Os preços continuam exatamente no canal de baixa que estamos indicando há três meses e meio
Desde 19 de julho que estamos alertando o mercado brasileiro de soja sobre a possibilidade de (forte) queda das cotações e do preço no Brasil. De lá para cá os preços do mercado físico já recuaram 2,64% ou R$ 4,00/saca, no Rio Grande do Sul e Paraná, 5% no Mato Grosso do Sul e 3,82% em Minas Gerais. Parece pouco, mas, neste tempo, os insumos subiram 25,46%. Então, a lucratividade não evoluiu neste período, ao contrário, recuou muito.
Quem seguiu nossa recomendação em julho está recebendo hoje R$ 176,94/saca
Por outro lado, quem seguiu as nossas recomendações na época e fixou preços em Chicago, ganhou US$ 66,50/tonelada, que é a diferença entre a cotação de $1391,76 daquele dia e o fechamento desta sexta-feira, de $ 1192,25, ou R$ 21,94/saca, isto é, ao invés de estar vendendo hoje ao redor de R$ 155,00, está recebendo R$ 176,94/saca, em qualquer lugar do Brasil.
Os preços tem alguma chance de voltarem a subir?
Para a safra 2021/22, não há nada no horizonte que nos faça sequer pensar em nova alta dos preços, nem Chicago, nem dólar, a curto ou médio prazos. A única possibilidade seria algum fator totalmente imprevisível hoje, como uma nova onda da pandemia, ou um fato político muito grave e inesperado.
FATORES DE ALTA
*Possibilidade de redução da entrega de fertilizantes: mas não é para a safra 2021/22, porque os insumos desta safra já estão comprados e entregues, mas só para 2023/24;
*O relatório semanal do CoT mostrou que os Fundos acrescentaram 18.770 contratos comprados líquidos em soja desde 2/11, com novas compras líquidas ao longo da semana e aumentou sua posição comprada líquida para 42.681 contratos.
FATORES DE BAIXA
*Aumento da safra e dos estoques finais nos EUA: Em média, analistas apontam para 122 milhões de tons, contra 121,06 MT do relatório de outubro do USDA. Enquanto isso, em termos de estoque final, estima-se que se aproximem de 10 milhões de tons, contra 8,71 MT do relatório de outubro do USDA. Por outro lado, destaca-se um novo levantamento da Reuters que apontava para uma produção recorde no Brasil de 143,9 milhões tons, contra 144,0 MT do USDA de outubro. Sempre comentamos que o aumento dos estoques finais nos EUA iria fazer os preços voltarem ao seu leito natural, de $ 10,50/bushel. Ainda não chegaram lá porque os estoques também não chegaram no seu nível normal, em torno de 15,5 milhões de toneladas, estando hoje previstos em 10,0 MT;
*Clima favorável no Brasil e uma previsão de safra de 144MT, contra 137MT produzidas na safra anterior. Também a previsão da produção mundial é de 385,14 MT, contra 365,24 MT produzidas na safra anterior, com um aumento da oferta mundial em torno de 19,9 milhões de toneladas. Por outro lado, o aumento da demanda, previsto pelo USDA em outubro último, foi de apenas 2,62 milhões de toneladas, aumentando os estoques finais globais de 99,16 MT para 104,17 MT.
*Dólar em queda: a primeira semana de novembro fechou em queda 2,19%, após encerrar outubro em alta 3,67%. Em setembro, a moeda já havia se valorizado 5,30%. No acumulado do ano, o dólar registra avanço de 6,44%. Mas, atualmente o viés a de baixa. À medida que são feitos acertos políticos em torno do teto fiscal, o dólar desacelera, embora não se resolva completamente a questão (por isto o dólar está bem acima do que os seus fundamentos indicam, que seria algo ao redor de R$ 4,85).
CONCLUSÕES
Nossa recomendação é vender o que ainda resta da safra 2021/22 e fixar preços o mercado futuro de Chicago para a safra 2022/23. Nunca recomendamos vender no físico, para não ter os problemas de entrega, caso haja alguma deficiência de qualidade, como alertado pela APROSOJA. Aliás estes problemas entre os agricultores e as Tradings não existiriam se, ao invés de vender no mercado físico, os agricultores apenas fixassem preço em Chicago, sem comprometer nada do físico. Depois da colheita, você só vai fazer a entrega do físico que vendeu em Chicago, se ele estiver em boas condições; se não, basta recomprar de volta seu contrato em Chicago e botar o lucro no bolso. Não sabe como fazer isto? Inscreva-se em nosso Curso de Comercialização de Grãos de um ano inteiro, o único no Brasil, com todos os detalhes para obter e manter alta lucratividade.
Fonte: T&F Agroeconômica