No período, as precipitações ocorreram de forma bastante irregular. Nas regiões com precipitações mais expressivas, houve recuperação parcial das lavouras. Nas áreas com baixa recarga hídrica, observou-se intensificação de sintomas de déficit fisiológico, como enrolamento foliar e abortamento de estruturas reprodutivas, agravados por períodos de temperaturas altas. A cultura demanda elevada disponibilidade de água para a finalização do enchimento de grãos, que atualmente abrange 57% dos cultivos. Aproximadamente 20% das lavouras estão em fase de maturação.
Continuou a colheita, mas ainda de forma pouco expressiva, correspondendo a 3% principalmente em áreas que foram mais afetadas pela estiagem, algumas cujo final de ciclo foi antecipado, reduzindo os rendimentos.
O potencial produtivo permanece variável, refletindo diferenças entre precipitações (baixos volumes entre janeiro e fevereiro), épocas de semeadura e condições edafoclimáticas, que reduziram a umidade do solo. Além disso, a compactação do solo, a prática de monocultura e os limitados teores de matéria orgânica contribuíram para o agravamento localizado de perdas.
Em relação aos efeitos da estiagem, o Centro-Oeste do Estado permanece a área mais afetada, com danos significativos. Nas áreas a Leste, onde as chuvas foram mais expressivas, as lavouras apresentam potencial produtivo satisfatório, próximo ao inicialmente projetado.
Em termos fitossanitários, no Noroeste, a presença de tripes se mantém em níveis acima do limiar de dano econômico. Já as populações de percevejos fitófagos e de lagarta desfolhadora permanecem sob controle, dentro dos parâmetros de monitoramento integrado. As aplicações noturnas de fungicidas, especificamente contra ferrugem-asiática, e de inseticidas têm sido priorizadas para reduzir perdas por volatilização e deriva. Os ajustes nas dosagens são efetuados conforme a fase fenológica da cultura.
A área de cultivo inicialmente projetada pela Emater/RS-Ascar está estimada em 6.811.344 hectares, e a produtividade média em 3.179 kg/ha. No entanto, haverá redução na produtividade. A Instituição está conduzindo o levantamento, e as reestimativas de área e de produtividade das culturas de verão serão divulgadas em evento, no dia 11/03, durante a 25ª Expodireto.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, em Alegrete, em área de plantio tardio, as plantas se desenvolvem de forma limitada, com falhas no estande em algumas lavouras. As semeaduras efetuadas dentro do período recomendado mostram melhor desempenho, mas já há deficiência hídrica e abortamento de flores, causando perdas significativas. Em São Borja, as chuvas mais frequentes devem beneficiar as lavouras. Nos cultivos implantados entre outubro e início de novembro, há perdas severas, e nas semeadas posteriormente os níveis de quebra estão progressivamente menores. Há possibilidade de recuperação nas áreas de segunda e terceira épocas de plantio. Em Manoel Viana, os produtores continuam o manejo de pragas e doenças. As lavouras mais prejudicadas começarão a ser colhidas em breve, mas as perdas são expressivas devido ao estresse hídrico e às temperaturas elevadas.
Na Campanha, o retorno da umidade favoreceu as aplicações de herbicidas, fungicidas, inseticidas e fertilizantes foliares. As chuvas das últimas semanas amenizaram os efeitos da estiagem, porém não foram suficientes para recuperar as perdas já consolidadas. Além disso, há desuniformidade entre as lavouras, tanto no desenvolvimento vegetativo quanto no potencial produtivo.
Na de Caxias do Sul, a fase predominante é o enchimento de grãos. Algumas áreas estão em maturação, e a colheita é incipiente. Enquanto a Noroeste, em Esmeralda, Muitos Capões, União da Serra e Pinhal da Serra, registram-se perdas devido à estiagem, nos demais municípios, a safra deve transcorrer dentro da normalidade, pois a distribuição de chuvas, apesar dos baixos volumes ao longo do ciclo, foi adequada.
Na de Ijuí, a colheita se restringe a uma pequena área. Aproximadamente 20% das lavouras se encontram em maturação, e 67% na fase de enchimento de grãos. O potencial produtivo varia significativamente entre localidades, cultivares e períodos de semeadura. Todos os municípios da região apresentam redução na produtividade em relação às estimativas iniciais. O impacto mais severo ocorreu nas lavouras semeadas em outubro, nas áreas mais afetadas pela estiagem, onde as perdas foram totais.
Na de Passo Fundo, 5% dos cultivos estão em floração; 83% em formação de vagens e enchimento de grãos; 10% em maturação fisiológica; e 2% em colheita.
Na de Pelotas, as lavouras estão majoritariamente em enchimento de grãos (47%); 43% estão em floração; 8% em desenvolvimento vegetativo; e 2% em maturação. As chuvas foram irregulares, variando entre 1,5 e 120 mm. A umidade no solo sustenta o desenvolvimento da cultura, porém, em algumas áreas, a variabilidade das precipitações prejudicou a fase de enchimento de grão.
Na de Santa Maria, houve andamento da colheita nas regiões mais impactadas pela estiagem, especialmente nos municípios a Oeste, como em Capão do Cipó, Santiago e Tupanciretã. Nesse município, que corresponde à maior área cultivada com soja na região, foram implantados 149.100 hectares, e apenas 1% foi colhido, com produtividades atingindo cerca de metade do esperado. As chuvas do período proporcionaram a retomada do desenvolvimento das plantas e a emissão de novas vagens, resultando em lavouras com desuniformidade no ciclo fenológico. Essa condição demanda a aplicação de dessecação précolheita, como observado em Santa Maria.
Na de Santa Rosa, 9% das lavouras estão em estágio vegetativo, 21% em floração, 66% em enchimento de grãos e 4% em maturação. As chuvas da última semana (volumes entre 10 e 115 mm) ajudaram a estabilizar as perdas de produtividade. A situação das lavouras está heterogênea. Nas semeadas em outubro, foram registrados os maiores impactos pela estiagem. Nas implantadas entre o final de novembro e a primeira quinzena de dezembro, o desenvolvimento das plantas foi melhor. As poucas áreas de safrinha ainda podem recuperar parte do potencial produtivo.
Na de Soledade, houve pequeno progresso na colheita, cuja produtividade está ligeiramente abaixo do esperado, embora algumas áreas apresentem melhores resultados. As altas temperaturas e os volumes irregulares de chuva (de 10 a 90 mm no período) ainda afetam negativamente parte das lavouras.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, aumentou 1,24%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 125,40 para R$ 126,95.
Confira o Informativo Conjuntural n° 1857 Emater RS completo, clicando aqui!
Fonte: Emater RS