A ocorrência de sementes esverdeadas é cada vez mais comum no final do ciclo da soja. Diversos fatores podem desencadear o problema, entretanto, é consenso que estresses ambientais, acentuam a ocorrência de sementes esverdeadas. Fisiologicamente, a coloração esverdeada das sementes é consequência da interrupção da ação das enzimas clorofilase e magnésio-chelatase, responsáveis por degradar a clorofila dos grãos ou sementes.
Embora os efeitos quantitativos do esverdeamento das sementes não sejam tão expressivos, qualitativamente podem depreciar as sementes, reduzindo seus atributos fisiológicos. Avaliando dois lotes de sementes de soja, os quais continham sementes esverdeadas, Zorato et al. (2007) observaram perdas significativas de germinação, vigor, condutividade elétrica e emergência a campo, quando comparadas sementes esverdeadas com sementes normais (sem nenhuma semente esverdeada).
Resultados similares foram obtidos por Pardo et al. (2015), que avaliando a influência da semente esverdeada e tamanho das sementes na qualidade fisiológica de sementes de soja, observaram significativa redução da primeira contagem, germinação e índice de velocidade de germinação das sementes de soja esverdeadas em relação a sementes normais, independentemente do tamanho da semente (Tabela 1), enfatizando a menor qualidade fisiológica das sementes esverdeadas.
Tabela 1. Desdobramento da análise de variância para a primeira contagem de germinação, germinação e índice de velocidade de germinação de sementes de soja em função do tamanho e do esverdeamento das sementes.
A redução da qualidade fisiológica das sementes de soja em função do esverdeamento das sementes também foi observada por Costa et al. (2001), que demonstra que independente da cultivar, o aumento da porcentagem de sementes esverdeadas resulta na redução do vigor dessas sementes (figura 1).
Figura 1. Índice de vigor determinado pelo teste de tetrazólio em sementes de soja das cultivares CD 201, BRS 138, MG/BR 46 (Conquista) e Emgopa 302 com diferentes índices de sementes esverdeadas.
Conforme destacado por Franca-Neto et al. (2016), as sementes esverdeadas recém colhidas podem até germinar, mas com certeza têm o seu vigor afetado. Contudo, aquelas sementes armazenadas sob condições de armazém convencional, não refrigerado, após um período de quatro a cinco meses, praticamente não germinarão.
Assim, fica evidente que o esverdeamento das sementes resulta em redução da qualidade fisiológica delas, podendo-se concluir que a clorofila pode ser um indicativo de redução do potencial fisiológico em sementes de soja. Caso sejam utilizadas para semeadura da cultura, as sementes esverdeadas podem resultar no mau estabelecimento da lavoura, redução do estande e uniformidade de plantas, comprometendo componentes de produtividade como o número de plantas por área.
Veja mais: Quando aplicar Boro na soja?
Referências:
COSTA, et. al. EFEITO DE SEMENTES VERDES NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v.23, n.2, p.102-107, 2001. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/445507/1/ABRATES3.PDF >, acesso em: 22/05/2023.
FRANÇA-NETO et. al. SEMENTE ESVERDEADA DE SOJA: CAUSAS E EFEITOS SOBRE O DESEMPENHO FISIOLÓGICO – SÉRIE SEMENTES. Embrapa, Circular Técnica, Londrina, n. 91, 2012. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/59537/1/download.pdf >, acesso em: 22/05/2023.
FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, Documentos, n. 380, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 22/05/2023.
PARDO, F. F. et al. QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA ESVERDEADAS EM DIFERENTES TAMANHOS. Revista de Agricultura Neotropical, Cassilândia-MS, v. 2, n. 3, p. 39–43, jul./set. 2015. Disponível em: < https://periodicosonline.uems.br/index.php/agrineo/article/view/275/683 >, acesso em: 22/05/2023.
ZORATO et. al. PRESENÇA DE SEMENTES ESVERDEADAS EM SOJA E SEUS EFEITOS SOB SEU POTENCIAl FISIOLÓGICO. Revista Brasileira de Sementes, vol. 29, nº 1, p.11-19, 2007.Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbs/a/t9HvtcmZRLt4VhyYbkv8NHt/?lang=pt >, acesso em: 22/05/2023.
Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (Site, Facebook, Instagram, Linkedin, Canal no YouTube)