Dá para imaginar que o solo de uma área onde existe o sistema integrado de pecuária e floresta possa ter mais qualidade que o solo sob uma mata nativa? Pesquisas recentes da Embrapa mostram que sim. E o manejo nos sistemas integrados têm tudo a ver com isso. Quem explica é o pesquisador Alberto Bernardi, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP).

“Em cinco anos de instalação do sistema ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) conseguimos recuperar e aumentar o carbono que estava estocado no solo em comparação com a vegetação natural, por exemplo”, afirma. A explicação está no melhor manejo de pastagem, correção da fertilidade e adubação dessas culturas e, logicamente, numa maior diversidade”, disse Alberto.

Essa qualidade é medida por indicadores químicos, físicos e biológicos do solo, incluindo a coleta de minhocas pela Embrapa Florestas (Colombo-PR). A quantidade e a qualidade das minhocas nesses solos têm sido estudadas pelo pesquisador George Brown. Segundo ele, “em média, a presença das minhocas aumentou a produtividade de grãos em 25% e a biomassa aérea de plantas, em especial as utilizadas em pastagens, em 23%.” Brown é pesquisador em ecologia do solo.

O estoque de carbono no solo é outro indicador importante para atestar a qualidade. Na Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP), o pesquisador Ladislau Martin Neto tem avaliado a quantidade de carbono estocado e como esse elemento possibilita a estabilidade do solo.

Os resultados obtidos, com 722 amostras de solo, entre áreas ILPF e áreas de referência, particularmente com vegetação nativa, indicaram que houve um aumento no grau de humificação em áreas com maior conteúdo de matéria orgânica no solo. “Trata-se de informação muito relevante, pois, de forma inédita, demonstra-se que, além do sequestro de carbono no solo, este aumento está ocorrendo com avanço do grau de humificação da matéria orgânica, beneficiando também a fertilidade e estrutura dos solos”, explicou Ladislau.

Segundo o pesquisador, as pesquisas indicam que o material orgânico acumulado está em forma química mais estável (maior tempo de vida nos solos) que nas áreas de referência, inclusive mata nativa.

Fonte: Embrapa


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