A ocorrência de períodos secos e ensolarados, ainda que breves, favoreceu o progresso da colheita das lavouras, cujos grãos apresentavam condições físicas e sanitárias relativamente melhores, apesar do longo período de maturação a campo. Em determinadas regiões do Estado, incluindo Noroeste, Alto Uruguai, Nordeste e parte do Planalto, a operação foi concluída. Nas regiões Sul e Campanha, apesar do progresso, ainda restam muitas lavouras a serem colhidas, resultando em elevadas perdas de produção e econômicas. Na ponderação estadual, estima-se que 96% das áreas foram colhidas.

As lavouras em colheita apresentaram perdas crescentes devido à debulha natural, aos grãos germinados e avariados e às falhas na trilha, causadas pelo excesso de umidade. Destaca-se, de forma geral, a perda expressiva de qualidade dos grãos.

Até o início das intensas precipitações, ocorridas após 29/04, as produtividades obtidas eram consideradas muito satisfatórias, atingindo picos de 5.400 kg/ha e produção mediana pouco acima de 3.300 kg/ha. Entretanto, em função da impossibilidade de colheita imediata das lavouras maduras e da continuidade nas em maturação, a perspectiva para as áreas remanescentes, que representam aproximadamente 24% do total, foi abruptamente alterada, impactando negativamente tanto a produção quanto a produtividade.

Destaca-se que o fenômeno deverá repercutir na redução da safra estadual. A estimativa, realizada em novembro de 2023 pela Emater/RS-Ascar, indicava produção de 22.246.630 toneladas em área de 6.681.716 hectares, com produtividade de 3.329 kg/ha. A área afetada pelo evento climático está estimada em 1.490.505 hectares, e as perdas de produção são de 2.714.151 toneladas. A nova estimativa de produção estadual, descontando as perdas levantadas, deverá totalizar 19.532.479 toneladas, e a produtividade deve ser reduzida para 2.923 kg/ha.

Após a retirada da soja, parte dos produtores está realizando reparos em inúmeros locais onde ocorreu erosão do solo e buscando recuperar parte da fertilidade com a adição de corretivos de acidez e de nutrientes.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a colheita avançou significativamente. Durante os momentos ensolarados, os produtores conseguiram acessar as lavouras para realizar a colheita, mas ainda enfrentaram imensas dificuldades devido à alta umidade do solo e dos grãos, além da presença de grãos avariados, que causam o embuchamento das máquinas colhedoras. Em Rosário do Sul, a colheita alcançou 95%; em Dom Pedrito, 76%; e em Candiota e Hulha Negra, 70%. Diversas cerealistas próximas a Bagé estão rejeitando cargas de soja com umidade acima de 25%, deixando os produtores sem opções para o depósito da safra.

Na Fronteira Oeste, em São Borja e Maçambará, a colheita está próxima da conclusão. No entanto, as cargas entregues em unidades de armazenamento apresentam altos percentuais de impurezas, e a porcentagem de grãos avariados cresce a cada semana, considerando que todas as lavouras estão em maturação há algum tempo. A produtividade está bastante variável, oscilando entre perda total e satisfatória, registrada no início da colheita, como observado em São Borja (3.900 kg/ha).

Na de Caxias do Sul, a colheita foi encerrada, e cerca de 20 mil hectares foram perdidos. O abandono de lavouras representa aproximadamente 10% da área cultivada na região. O rendimento médio está estimado em 3.459 kg/ha, considerando-se as perdas nas lavouras abandonadas.

Na de Erechim, a colheita foi concluída. A produtividade média é considerada muito satisfatória e está estimada em 3.820 kg/ha. As áreas de resteva de soja, que permaneceram desprotegidas durante o período de enxurradas, apresentam elevadas perdas de solo e de fertilidade, exigindo reposição. Nas áreas erodidas, houve a formação de voçorocas, necessitando a utilização de máquinas para a sistematização do solo.

Na de Frederico Westphalen, a colheita foi finalizada. A produtividade final está estimada em 3.600 kg/ha.

Na de Ijuí, gradualmente, a colheita está sendo finalizada, restando apenas as lavouras de segundo cultivo, principalmente em Cruz Alta, Salto do Jacuí e Jóia, onde a semeadura foi mais tardia. A qualidade do produto está significativamente inferior, comprometida pelo longo período de alta umidade. A produtividade declina à medida que a colheita avança, mas, devido à pequena área ainda a ser colhida, não deverá interferir na produção total da região. A tendência é que a colheita seja finalizada nos próximos dias.

Na de Passo Fundo, a colheita foi finalizada. Cerca de 3% não foram colhidos, pois eram inviáveis economicamente. Mesmo assim, a produtividade regional é considerada excelente, estimada em 4 mil kg/ha.

Na de Pelotas, na metade do período, o tempo esteve mais seco e permitiu o avanço da colheita nas lavouras onde os grãos ainda apresentavam alguma viabilidade. Contudo, os danos extensivos provocaram perdas significativas nas áreas ainda por colher, ou impossibilitaram a operação. Nas últimas lavouras colhidas, a proporção de grãos aproveitáveis comercialmente tem sido inferior a 15%.

Para evitar custos de frete desnecessários até as cerealistas, os produtores estão coletando amostras para análise e classificação, e, se viável, prosseguem com a colheita; caso contrário, as áreas são abandonadas. A produtividade regional está em 1.584 kg/ha. Há muitos relatos de não realização da colheita e de devolução das áreas arrendadas, sem o pagamento dos valores acordados. Na região, 71% foram colhidos. Em relação ao restante, aguardam-se melhores condições para a colheita. Muitas dessas lavouras de soja apresentam desenvolvimento pleno de azevém e estão sendo pastoreadas por bovinos de corte.

Na de Santa Maria, ainda restam algumas lavouras, porém a maioria não poderá ser colhida. A expectativa inicial de produtividade era de 3.269 kg/ha. Entretanto, após o evento das enchentes, a estimativa atual de produtividade é de aproximadamente 2.500 kg/ha. Consequentemente, a região apresentará perda superior a 700 mil toneladas nesta safra.

Na de Santa Rosa, nos dias ensolarados e secos da última semana, foi possível concluir a colheita. Algumas lavouras, no entanto, não serão colhidas por se mostrarem inviáveis. Devido às perdas de produtividade nas últimas áreas colhidas, a produtividade final reduziu 4,4% em relação à produtividade inicial esperada, que era de 3.325 kg/ha, passando para 3.173 kg/ha.

Na de Soledade, estima-se que foram colhidas, antes das enchentes, 75% das áreas; a produtividade e a qualidade são consideradas normais. Em contrapartida, nas lavouras que ainda não haviam sido colhidas e que foram atingidas pelas chuvas em maio, observou-se a deterioração progressiva na qualidade dos grãos ao longo do tempo. Em determinadas áreas, a colheita foi abandonada devido a essas condições. A produtividade regional projetada inicialmente era de 3.300 kg/ha, e a atual está em 2.830 kg/ha, em função das perdas nas áreas restantes.

Comercialização (saca de 60 quilos)

O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, retraiu 0,81%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 123,09 para R$ 122,09.

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Fonte: EMATER/RS



 

FONTE

Autor:Informativo Conjuntural 1818

Site: EMATER/RS

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