perda do potencial de produtividade com o atraso da época de semeadura. Na quinta faixa, a variação do potencial de produtividade é maior em comparação com a quarta faixa, devido ao efeito de temperaturas mais elevadas, a exemplo da região noroeste/ missões do Rio Grande do Sul, Brasil.
Referências Bibliográficas
ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES / EDUARDO LAGO TAGLIAPIETRA… [ET AL.]. 2. ED. SANTA MARIA: [S. N.], 2022.