Os cultivos estão avançando para as fases finais do ciclo fenológico, e em algumas áreas foi iniciada a colheita. Predomina o estágio de enchimento de grãos (56%); 12% das lavouras estão em maturação; e menos de 1% foi colhido. A produtividade inicial está menor que a projetada.
Apesar das chuvas generalizadas em 16 e 17/02 e isoladas nos dias subsequentes, a situação das lavouras varia de acordo com os volumes pluviométricos registrados, a capacidade de infiltração e a retenção de água dos solos, além das condições edafoclimáticas durante o plantio.
Em grande parte do Estado, as precipitações irregulares e as elevadas temperaturas têm causado a morte prematura das folhas do terço inferior, a queda de vagens e a formação heterogênea dos grãos (normais e subdesenvolvidos), mesmo na ausência de sinais visíveis de murchamento foliar. A arquitetura das plantas se caracteriza por uma haste principal com entrenós mais curtos, menor emissão de ramos laterais e concentração de folhas, mais estreitas e alongadas, no terço superior
Em áreas mais afetadas pela estiagem, como no Centro-Oeste do Estado, observa-se a ausência de fechamento das entrelinhas e predomínio de haste única nas plantas, ou seja, sem ramificações laterais. Onde as chuvas foram mais expressivas – em especial a Leste –, as lavouras apresentam potencial produtivo satisfatório, mas demandam umidade para a completa formação dos grãos.
No monitoramento fitossanitário, especialmente no Noroeste do Estado, observou-se infestação de tripes e ácaros, exigindo controle químico, muitas vezes, em associação com fungicidas no manejo da ferrugem-asiática. As populações de mosca-branca estão presentes em níveis baixos, sem impacto expressivo; já as de percevejos e lagartas permanecem abaixo do nível de dano econômico.
Após as chuvas, grande parte dos produtores retomou a aplicação de fungicidas para ferrugem. Há preocupação em relação à retomada da floração em lavouras mais adiantadas, o que pode comprometer a uniformidade da maturação e dificultar a colheita, já prejudicada pelo porte reduzido das plantas.
A área de cultivo inicialmente projetada pela Emater/RS-Ascar está estimada em 6.811.344 hectares, e a produtividade média em 3.179 kg/ha. No momento, a Instituição está realizando o levantamento nos municípios produtores, e as reestimativas de área e de produtividade das culturas de verão serão divulgadas em evento durante a 25ª Expodireto.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, as chuvas em 16 e 17/02 interromperam temporariamente os danos e favoreceram as lavouras tardias. O restabelecimento da umidade do solo é positivo, porém o cenário de perdas já está consolidado. Em Manoel Viana, inicia-se a colheita das áreas mais prejudicadas. A soja apresenta perdas significativas, agravadas pelas altas temperaturas e intensa pressão de pragas, como tripes, ácaros e percevejos, o que eleva os custos de controle. Em Maçambará, as chuvas beneficiaram a cultura, mas as lavouras precoces registram perdas elevadas; já as tardias, de menor porte, seguem em floração.
Em São Gabriel, Rosário do Sul e Santa Margarida do Sul, a redução na produtividade deve se intensificar. Na Campanha, houve recuperação parcial, embora muitas plantas tenham perdido a folhagem dos terços inferior e médio. As cultivares precoces implantadas em outubro estão próximas do final da fase de enchimento de grãos. As semeadas em dezembro encontram-se em floração e início da formação de vagens, mas há possível emissão adicional de folhas e ramos devido ao hábito indeterminado. Observam-se variações na resistência ao estresse hídrico entre as cultivares, inclusive as de ciclo semelhante. Em Dom Pedrito, parte significativa das lavouras (25%) está localizada em áreas de várzea, cujo estande, vigor e sanidade estão adequados. Predominam as plantas em floração.
Na de Caxias do Sul, as lavouras encontram-se majoritariamente em enchimento de grãos, e algumas foram colhidas. As perdas variam entre municípios, sendo mais severas em Montauri. Nas áreas mais expressivas, como em Vacaria, a produtividade permanece próxima à expectativa inicial. De modo geral, a estiagem impactou a produção, resultando em uma redução moderada na estimativa de rendimento da safra.
Na de Erechim, 80% das áreas encontram-se em enchimento de grãos; 10% apresentam grãos formados; 7% estão em início de maturação; e 3% maduros ou colhidos. Em Sertão, as cultivares precoces estão em fase inicial de colheita, e as produtividades variam entre 2.400 e 3.060 kg/ha. Ainda não foi definida a estimativa de perdas devido às chuvas registradas no período. Porém, o retorno de intensa radiação solar pode influenciar negativamente o desempenho das lavouras remanescentes.
Na de Ijuí, aproximadamente 70% da área está em enchimento de grãos, e 15% em maturação. As cultivares de ciclo precoce e as lavouras semeadas em outubro de 2024 foram as mais impactadas pela estiagem. A área colhida até o momento é pouco representativa, e a produtividade varia conforme o regime hídrico ao longo do ciclo e as práticas de manejo do solo adotadas.
Na de Passo Fundo, 10% das áreas estão em floração; 85% em formação de vagens e enchimento de grãos; 4% em maturação fisiológica; e 1% colhido. As precipitações recentes contribuíram para a interrupção dos danos, mas a regularidade das chuvas continua sendo essencial para assegurar o adequado desenvolvimento das plantas e a manutenção do potencial produtivo.
Na de Pelotas, predomina a fase de enchimento de grãos; parte dos cultivos está em floração; uma menor parcela em desenvolvimento vegetativo. Na maior parte da área cultivada, o clima foi quente e seco, com elevada radiação solar. Até o momento, as plantas têm se beneficiado da umidade retida no solo. Contudo, a continuidade da estiagem pode comprometer o florescimento e o enchimento de grãos.
Na de Santa Maria, aproximadamente 30% das lavouras estão em floração; 50% em enchimento de grãos; 15% em maturação; e 2% colhidos. Embora a estiagem afete principalmente o Oeste da região, as chuvas em janeiro e fevereiro, na Quarta Colônia, foram mais regulares, favorecendo os cultivos. Em Dona Francisca, a produtividade deve superar a estimativa inicial.
Na de Santa Rosa, 11% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo; 31% em floração; 56% em enchimento de grãos; e 2% em maturação, correspondendo a áreas semeadas em outubro e com cultivares precoces, cuja colheita está prevista para meados de março. As chuvas recentes e a redução das temperaturas favoreceram a recuperação das lavouras, evidenciada pela emissão de novos brotos, de flores e vagens, e interromperam o avanço das perdas na maioria dos municípios, exceto onde não houve precipitação. No entanto, falhas de germinação, porte reduzido das plantas e abortamento de flores e vagens, associados ao déficit hídrico e às altas temperaturas, já consolidam impactos negativos na produtividade.
Na de Soledade, os cultivos em enchimento de grãos (56%) apresentam falhas nas vagens e redução no número de legumes por planta, reflexo do estresse hídrico prolongado. As lavouras em maturação e em colheita representam 2% da área. Nas primeiras áreas colhidas, a produtividade está abaixo do esperado.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, aumentou 0,22%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 125,13 para R$ 125,40.
Confira o Informativo Conjuntural n° 1856 Emater/RS completo, clicando aqui!
Fonte: Emater RS