O primeiro mês do ano de 2020 foi marcado pela irregularidade na distribuição das chuvas no estado do Rio Grande do Sul e, segundo a meteorologista Jossana Cera, do Instituto Riograndense do arroz (IRGA), essa situação de precipitação abaixo da média deve-se manter até o mês de março. O cultivo da soja em áreas de várzea tem aumentado nos últimos anos como alternativa de rotação com a cultura do arroz irrigado, cenário em que o estresse hídrico é um cenário preocupante.

A maioria desses solos são naturalmente mal drenados, como a classe dos Planossolos, característica acentuada devido ao manejo utilizado na cultura do arroz, resultando em uma camada subsuperficial compactada que limita a permeabilidade, podendo ocasionar períodos de estresse hídrico, sejam eles por excesso ou déficit hídrico. Essa última situação é a que tem ocorrido na safra em andamento.

Atuação da haste sulcadora em camada compacta em lavoura de soja, no município de Agudo/RS. DONATO, G. 2019.

Nesse sentido, desenvolver práticas que busquem minimizar os períodos de estresse hídrico para plantas de soja nessas áreas é de suma importância para garantir a viabilidade da cultura. Para isso, pode-se buscar a melhoria das características físicas do solo em locais em que existe compactação por meio de preparo antecipado do solo e sistemas de implantação que são definitivos para o estabelecimento da cultura.

A escarificação do solo e a utilização da haste sulcadora na semeadora são alternativas técnicas que aumentam a macroporosidade e a porosidade total, além de reduzir a densidade média total. Essas variáveis estão relacionadas à melhoria nas características físicas do solo, facilitando a drenagem e aumentando a permeabilidade do solo à água em períodos de excesso hídrico, levando as plantas a explorarem melhor o perfil em profundidade.

Outro sistema de implantação é a utilização de disco duplo e disco ondulado, que apresenta maior rendimento operacional. Entretanto, por não explorarem o solo em profundidade, rompendo a compactação que se encontra em média entre 7-17cm, esses dois mecanismos não possibilitam melhoria da qualidade física do solo, como os citados anteriormente.

Segundo Sartori et al. (2015) o sistema com escarificação do solo, proporcionou rendimento 26% superior ao do sistema com disco duplo e a haste 15%, sendo possível verificar a importância de trabalhar com a melhoria das características físicas destes solos.

No entanto, é importante salientar que, por mais que esses sistemas possam vir a apresentar incremento no rendimento de grãos de soja, as intervenções mecânicas citadas só devem ser realizadas havendo compactação que limite o desenvolvimento desta cultura. Por esse motivo é importante consultar um Engenheiro Agrônomo para diagnosticar adequadamente situações de compactação, pois muitas vezes o principal fator limitante da produtividade pode ser outro. Sendo utilizados de maneira correta esses mecanismos poderão contribuir no desenvolvimento da soja em anos de estresse hídrico.

Referências:

Cera, J. “Chuvas abaixo da média até março no RS”. Disponível em: <https://irga.rs.gov.br/chuvas-abaixo-da-media-ate-marco-no-rs>.Acesso em 26 de janeiro de 2019.

Sartori, G.M.S. et al. Rendimento de grãos de soja em função de sistemas de plantio e irrigação por superfície em Planossolos”. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.50, n.12, p.1139-1149, dez. 2015.

Autor:  Mariana Miranda Wruck – Acadêmica do 6º semestre de Agronomia – Bolsista do grupo PET Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria – UFSM

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