As cotações da soja, em Chicago, recuaram nesta semana, após ensaiarem um movimento de alta. Com o feriado de Ação de Graças nos EUA, desta quinta-feira (23), o fechamento, para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 13,56/bushel na véspera, contra US$ 13,85 uma semana antes.

O mercado continua atento ao clima na América do Sul e ao atraso no plantio brasileiro em particular. Isso porque a colheita da soja, nos EUA, se encerrou em meados deste mês de novembro.

Dito isso, aqui no Brasil os preços se mantiveram firmes e com viés de alta. A média gaúcha fechou a semana em R$ 140,18/saco, valor que não era praticado por aqui desde meados de abril passado. Nas demais praças nacionais os valores da soja oscilaram entre R$ 117,00 e R$ 130,50/saco.

Em tal contexto, o plantio da nova safra brasileira de soja chegava a 68% até o dia 16/11. O atraso no mesmo ainda existe, porém, aos poucos o processo vai avançando. Atualmente há fortes preocupações no Mato Grosso, principal produtor nacional. A tal ponto que, no atual momento, “os produtores das áreas mais afetadas se dividem entre replantar, deixar a soja do jeito que está para ver se ela se recupera pelo menos parcialmente, ou abandonar parte das lavouras e partir direto para o plantio da segunda safra no início de 2024.” O replantio também é uma possibilidade em áreas de Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais caso as chuvas não melhorem nos próximos dias.(cf. AgRural)

Mais ao Sul do país, mesmo com o excesso de chuvas e inundações, o plantio também avança, embora atrasado. No Paraná, o mesmo atingia a 93% da área esperada no final da semana passada. As condições das lavouras eram de 87% entre boas a excelentes, 11% regulares e apenas 2% ruins. (cf. Deral) Assim, a safra de soja no Paraná está dentro da normalidade, com o Estado aguardando uma colheita de 21,9 milhões de toneladas.

Efetivamente, o risco de perdas no potencial produtivo da soja, em muitos locais brasileiros, é uma realidade, porém, ainda os mais otimistas esperam uma safra fina  ao redor de 161,6 milhões de toneladas em 2023/24, contra uma expectativa inicial de 169 milhões de toneladas (cf. Agroconsult), pois haveria um pequeno aumento na áreasemeada (2,9% sobre 2022, elevando a mesma para 45,7 milhões de hectares). Aliás,a ABIOVE ainda projeta 164,7 milhões de toneladas para a futura safra, contra 157,7 milhões colhidas na última. Mas provavelmente a ABIOVE revisará para baixo esta estimativa no seu próximo relatório, em dezembro. Dito isso, há outros analistas já calculando uma safra final abaixo das 160 milhões de toneladas e próxima do volume colhido em 2022/23.

Enquanto isso, no Mato Grosso do Sul o plantio chegava a 84,8%, contra 90,8% para a média histórica neste momento. A falta de chuvas é o motivo do atraso. Por enquanto, estima-se um aumento de 6,5% na área plantada com soja no Estado e uma produção final de 13,8 milhões de toneladas, com produtividade média de 54 sacos/hectare. Das lavouras semeadas, 98,5% estavam em boas condições. (cf. Famasul)

Em tal contexto, é possível que as exportações de soja recuem em 2024, ficando em 100,9 milhões de toneladas, após um volume recorde esperado de 101,1 milhões em 2023.

Para a safra total da América do Sul (Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai) espera-se um volume de 228,6 milhões de toneladas em 2023/24, contra 193,7 milhões no ano anterior. Isso se deve, especialmente, à recuperação esperada da produção da Argentina.(cf. Agroconsult)

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).

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