Atualmente, os enfezamentos que acometem o milho são responsáveis por grande parte das reduções de produtividade observadas na cultura. Os principais enfezamentos observados são o enfezamento-vermelho e o enfezamento-pálido. Os enfezamentos são doenças causadas pela infecção da planta de milho por microrganismos denominados molicutes, que são um espiroplasma (Spiroplasma kunkelii) e um fitoplasma (Maize bushy stunt). O enfezamento-pálido é causado por espiroplasmas e o enfezamento-vermelho é causado por fitoplasmas (Embrapa).

Embora sejam doenças conhecidas, a forma de transmissão dos enfezamentos para o milho torna seu manejo extremamente complexo. Os Enfezamentos são transmitidos por vetores, sendo a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) o mais conhecido, e tido como o único vetor dos enfezamentos até então no Brasil.

Contudo, um estudo recente desenvolvido por Ferreira e colaboradores (2023) identificou uma nova espécie de cigarrinha do milho no Brasil, com capacidade em transmitir fitoplasmas. Trata-se da espécie Leptodelphax maculigera (Stål, 1859), uma espécie africana, com ocorrência registrada nas Ilhas Mascarenhas, Costa do Marfim, Madagascar, Quênia e Camarões.

Figura 1. Cigarrinha Leptodelphax maculigera (Stål, 1859).

Até o presente momento, a cigarrinha Leptodelphax maculigera não havia sido relatada no Brasil, não sendo registrada em território nacional pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Os insetos foram observados no Estado de Goiás, nas culturas do milho, capim-elefante, braquiária e em plantas voluntárias de milho em meio a cultura do feijão (Ferreira et al., 2023).

Levando em consideração que o milho é considerado a única espécie hospedeira da cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), o que facilita o manejo e controle do vetor pela eliminação de plantas espontâneas de milho, a ocorrência de uma nova espécie de cigarrinha capaz de transmitir os enfezamentos para o milho, e que pode se hospedar em outras espécies vegetais, torna preocupante o manejo fitossanitário da cultura.

Figura 2. Adulto de Leptodelphax maculigera em capim-elefante.

Fonte: Ferreira et al. (2023)

Sendo assim, algumas estratégias de manejo necessitam se adotadas a fim de reduzir as interferências na produtividade do milho, começando por conhecer a “nova” praga. A cigarrinha Leptodelphax maculigera apresenta características visualmente similares a cigarrinha (Dalbulus maidis), o que dificulta a identificação da praga a nível de campo quando não se tem efeito comparativo entre ambas as espécies.

Ferreira et al. (2023) destacam ser possível que a cigarrinha Leptodelphax maculigera já dividisse espaço nas últimas safras, entretanto, ainda sem conhecimento da espécie africana no país, a identificação dela pode ter sido prejudicada.

Figura 3. Comparação de Dalbulus maidis adulto com Leptodelphax maculigera.

Fonte: Ferreira et al. (2023)

Algumas características podem distinguir o adulto da cigarrinha Leptodelphax maculigera da tradicional cigarrinha Dalbulus maidis, entretanto, não havendo meios de comparação, a identificação da praga pode se tornar extremamente difícil a nível de campo. Como medida mais eficaz de controle dos enfezamentos, a eliminação dos vetores é fundamental para evitar o desenvolvimento dessas doenças em milho, especialmente durante o período mais sensível da cultura, onde maiores danos são observados.

Por se tratar de uma praga nova no Brasil, ainda é necessário coletar maiores informações sobre a cigarrinha Leptodelphax maculigera para adotar medidas de manejo que efetivamente possam contribuir para o controle dos enfezamentos. Dúvidas como relação a capacidade da praga em se multiplicar, quais plantas são hospedeiras, quais enfezamentos são transmitidos, estratégias de controle e como proceder, tem si tornado frequentes frente a descoberta da nova praga.



Visando elucidas essas dúvidas, e conhecer a “nova” cigarrinha do milho, a equipe +Soja preparou para você uma noite com um dos principais pesquisadores da área, focando exclusivamente na cigarrinha Leptodelphax maculigera. Um conteúdo exclusivo, que pode proporcionar a você o diferencial para manejar de foram eficiente essa praga, reduzindo as perdas de produtividade no milho.

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Referências:

EMBRAPA. ENFEZAMENTOS POR MOLICUTES E CIGARRINHA NO MILHO. Embrapa. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/controle-da-cigarrinha-do-milho >, acesso em: 29/05/2023.

FERREIRA, K. R. et al. FIRST RECORD OF THE AFRICAN SPECIES Leptodelphax maculigera (Stål, 1859) (Hemiptera: Delphacidae) IN BRAZIL. Research Square, 2023. Disponível em: < https://www.researchsquare.com/article/rs-2818951/v1 >, acesso em: 29/05/2023.

Imagem de capa: Ferreira et al. (2023).

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