As cotações da soja, neste início de março, se mostraram um pouco mais elevadas, com o fechamento da quinta-feira (07) ficando em US$ 11,57/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 11,28 uma semana antes.

Este comportamento esteve ligado à expectativa do relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 08/03, o qual iremos comentar no próximo boletim.

Lembrando ainda que os relatórios mais importantes virão no dia 28/03, com a divulgação da intenção de plantio da safra de verão nos EUA e dos estoquesa trimestrais na posição 1º de março.

MÉDIA MENSAL

Pelo terceiro mês consecutivo a média mensal da cotação, relativa ao primeiro mês cotado em Chicago, ficou negativa em fevereiro. O bushel de soja perdeu 5% em fevereiro em relação a janeiro, sendo que no período dezembro/23-fevereiro/24, em termos médios, o bushel perdeu um pouco mais de 13% de seu valor.

Neste período, o farelo de soja perdeu 20,5% de seu valor naquela Bolsa, enquanto o óleo de soja assistiu a um recuo mais intenso e longo. Desde agosto passado a média mensal de sua cotação é negativa, sendo que no período agosto/23-fevereiro/24 o valor da librapeso do óleo recuou 32,9%.

Dito isso, na semana encerrada em 29/02 os embarques estadunidenses de soja atingiram a 1,0 milhão de toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado. Com isso, as exportações totais atingem a 34,2 milhões de toneladas no atual ano comercial, ficando 20% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior.

Enquanto isso, na China as importações de soja foram as mais baixas dos últimos cinco anos nos dois primeiros meses de 2024. O total, no período, chegou a 13,04 milhões de toneladas, com recuo de 8,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, os chineses revisaram para baixo o volume importado nos dois primeiros meses de 2023. O volume final, agora, ficou em 14,3 milhões de toneladas, com um recuo de quase 2 milhões em relação ao inicialmente publicado.

Um dos motivos do recuo nas compras de soja está no fato de que as fábricas chinesas de ração reduziram o uso de farelo nas mesmas. Mas os baixos preços deste derivado, no mercado internacional, tendem a reverter esta situação logo adiante. Todavia, “a demanda chinesa de soja para ração animal pode ser atingida este ano por novas regulamentações para controlar a capacidade de produção de suínos do país, depois que uma expansão agressiva das fazendas levou a um excesso de oferta de suínos e a perdas crescentes.

A China reduziu a meta nacional de retenção normal de matrizes suínas de 41 para 39 milhões de animais, em uma medida que, segundo analistas, poderá reduzir o tamanho do maior rebanho suíno do mundo em pelo menos 22 milhões de cabeças”.

E no Brasil, sem modificações importantes no câmbio (R$ 4,94 em boa parte da semana) e nos prêmios, os preços da soja estabilizaram, mantendo o viés de baixa. A média gaúcha fechou a semana em R$ 108,28/saco, sendo que as principais praças operaram com R$ 107,00/saco.

No restante do país, os preços oscilaram entre R$ 98,00 e R$ 102,50/saco em termos médios, sendo que no Mato Grosso, por exemplo, os preços oscilam entre R$ 80,00 e R$ 105,00/saco, conforme a Aprosoja. Na medida em que a colheita vai avançando os preços ficam ainda mais pressionados.

Neste sentido, a área total colhida com soja no Brasil, na atual safra, atinge a 48% no dia 29/02. No Mato Grosso a colheita atingia a 84,7% da área, no Rio Grande do Sul a mesma ainda não começou, e no Paraná 64% em 05/03. (cf. Imea, Emater e Deral)

Por sua vez, as controvérsias quanto à produção final de soja brasileira nesta safra continuam. O consenso é de que a mesma será entre 17 a 20 milhões de toneladas menor do que o esperado, com as diferentes consultorias e órgãos públicos avançando volumes entre 143,9 milhões (AgResource) e 153,8 milhões de toneladas (cf. Abiove).

Mesmo assim, a safra será a segunda maior da história, perdendo apenas para a safra do ano anterior, quando alcançou 162 milhões de toneladas (cf. USDA), lembrando que a Conab estabeleceu a safra passada em 154,6 milhões de toneladas.

EXPORTAÇÕES

Por outro lado, a projeção de exportações de soja e consumo interno, para este ano 2023/24 no Brasil, estão em 93 e 57,5 milhões de toneladas, respectivamente, contra 101,9 milhões e 55 milhões no ano anterior. Com isso, os estoques finais de soja no Brasil deverão fechar o corrente ano em 3,25 milhões de toneladas, contra 1,9 milhão no ano anterior. (cf. StoneX)

RIO GRANDE DO SUL

Já no Rio Grande do Sul, a Emater estima a safra gaúcha, mesmo com algumas dificuldades climáticas, em 22,2 milhões de toneladas. Isso representa 71,5% acima da frustrada safra anterior, sendo um recorde histórico. A colheita, que normalmente já deveria estar em 2% no Estado, obviamente está atrasada neste ano devido as dificuldades no plantio. Com esta produção, o Rio Grande do Sul será o segundo produtor nacional neste ano, superando o Paraná, que enfrentou problemas climáticos e sua produção final está estimada em 18,2 milhões de toneladas.

MATO GROSSO

E no Mato Grosso, a produção final deverá ficar em 38,4 milhões de toneladas, com recuo de 15,7% em relação ao ano anterior. (cf. Imea) Enfim, a exportação brasileira de soja, em fevereiro, deverá ficar em 12,8 milhões de toneladas, com recuo de 11,3% em relação a março de 2023. Com isso, o primeiro trimestre do ano poderá registrar vendas de 24,7 milhões de toneladas da oleaginosa.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



FONTE

Autor:Dr. Argemiro Luís Brum

Site: Ceema UNIJUÍ

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