O uso de sementes de qualidade é fundamental para a obtenção de altas produtividades de soja. Bons atributos físicos, genéticos, sanitários e ficológicos são indispensáveis para sementes de alta qualidade. Segundo Scheeren et al. (2010), a qualidade fisiológica das sementes interfere na produtividade de soja, sendo que, conforme observado pelos autores, plantas oriundas de lotes de sementes de alto vigor podem produzir até 9% a mais do que plantas oriundas de lotes de baixo vigor.

Além do vigor das sementes, a germinação, assim como a qualidade sanitária interferem no estabelecimento da cultura, afetando um dos principais componentes de produtividade da soja, o número de plantas por área. A soja inicia o seu processo de germinação e posteriormente emerge rapidamente quando semeada em solos com boa disponibilidade de água e temperaturas adequadas (Goulart, 2005).

Entretanto, a nível de campo, as condições desfavoráveis à germinação da semente e a emergência da plântula de soja, especialmente a deficiência hídrica, tornam mais lento esse processo, expondo as sementes por mais tempo a fungos do solo, como Rhizoctonia solani, Pythium spp., Fusarium spp. e Aspergillus spp. (A. flavus), entre outros, que podem causar a sua deterioração ou a morte da plântula (França-Neto et al., 2016).

Da mesma forma, pragas iniciais que acometem a cultura da soja podem causar redução significativa do estande de plantas, tornando necessário tomar medidas que possibilitem a proteção inicial das plântulas de soja a pragas e doenças iniciais. A principal medida adotada com esse intuito é o tratamento de sementes de soja com inseticidas e fungicidas registrados para a cultura.



Basicamente são duas as formas mais utilizadas de tratamento de sementes em soja, o tratamento de sementes on Farm e o tratamento de sementes industrial (TSI). Ambos apresentam suas vantagens e desvantagens. O tratamento on Farm é aquele realizado a nível de propriedade, normalmente utilizando o tambor rotativo ou máquinas específicas. Como principal vantagem, esse método apresenta o baixo custo de tratamento das sementes em comparação ao TSI, entretanto, suas desvantagens contemplam a maior necessidade de mão de obra, o maior contato/manipulação de defensivos (inseticidas e fungicidas) impondo maior risco de contaminação do operador e também a maior desuniformidade de cobertura das sementes em relação ao TSI.

Figura 1. A esquerda TSI (figura a), a direita tratamento on Farm (figura b).

Foto: Peske & Platzen – SEED News (2019)

O TSI por sua vez, normalmente apresenta maior custo em relação ao tratamento on Farm, entretanto, além de reduzir a necessidade de manipulação de defensivos, agronomicamente é mais eficiente por promover maior recobrimento das sementes como visualizado na figura 1. A cobertura uniforme do tratamento de sementes é fundamental para garantir a adequada distribuição da dose do defensivo aplicado sobre a semente, garantindo maior eficiência de proteção a ela.

Além disso, o TSI normalmente apresenta em sua composição polímeros e/ou osmoprotetores que contribuem para a melhoria do tratamento e cobertura das sementes. Entretanto, cabe destacar que não é vedada a hipótese de se realizar o tratamento de sementes on Farm, sendo necessário para tanto, atentar para a qualidade do processo e segurança, evitando contaminações. Sobretudo, seja on Farm o TSI, o tratamento de sementes é de suma importância para o bom estabelecimento inicial da lavoura de soja e manutenção do estande de plantas.


Veja mais: Coinoculação da soja realmente contribui para o aumento da produtividade?



Referências:

FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTE DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, Documentos, n. 380, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 05/10/2022.

GOULART, A. C.  P. IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO DE SEMENTES DE SOJA COM FUNGICIDAS EM CONDIÇÕES DE DÉFICIT HÍDRICO DO SOLO. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 106, 2005. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/24686/1/COT2005106.pdf >, acesso em: 05/10/2022.

PESKE, S.T.; PLATZEN, H. TRATAMENTO DE SEMENTES: TECNOLOGIA QUE SE REINVENTA. SEED News, 2019. Disponível em:< https://seednews.com.br/artigos/3003-tratamento-de-sementes-edicao-julho-2019 >, acesso em: 14/12/2022.

SCHEEREN, B. R. et al. QUALIDADE FISIOLÓGICA E PRODUTIVIDADE DE SEMENTES DE SOJA. Revista Brasileira de Sementes, vol. 32, nº 3 p. 035-041, 2010. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbs/a/3T8MXrBj7RhsWQtznXdLktS/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 05/10/2022.

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