Embora não seja considerado um nutriente essencial para o crescimento e desenvolvimento vegetal, o Silício (Si) desempenha importante papal na agricultura. Com a crescente dificuldade de controle e manejo de doenças fungicas é preciso buscar alternativas de controle de possibilitem maior sustentabilidade dos cultivos, e uma delas é o uso do Silício.

Seja via solo, solução nutritiva ou via foliar, estudos demonstram que o Silício possui elevado potencial para atuar como indutor de resistência a doenças, exercendo influência na redução da incidência de inúmeras doenças de importância econômica para a agricultura (Rodrigues et al., 2011). O Silício depositado como sílica amorfa em paredes celulares, contribui para as propriedades mecânicas das paredes celulares, incluindo rigidez e elasticidade (Taiz et al., 2017), ou seja, o Silício contribui para o aumento da resistência física das células da planta, aumentando a resistência a infecção por patógenos.

Diversos autores têm estudado o efeito do Silício na supressão de doenças em culturas agrícolas (Tabela 1), evidenciando a importante contribuição desse nutriente no manejo integrado de doenças.

Tabela 1. Efeito do Silício na supressão de doenças.

Fonte: Rodrigues et al. (2011)

A potencial ação do Silício em atuar na indução de resistência a doenças foi observada por Domiciano et al. (2010), avaliando o Silício no progresso da mancha marrom na folha bandeira do trigo. Os autores observaram que houve correlação negativa (r = -0,59) entre a concentração foliar de Si e a área abaixo da curva do progresso da mancha marrom (AACPMM) (Domiciano et al., 2010), resultando em efeito positivo do Si em aumentar a resistência da folha bandeira de plantas de trigo à infecção por B. sorokiniana, fato que segundo os autores, também contribuiu para uma maior produção de grãos dada à importância fisiológica da folha bandeira para a produtividade do trigo.



Figura 1. Severidade da mancha marrom nas folhas bandeira de plantas de trigo das cultivares BR-18 (A) e BRS-208 (B) supridas (+Si) ou não (-Si) com silício.

A diferença estatística, pelo teste t (P > 0,05), entre os tratamentos -Si e +Si para cada cultivar e época de avaliação está representada por um asterisco.
Fonte: Domiciano et al. (2010)

Os benefícios do silício no manejo de doenças do trigo também foram observados por Silva et al. (2016), que avaliando a indução de resistência a doenças em trigo adubado com Silício, observou redução de 2,5 vezes no número de espigas com brusone com a aplicação de 200 kg ha-1 de silício. Resultados positivos também foram encontrados por Pazdiora (2019) que observou que o fornecimento de Si reduziu em até 32% a severidade da Giberela no trigo. Em outras culturas agrícolas também são perceptíveis as contribuições da adição de Silício no manejo de doenças, refletindo em menor incidência de doenças (figura 2).



Figura 2. Desenvolvimento de sintomas de Brusone e folha de arroz com (acima) e sem (abaixo) adição de Silício.

Fonte: IPNI

Além de auxiliar no manejo de doenças, conforme destacado por Domiciano et al. (2010), o Silício pode contribuir para o aumento da produtividade de algumas culturas, exercendo influência direta na manutenção da sanidade das folhas, especialmente se tratando de culturas como o trigo, onde a folha bandeira é responsável por até 50% do carbono utilizado no enchimento de grãos e a elevada incidência de doenças pode causar perdas significativas na produtividade da cultura.


Veja mais: Indutores de resistência no controle de doenças


Referências:

DOMICIANO, G. P. et al. SILÍCIO NO PROGRESSO DA MANCHA MARROM NA FOLHA BANDEIRA DO TRIGO. Tropical Plant Pathology 35 (3), 2010. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/tpp/a/ZYtGwjLBdrQ6nQSPcJQp4Ds/?lang=pt >, acesso em: 12/07/2021.

IPNI. NUTRI-FATOS, INFORMAÇÃO AGRONÔMICA SOBRE NUTRIENTES PARA AS PLANTAS: SILÍCIO, n. 14. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-18/$FILE/NutriFacts-BRASIL-18.pdf >, acesso em: 12/07/2021.

PAZDIORA, P. C. SILÍCIO, RESISTÊNCIA PARCIAL E FUNGICIDA NO MANEJO DA GIBERELA DO TRIGO. Tese de Doutora, Universidade Federal de Pelotas, 2019. Disponível em: < https://wp.ufpel.edu.br/ppgfs/files/2021/05/Tese-Paulo-Cesar-Pazdiora.pdf >, acesso em: 12/07/2021.

RODRIGUES, F. A. et al. SILÍCIO: UM ELEMENTO BENÉFICO E IMPORTANTE PARA AS PLANTAS. IPNI, Informações Agronômicas, n. 134, 2011. Disponível em: < http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/66D3EE234A3DA5CD83257A8F005E858A/$FILE/Page14-20-134.pdf >, acesso em: 12/07/2021.

SILVA, C. E. et al. INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA À DOENÇAS EM TRIGO ADUBADO COM SILÍCIO. VI Seminário de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica – VI SIN IFTM Paracatu, MG, 2016. Disponível em: < https://iftm.edu.br/ERP/MPES/EVENTOS/arquivos/090516105918_resumo_carlos_eduardo_pivic_iftm_sin_2016_(1).pdf >, acesso em: 12/07/2021.

TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Porto Alegre, 2017.

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