O mercado brasileiro de milho teve um mês de setembro de ritmo lento na comercialização, com ajustes regionais nos preços. Em praças em que a oferta da safrinha foi maior e o produtor mais presente na comercialização, as cotações foram mais pressionadas, enquanto em regiões em que o produtor segurou o milho e o comprador apareceu mais as cotações se sustentaram melhor.

Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, o mercado seguiu sua sazonalidade. “Agosto e setembro são meses de safrinha, quitação de dívidas e compra de insumos. A Ureia vem chamando a atenção com forte alta de preços e até sintomas de escassez. Os produtores tentam acelerar as vendas de milho para viabilizar a compra de insumos para a safrinha 22”, comenta. Por outro lado, os consumidores internos de milho aproveitam o momento para baixar os níveis de preços e testar o mercado em suas novas mínimas, salienta.

Em um mercado de preços altos históricos, este tipo de movimento é normal e sazonal, pondera Molinari. Mas ele adverte que há um risco de um novo surto de exportação. “A logística está com folgas para o último trimestre do ano e as tradings têm contratos de frete a cumprir e espaço nos portos. A semana apresentou grande volume de negócios no Mato Grosso, principalmente, para embarques neste período, navios novos para exportação”, observa o consultor.

Ele adverte para o risco da aproximação dos preços internos dos níveis de porto para exportação. Nesta semana, a pressão de venda em algumas localidades aumentou. Comenta que Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo registraram um quadro de maior interesse de venda pelo produtor e aceitando preços mais baixos. “Ou seja, é o produtor procurando liquidez de curto prazo. Isto ocorre, basicamente, pela sazonalidade dos vencimentos de dívidas, pelas compras de insumos para o verão ainda em alguns casos, mas também para a safrinha 2022”, avalia.

Molinari destaca que os preços da Ureia seguem em alta e os produtores estão com receio de escassez para o plantio da safrinha2022 e antecipam compras. “Para isso, vendem mais milho ou pagam as compras de fertilizantes com milho disponível. As revendas e cerealistas pressionam para repassar estes volumes ao mercado. Neste ponto, surge uma oferta inesperada e uma pressão de venda que aceita níveis mais baixos desde que encontre a liquidez para os negócios”, ressalta.

Neste quadro de maior oferta e com consumidores de mercado interno já posicionados em estoques ou procurando encontra um “fundo” para os preços neste momento, as tradings acusam dois movimentos bastante claros neste momento, diz o consultor. “O primeiro, que a posição de ‘washout’ acabou, pois, com porto a R$ 84/85 a saca e mercado interno tentando pagar R$ 90 CIF ou menos, a operação está inviabilizada. O segundo que há uma demanda global. A alta de preços na Argentina reestabelece uma melhor relação para o milho brasileiro com prêmios mais altos. Os prêmios no Brasil saltaram para US$ 150/170 cents sobre Chicago na semana”, aponta.

A safra de verão brasileira avança em plantio na região Sul, com bom andamento até agora, pelo menos até a metade do Paraná, descreve Molinari. No Centro-Oeste e Sudeste, as condições de plantio ainda são muito ruins e de risco. “As chuvas podem chegar neste mês de outubro nestas regiões e determinar o início de avanço do plantio do milho, principalmente no Sudeste. Mas, um plantio de outubro representará uma colheita se iniciando final de fevereiro ou março, ou seja, em meio à colheita da soja, alta de fretes e logística dominada. Já para a região Sul, colheitas em fevereiro e março devem ocorrer, mas com muita demanda sobre o milho novo”, conclui.

No mercado disponível ao produtor, o preço do milho em Campinas/CIF subiu na base de venda em setembro de R$ 93,00 a saca para R$ 94,50, alta de 1,6%. Na região Mogiana paulista, o cereal subiu no comparativo de R$ 90,00 para R$ 93,00 a saca, alta de 3,3%.

Em Cascavel, no Paraná, no comparativo mensal de setembro, o preço caiu de R$ 96,00 para R$ 94,00 a saca, declínio de 2,1%. Em Rondonópolis, Mato Grosso, a cotação passou de R$ 84,00 para R$ 80,00 a saca no balanço do mês, uma baixa de 4,8%. Já em Erechim, Rio Grande do Sul, houve baixa de 2,0%, com o preço passando de R$ 98,00 para R$ 96,00.

Em Uberlândia, Minas Gerais, as cotações do milho caíram no mês de R$ 96,00 para R$ 92,00 a saca na base de venda, recuo de 4,2%. Em Rio Verde, Goiás, o mercado baixou de R$ 90,00 para R$ 85,00 a saca, queda de 5,6%.

Fonte: Agência SAFRAS

Sipcam

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