- A concentração total de Boro em solos agricultáveis varia de 1 a 467 mg kg-1;
- São necessários cerca de 77 gramas de Boro por toneladas de grãos de soja produzidos;
- As recomendações de manejo sugerem que a adubação boratada seja realizada em V2 ou R2 (início do florescimento);
- A adubação boratada na base de semeadura e posteriormente a lanço no início do florescimento da soja pode ser uma interessante alternativa de manejo.
Embora requerido em pequenas quantidades pela soja, o Boro (B) é um nutriente essencial no metabolismo vegetal, estando envolvido no alongamento celular e no metabolismo de ácidos nucleicos (Taiz et al., 2017), frutificação e formação de tubo polínico.
Em média, são necessários cerca de 77 gramas de Boro por toneladas de grãos de soja produzidos (Embrapa Soja, 2008). Ainda que pareça uma quantidade um tanto quanto pequena, vale destacar que a concentração total de B em solos agricultáveis varia de 1 a 467 mg kg-1 (IPNI).
Em casos em que a disponibilidade do B é inferior a demanda da cultura (seja pelo baixo teor do nutriente no solo, ou pH inadequado do mesmo), sintomas de deficiência podem ser observados em soja. Os principais sintomas de deficiência de Boro observados em soja consistem na clorose internerval nas folhas jovens e pontas curvadas para baixo, morte dos ponteiros, inibição do florescimento e paralização do crescimento radicular (IPNI).
Figura 1. Sintomas de deficiência de boro em soja.

Assim como para os demais nutrientes, a deficiência de Boro pode limitar a produtividade da soja, sendo fundamental corrigir os teores do nutriente no solo quando necessário, para assegurar a boa produtividade da cultura. Além disso, conforme observado por Santini et al. (2015), a soja responde positivamente a adubação boratada (figura 2), sendo essa, uma ferramenta de manejo para aumentar a produtividade da cultura.
Figura 2. Produtividade de grãos de soja, submetida a doses de Boro (B), em sulco de semeadura.

Dentre as formas disponíveis e mais usuais dos fertilizantes boratados, as formas solúveis são geralmente preferidas, exceto se tratando de solos arenosos, nos quais, as formas menos solúveis são menos suscetíveis à lixiviação (IPNI).
Tabela 1. Formas mais comuns de fertilizantes contendo Boro (B).

Quando realizar a adubação boratada na soja?
Normalmente as recomendações de manejo sugerem que a adubação boratada seja realizada em V2 ou R2 (início do florescimento). Entretanto, em função da baixa dose do fertilizante, muitas vezes a aplicação do Boro é realizada na semeadura e/ou posteriormente via foliar em conjunto com a aplicação de defensivos agrícolas.
Contudo, analisando modos de aplicação de Boro na cultura da soja, Raimundi et al. (2013) observaram que estatisticamente, e a aplicação de Boro na base de semeadura e depois a lanço, é superior a aplicação apenas na base ou somente a lanço.
Os tratamentos analisados pelos autores consistiam na aplicação de Boro no sulco (base) de semeadura; sulco + a lanço no início do florescimento da soja e apenas a lanço no início do florescimento da cultura.
Tabela 2. Produtividade média de soja por tratamento.

Sobretudo, corroborando a resposta positiva da soja a adubação boratada, conforma demonstrado na tabela 2, ambos os tratamentos com o aporte de Boro apresentam produtividades superiores a testemunha, independente da forma de aplicação do nutriente. Vale destaca que a quantidade ofertada de Boro na adubação irá depender dos teores nutricionais no solo e requerimento da cultura, entretanto, em pós-emergência, quando aplicado em associação a herbicidas, não é aconselhado o uso de doses superiores a 400 g de B ha-1 (Oliveira Junior et al., 2020).
Veja mais: Boro pode ser aplicado junto a herbicidas na soja?
Referências:
EMBRAPA SOJA. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA – REGIÃO CENTRAL DO BRASIL 2009 E 2010. Embrapa Soja, Sistemas de Produção, 13, 2008. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/471536/1/Tecnol2009.pdf >, acesso em: 10/05/2023.
IPNI. BORO. IPNI, NUTRI-FATOS: INFORMAÇÃO AGRONÔMICA SOBRE NUTRIENTES PARA AS PLANTAS. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-7/$FILE/NutriFacts-BRASIL-7.pdf >, acesso em: 10/05/2023.
OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa, Tecnologias de Produção de Soja, cap. 7, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 10/05/2023.
RAIMUNDI, D. L. et al. MODOS DE APLICAÇÃO DE BORA NA CULTURA DA SOJA. Cultivando o Saber, Cascavel, 2013. Disponível em: < https://www.fag.edu.br/upload/revista/cultivando_o_saber/520180218f9c0.pdf >, acesso em: 10/05/2023.
SANTINI, J. M. K. et al. ADUBAÇAO BORATADA NA CULTURA DA SOJA EM ÁREA DE CERRADO. XXXV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2015. Disponível em: < https://www.sbcs.org.br/cbcs2015/arearestrita/arquivos/843.pdf >, acesso em: 10/05/2023.
TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Porto Alegre, ed. 6, 2017.