As condições climáticas, especialmente com relação a disponibilidade hídrica tem prejudicado o crescimento e desenvolvimento das lavouras de verão no Rio Grande do Sul. Impulsionada pelo efeito do fenômeno La Niña, a baixa disponibilidade hídrica tem limitado o crescimento e desenvolvimento das culturas de verão, especialmente, as produtoras de grãos como soja e milho.

Anomalias negativas, indicando o baixo volume de chuvas em comparação a média história tem se tornado frequentes em prognósticos climáticos, sendo possível observar discrepante volume precipitado em relação a média histórica.

Figura 1. Anomalia de precipitação – Janeiro de 2023.

Fonte: INMET (2023)

Figura 2. Acumulado de precipitação – Janeiro de 2023.

Fonte: INMET (2023)

Em um estado onde normalmente as observações de clima indicam precipitações ao longo do verão variando entre 350 mm a 550 mm (figura 3), infelizmente a ausência de chuvas é cada vez mais comum no cotidiano gaúcho, tendo como resultando a baixa disponibilidade hídrica.

Figura 3. Precipitação acumulada ao longo do verão para diferentes regiões do Rio Grande do Sul (variável climatológica).

Fonte: Atlas Climático do Rio Grande do Sul

Agravando a situação, as poucas chuvas que ocorrem no RS, normalmente vem acompanhadas da má distribuição, havendo significativa discrepância entre volumes precipitados entre regiões de cultivo, como é o caso do observado de 1° de novembro de 2022 até 14 de fevereiro de 2023 para as regiões de Santa Rosa, Soledade, Santa Maria, Ibirubá, Santiago e Bagé (figuras 4 e 5).

Figura 4. Precipitações observadas de 01/11/2022 a 14/02/2023 para Santa Rosa, Soledade, Santa Maria, Ibirubá.

Fonte: INMET (2023)

Figura 5. Precipitações observadas de 01/11/2022 a 14/02/2023 para Santiago e Bagé.

Fonte: INMET (2023)

Os danos da restrição hídrica se acentuam em diversas regiões. As lavouras mais afetadas são as que foram semeadas no início do período ideal de plantio (Conab, 2023). Quando analisados os volumes acumulados de precipitação para as regiões citadas anteriormente, observa-se que em poucos casos o volume de chuvas para o mês superou os 100 mm.



Figura 6. Volume de chuva acumulado para os meses de Novembro e Dezembro de 2022, e para Janeiro e Fevereiro de 2023  (até dia 15/02), para os municípios de Santa Rosa, Soledade, Santa Maria, Ibirubá, Santiago e Bagé

Fonte: INMET (2023)

Embora possa haver variações dependendo da cultivar, tendo em vista que a necessidade hídrica da soja varia entre 450 mm e 800 mm durante seu ciclo conforme destacado por Neumaier et al. (2020), e considerando que segundo a Conab, maioria das lavouras do RS encontram-se em período reprodutivo da cultura, onde há maior exigência hídrica, existe um grande risco de baixas produtividades serem obtidas em função da limitação hídrica.

Figura 7. Volume acumulado de chuvas para Santa Rosa, Soledade, Santa Maria, Ibirubá, Santiago e Bagé, em relação a necessidade hídrica da soja para boas produtividades (considerando o mínimo de 450 mm/ciclo). Volumes de chuvas referentes a 01/11/2022 até 14/02/2023.

Fonte: INMET (2023); Neumaier et al. (2020)

Estimativas já indicam a redução acentuada da produtividade da soja gaúcha em comparação às demais regiões produtoras do Brasil (figura 8), demonstrando o impacto do severo déficit hídrico vivenciado pelos agricultores do RS na safra 2022/23. Ainda que um ganho de safra seja esperado em relação à safra passada (onde a quebra de produtividade no estado chegou a 60% no caso da soja), vale lembrar que na safra 2021/22 as condições climáticas no RS foram tão severas quando as da presente safra. Infelizmente, mesmo em um cenário otimista, é possível esperar que baixas produtividades sejam obtidas nas lavouras gaúchas.

Figura 8. Estimativa da produtividade média da soja safra 2022/23, Rally da Safra.

Referências:

ATLAS CLIMÁTICO: RIO GRANDE DO SUL. Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em: < https://www.agricultura.rs.gov.br/upload/arquivos/202005/13110034-atlas-climatico-rs.pdf >, acesso em: 15/02/2023.

CONAB. PROGRESSO DE SAFRA: MONITORAMENTO DAS CONDIÇÕES DAS LAVOURAS. Companhia Nacional de Abastecimento, 2023. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/progresso-de-safra/item/download/46423_5884e1086fa23520a0d9a8fbadf38d8e >, acesso em: 15/02/2023.

INMET. ESTAÇÕES AUTOMÁTICAS. Instituto Nacional de Meteorologia: Ministério da Agricultura e Pecuária, 2023. Disponível em: < https://portal.inmet.gov.br/servicos/esta%C3%A7%C3%B5es-autom%C3%A1ticas >, acesso em: 15/02/2023.

NEUMAIER, N. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA. Embrapa, Tecnologias para a Produção de Soja, cap. 2, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 15/02/2023.

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