As precipitações pluviométricas de distribuição irregular, registradas no final de fevereiro e em 09/03, beneficiaram os cultivos em regiões onde os volumes foram adequados para repor a umidade próximo à capacidade de campo do solo. Nessas áreas, observou-se a recuperação da turgescência foliar e a interrupção dos danos fisiológicos decorrentes do déficit hídrico anterior. Os produtores prosseguiram as aplicações de fertilizantes foliares à base de macro e micronutrientes para estimular o desenvolvimento vegetativo nos cultivos de implantação tardia. Em lavouras estabelecidas em dezembro, priorizou-se a aplicação de reguladores fisiológicos para fixação de vagens e otimização do enchimento de grãos, visando mitigar perdas produtivas residuais.

A distribuição espacial irregular das precipitações manteve as disparidades no potencial produtivo. Em regiões de menor pluviosidade, especialmente no Noroeste e Planalto Médio, a combinação de uma onda de calor intensa (de 03 a 08/03) e de umidade insuficiente no solo ampliou as perdas. Os cultivos apresentaram sintomas de estresse hídrico e térmico, como murchamento foliar, interrupção do enchimento de grãos, senescência precoce, retenção foliar atípica e maturação desuniforme, além da coexistência de plantas secas e verdes. Observou-se ainda heterogeneidade na coloração de vagens e grãos, que apresentaram tegumento rugoso e tonalidade esverdeada, indicativos de comprometimento fisiológico. Nas áreas em colheita, o calor excessivo provocou abertura de vagens e debulha de grãos. De modo geral, no Estado, a colheita ainda está em fase inicial, em ritmo lento (5%). Os resultados preliminares confirmam a grande variabilidade no potencial produtivo, influenciada pelo volume de chuvas ao longo do ciclo, pela época de semeadura e pela resposta característica de cada cultivar.

A área de cultivo inicialmente projetada pela Emater/RS-Ascar totalizava 6.811.344 hectares. No entanto, houve redução de área de 1,2%, ou seja, 6.729.354 hectares em razão principalmente da dificuldade de implantação no momento recomendado. Também em função da estiagem, a produtividade média projetada inicialmente em 3.179 kg/ha sofreu redução para 2.240 kg/ha.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a produtividade inicialmente estimada em 2.480 kg/ha foi revisada para 1.679 kg/ha, refletindo redução de 32,30% em decorrência das adversidades climáticas. Na Fronteira Oeste, a colheita está em fase inicial. Em Maçambará, 2% dos 54.880 hectares cultivados foram colhidos. Em Manoel Viana, 1% dos 58 mil hectares foram colhidos. As produtividades obtidas estão abaixo do esperado, variando entre 500 e 1.000 kg/ha, mas há melhores perspectivas para lavouras implantadas mais tardiamente e em áreas com distribuição e volume de chuvas mais regulares. A ocorrência de chuvas generalizadas e a diminuição do calor em 09/03 favoreceram as plantas em fase de enchimento de grãos e de floração bem como as áreas remanescentes em estágio vegetativo, implantadas após a colheita do milho, onde estão sendo realizadas aplicações de fungicidas e inseticidas.

Na Campanha, as chuvas recorrentes das últimas semanas têm contribuído para a estabilização das lavouras, amenizando perdas nos cultivos mais impactados pela estiagem de janeiro e preservando o alto potencial produtivo das áreas sem restrições hídricas significativas. Em Candiota, há infestação de buva e caruru, associada a falhas no estande ou ao crescimento reduzido da soja, que favorece a emergência de plantas daninhas altamente competitivas por umidade e nutrientes. Em Lavras do Sul, a colheita foi iniciada em áreas pontuais, correspondendo a 2% dos 60 mil hectares cultivados. Nos demais municípios, o início da colheita está previsto para a segunda quinzena de março.

Na de Caxias do Sul, a maior parte das lavouras encontra-se em enchimento de grãos, parte em maturação e poucas colhidas. Os rendimentos apresentam grande variação. Em Montauri e outras localidades severamente afetadas pela estiagem, estima-se produtividade próxima de 1.600 kg/ha. Contudo, a média regional alcança 3.300 kg/ha, influenciada pelo melhor desempenho de cultivos sem restrições de umidade.

Na de Ijuí, as chuvas de 09/03 não foram suficientes para restaurar completamente a turgescência das plantas. A maturação, que atinge 41% das lavouras, está desuniforme. Em parte delas, ocorre antecipação da maturidade e debulha pelo calor. Apenas lavouras localizadas em áreas que receberam volumes significativos de chuva entre 25 e 28/02 não sofrem danos. A colheita chegou a 3%. Em Santa Bárbara do Sul, as produtividades obtidas variaram entre 1.500 e 3.600 kg/ha.

Na de Passo Fundo, 3% dos cultivos estão em floração; 54% em formação de vagens e enchimento de grãos; 36% em maturação fisiológica; e 7% em colheita.

Na de Pelotas, 61% das lavouras encontram-se em enchimento de grãos; 29% em floração; 8% em maturação; e 2% ainda em desenvolvimento vegetativo. O estresse térmico causou murchamento foliar durante o dia, prejudicando o desenvolvimento das plantas e afetando o enchimento de grãos.

Na de Santa Maria, a produtividade inicialmente estimada em 3.110 kg/ha foi revisada para 1.816 kg/ha, representando redução de 41,61%. A colheita avançou para 7% da área semeada. Em Tupanciretã, Restinga Seca, Santa Maria, São Francisco de Assis, Unistalda e Capão do Cipó, as perdas variam entre 40% e 50% em relação às expectativas iniciais. Em Santiago, a quebra de safra estimada atinge 57%. Em São Francisco de Assis, 25% das lavouras foram colhidas. Os rendimentos têm se mostrado bastante variáveis e abaixo do esperado. Em Cacequi, nas áreas arenosas, os produtores obtêm entre 600 e 720 kg/ha. Em Tupanciretã, 5% foram colhidos, e os resultados oscilam entre 600 e 900 kg/ha. Em Santiago, a produtividade média está em 900 kg/ha, mas há expectativa de melhor desempenho nas lavouras semeadas mais tardiamente.

Na de Santa Rosa, a produtividade inicialmente estimada em 3.132 kg/ha foi revisada para 1.743 kg/ha, refletindo redução de 44,35%. O período recente de dez dias sem chuvas, de altas temperaturas e de intensa radiação solar intensificou o estresse hídrico, ocasionando murchamento, queda de folhas e abortamento de flores e de vagens. Mesmo com a chuva de 09/03, as perdas de produtividade são irreversíveis. A colheita iniciou em 1% da área cultivada, apresentando rendimentos entre 1.500 e 1.800 kg/ha e grãos de tamanho inferior ao ideal. As lavouras implantadas no cedo e com cultivares precoces registram as maiores perdas. Houve demanda por vistorias para acionamento do Proagro. Há relatos de rejeição de cargas com grãos avariados nas unidades de recebimento devido ao alto estoque de produto de baixa qualidade da safra anterior, gerando incertezas quanto à comercialização da safra atual.

Na de Soledade, a colheita avançou para 4%. A produtividade está dentro do esperado, embora algumas áreas apresentem melhor desempenho dependendo de fatores, como solo, variedade e manejo. Apesar das chuvas mais frequentes nas semanas anteriores, as temperaturas extremas intensificam a evapotranspiração e restringem a atividade fisiológica da cultura. As chuvas, em 09/03, mesmo em baixos volumes, beneficiaram os cultivos em fase vegetativa, de floração e de enchimento de grãos e amenizaram as temperaturas, melhorando o ambiente para o desenvolvimento das plantas. Entretanto, há perdas consolidadas em função das falhas na formação de grãos e da redução de vagens.

Comercialização (saca de 60 quilos)

O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, aumentou 1,17%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 126,95 para R$ 128,44.

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Fonte: Emater RS



 

FONTE

Autor:Informativo Conjuntural 1858

Site: Emater RS

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