O controle de plantas daninhas é uma prática indispensável no cultivo da soja. Através da matocompetição plantas daninhas como a Buva (Conyza spp.) podem ocasionar perdas de produtividade significativas na soja.
Sendo assim, evitar a matocompetição é fundamental para a obtenção de boas produtividades e o emprego de herbicidas é a forma mais usual de promover o controle de plantas daninhas. Entretanto, o banimento do Paraquate com data definida para 22 de setembro de 2020 e a dificuldade de controle da Buva devido sua resistência a diferentes herbicidas, a busca por alternativas de produtos que possibilitem o controle eficiente dessa planta daninha é indispensável para evitar a matocompetição e aumentar a sustentabilidade do cultivo.
Em vídeo o Professor da Universidade Federal do Paraná e supervisor do grupo Supra Pesquisa Alfredo Albrecht destaca que a Buva apresenta resistência ao glifosato, clorimuron, paraquate e ao 2,4-D o que torna seu controle dificultoso, sendo necessário trabalhar com diferentes mecanismos de ação visando um controle eficiente da planta daninha. Para tanto, é necessário conhecer os sintomas ocasionados pelos herbicidas na planta de buva, visando identificar possíveis casos de rebrote ou até mesmo a ineficiência do produto no controle da planta daninha.
Alfredo demonstra resultados de pesquisa quando utilizados diferentes produtos e associação de produtos no controle da Buva, sendo que as plantas maiores apresentam mais de 80 após a semeadura, já as plantas menores estão próximas aos 30 dias após a semeadura. As plantas de buva semeadas foram anteriormente selecionadas, englobando as resistências citadas anteriormente.
O primeiro par de vasos (figura 1 – A), corresponde a testemunha, a qual não recebeu aplicação de nenhum herbicida para o controle da buva. No segundo par de vasos (figura 1 – B), o qual recebeu aplicação de Paraquate, Alfredo destaca que são observados apenas sintomas leves, demonstrando a resistência da planta daninha ao herbicida, assim como as plantas do terceiro par de vasos (figura 1 – C), nos quais foram aplicados Diquat. Alfredo enfatiza que as plantas apresentaram sintomas mais pronunciados em comparação as plantas que receberam a aplicação do Paraquate, entretanto, o herbicida não se mostrou eficiente no controla da planta daninha, destacando a resistência da buva ao Diquat, assim como para o Paraquate.
Figura 1. Plantas de buva aos 80 e 30 dias após a semeadura, sob aplicação de diferentes herbicidas aos 14 dias após a aplicação. A – testemunha, B – Paraquate, C – Diquat.
No primeiro par de vasos da figura 2, (figura 2 – A), Alfredo demonstra os resultados da aplicação da associação dos herbicidas Saflufenacil + Glufosinato e destaca que esses produtos podem ser alternativa para a substituição do Paraquate no controle da buva resistente. Além disso o professor comenta que essa associação de herbicidas pode ser uma alternativa para áreas com restrição ao uso de herbicidas auxínicos, tais como áreas próximas a videiras e outras culturas sensíveis.
Na figura 2 – B, Alfredo demostra o resultado da aplicação da associação entre Glifosato + 2,4-D, destacando sintomas como a rápida necrose (queima das folhas) seguida pelo rebrote da planta, não resultando em um controle eficiente da planta daninha (figura 2 – B).
Já quando é realizada a aplicação de um outro auxínico em associação com o Glifosato (Glifosato + Dicamba), Alfredo destaca que é possível observar sintomas típicos como o encarquilhamento da planta, entretanto sem sinais de rebrote, o que possivelmente irá resultar na morte das plantas (figura 2 – C).
Figura 2. Plantas de buva aos 80 e 30 dias após a semeadura, sob aplicação de diferentes herbicidas aos 14 dias após a aplicação. A – Saflufenacil + Glufosinato, B – Glifosato + 2,4-D, C – Glifosato + Dicamba.
Albrecht também demonstra os resultados de algumas associações de herbicidas utilizadas no controle de plantas daninhas que apresentam potencial uso no controle da Buva. Uma delas é a associação entre Glifosato + 2,4-D + Saflufenacil que demonstra controle eficiente das plantas de Buva pequenas, mas quando observados os sintomas nas plantas maiores é possível notar a rápida necrose decorrente do uso do 2,4-D, entretanto o caule da planta continua verde e embora não tenha iniciado o processo de rebrote “possivelmente ira iniciar”. Sendo assim para o controle da Buva em estádios mais avançados do seu desenvolvimento essa associação pode não ser a melhor opção (figura 3 – A).
Já nas figuras 3 – B e 3 – C é possível observar os sintomas ocasionados pela associação entre Glifosato + Dicamba + Saflufenacil e Glifosato + Triclopir + Saflufenacil respectivamente. A não ocorrência da rápida necrose possibilita que os herbicidas da associação desempenhem sua função no controle da planta daninha, resultando em um controle eficiente da buva, sendo uma ferramenta alternativa para o controle dessa planta daninha.
Figura 3: Plantas de buva aos 80 e 30 dias após a semeadura, sob aplicação de diferentes herbicidas aos 14 dias após a aplicação. A – Glifosato + 2,4-D + Saflufenacil, B – Glifosato + Dicamba + Saflufenacil, C – Glifosato + Triclopir + Saflufenacil.
Confira o vídeo abaixo com as dicas do professor Alfredo Albrecht.