A ocorrência de chuvas frequentes e em alto volume, na maior parte do Estado, impossibilitou a colheita em parte das lavouras ou ocasionou a sua realização em condições
fora da normalidade em pequenos momentos ensolarados.

Apenas no extremo norte do Estado, onde ocorreram menores precipitações, a operação prosseguiu em ritmo adequado. A proporção de lavouras colhidas elevou-se para 74%; 22% estão em maturação; e algumas já superam o momento ideal de corte. A expectativa de produtividade manteve-se próxima a 1.500 kg/ha.

Em alguns municípios, o volume precipitado superou 300 mm no período e, nas localidades onde os volumes foram intensos, houve, até mesmo, danos nas lavouras, causados pelo escorrimento superficial de águas, pelo carreamento de solo e fertilizantes e pela formação de voçorocas. De maneira geral, não temos relatos de perdas por apodrecimento ou germinação dos grãos por se tratar da primeira sequência de chuvas expressivas sobre as lavouras após a fase de maturação. Os danos foram concentrados nas áreas de várzeas e em áreas próximas de cursos d´água na metade sul do Estado, onde houve forte acamamento de plantas e o alagamento por período prolongado.

Contudo, há grande preocupação com a ocorrência de novas precipitações, que podem acarretar perdas por avarias nos grãos em lavouras maduras expostas a essa condição de tempo.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, houve avanço pouco expressivo da colheita, na Fronteira Oeste, em decorrência das fortes chuvas registradas. Em Maçambará, as lavouras colhidas totalizam 80%, porém apresentam médias inferiores a 500 kg/ha, assim como frequentes problemas de infestação de plantas daninhas, que dificultam o processo de corte. Estima-se que aproximadamente 10% das lavouras implantadas no município, realizadas no final do mês de dezembro e com cultivares tardias, possuem melhores expectativas de produtividade, próximas a 1.000 kg/ha.

Em Santana do Livramento, a colheita atingiu 55% da área cultivada, mas houve relatos de grandes diferenças na produtividade, ou seja, de 500 a 1.800 kg/ha, variação atribuída à mádistribuição das chuvas, ao nível de investimento aplicado e à época de plantio e do ciclo das cultivares utilizadas. Na região da Campanha, produtores retomaram a colheita apenas no dia 30/04, contudo somente em lavouras situadas em áreas de coxilha, com pouca declividade e com máquinas tracionadas.

O teor elevado de umidade nos solos resulta em grandes rastros provocados pelo rodado das máquinas. Nessas áreas, será obrigatória a realização de gradagem para o nivelamento do solo, que deve proceder antes da implantação das lavouras ou das pastagens no período de inverno. Nas topografias planas ou com declive acentuado, o excesso de umidade impediu completamente o trânsito das colheitadeiras. Em Dom Pedrito, a precipitação foi de 260 mm acumulados na semana, levando parte dos produtores a substituir os pneus das colheitadeiras por esteiras a fim de viabilizar a continuidade da colheita em terreno barrento.

Na de Caxias do Sul, a alternância entre chuvas e tempo seco deixou a operação de colheita praticamente paralisada, preocupando produtores, pois as melhores lavouras, semeadas tardiamente e com maior potencial produtivo, entrariam em colheita, superando
3.600 kg/ha.

Na de Erechim, a menor incidência de chuvas permitiu o avanço da colheita, que alcançou 95% da área cultivada. A expectativa de produtividade da região, para o encerramento de safra, permanece em 2.082 Kg/ha. Na de Frederico Westphalen, a colheita avançou em ritmo acelerado. As lavouras semeadas no final de outubro e em início de novembro foram finalizadas, e restam colher apenas lavouras em sucessão ao milho. A expectativa de produtividade permanece em 1.372 kg/ha, representando uma redução de 61% na projetada inicialmente.

Na regional de Ijuí, a colheita avançou pouco, já que ficou limitada aos pequenos períodos ensolarados, que permitiram a sua realização apenas em solo com umidade acima da ideal para a operação. A umidade do produto colhido também foi elevada, variando entre 17% e 19%. O rendimento das lavouras segue em elevação, mas ainda insuficiente para provocar o aumento expressivo da produtividade média da região e para cobrir os custos de produção desta safra. As lavouras que ainda estão em maturação apresentam melhor potencial produtivo, especialmente beneficiadas pelo clima favorável, que torna os grãos maiores e mais pesados.

Na de Pelotas, com dias chuvosos e altos acumulados de chuva, a colheita foi interrompida até o dia 1/05 e deverá ser retomada somente quando a lavoura apresentar condições de acesso. Ainda não foram registradas perdas de produção devido à impossibilidade de colheita, mas há vários relatos de condições muito ruins de trafegabilidade nas estradas vicinais, com danos em pontes e bueiros, exigindo uma rápida ação do poder público para retornar à normalidade de tráfego. A colheita alcançou 55% dos cultivos. A produtividade varia de 2.400 a 3.000 kg/ha até o momento. As lavouras remanescentes estão 43% maduras ou em maturação; e 2%, em enchimento de grãos.

Na de Santa Maria, a recorrência e a intensidade das chuvas interromperam a colheita. Em algumas lavouras localizadas em várzeas às margens do Rio Jacuí, em Cachoeira do Sul, a colheita ainda não superou 50% em função do atraso de ciclo e da impossibilidade de trânsito de máquinas. Na região, a proporção de lavouras colhidas é de 70%; e em maturação ou maduras somam 30%.

Na de Santa Rosa, apesar do período chuvoso, nos breves momentos de estio, os produtores realizaram a colheita, que foi necessária para evitar perdas pela deiscência das vagens após o uso de herbicidas, aplicados para padronizar a maturação. O produto colhido
apresentou elevada umidade, e parte está com grãos defeituosos, imputando elevados percentuais de descontos no beneficiamento. As lavouras semeadas mais tardiamente são as de melhor qualidade, pois os grãos estão maiores, possuem melhor formação e, por isso, provavelmente serão destinados para produção de sementes no próximo ciclo produtivo.

A produtividade esperada tem se mantido entre 120 e 600 kg/ha, porém a média, na região, é de 526 kg/ha, representando uma redução de 84% na inicialmente estimada. Na de Soledade, a colheita prosseguiu em ritmo lento, e a área colhida alcançou 73%. Foram colhidas lavouras de ciclo semitardio. A qualidade dos grãos é adequada devido à satisfatória disponibilidade hídrica na fase de formação e de enchimento das vagens, na maior parte da área cultivada. As lavouras de ciclo longo e com implantação tardia seguem em maturação. O aspecto negativo deu-se em Encruzilhada do Sul, onde parte das lavouras maduras não foram colhidas por insuficiência de máquinas disponíveis.

Comercialização (saca de 60 quilos)

De acordo com o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Rio Grande do Sul, houve elevação de +2,61% em relação à semana anterior, passando de R$ 186,86 para R$ 191,73. O produto disponível, em Cruz Alta, teve elevação de +2,60% em
relação à semana anterior, sendo cotado a R$ 197,00.

Fonte: EEmater/RS – ASCAR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.