A importância dos percevejos em soja aumentou nos últimos anos em decorrência do aumento da área cultivada e ampliação das épocas de cultivo, a presença de hospedeiros alternativos nas culturas de entressafra e a redução do uso de inseticidas na fase vegetativa da cultura, devido ao predomínio das sojas que expressam proteínas Bt [1,2]. As principais espécies que ocorrem no Brasil são Euschistus heros (Fabricius), Piezodorus guildinii (Westwood), Nezara viridula (Linnaeus) Dichelops furcatus (Fabricius) e Dichelops melacanthus (Dallas) [3].

Os danos causados por percevejos são resultado da sucção de legumes, levando à grãos menores, chochos e enrugados, com redução da produtividade e qualidade de grãos (vigor e germinação). O quanto ($) se perde pelo ataque dos percevejos depende da espécie, do número de percevejos e do estágio de vida (ninfa ou adulto), do estádio de desenvolvimento das plantas de soja e de quanto tempo os percevejos permanecem se alimentando na lavoura. Para o manejo, o controle químico é o método mais usado pelos produtores, predominando no mercado as opções com inseticidas organofosforados, piretróides e neonicotinoides (e suas combinações), com apenas 20 ingredientes ativos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento [4].

Com o intuito de avaliar a eficácia de inseticidas no controle de percevejos em soja, foram realizados dois experimentos, em dois anos seguidos: safras agrícolas 2016/17 e 2017/18. Duas pulverizações com pulverizador costal pressurizado por CO2 foram realizadas, com intervalo de sete dias, utilizando volume de pulverização de 150 L.ha-1, utilizando os inseticidas da Tabela 1.



Tabela 1. Inseticidas, número médio de percevejos e mortalidade corrigida de percevejos, Molecular Insect Lab-UFSM, 2019.

Tratamentos Exp I Exp II Mortalidade corrigida
Exp I Exp II Média
1. Testemunha 4.0 a¹ 19.2 a
2. Lambda-cialotrina + Tiametoxam 1.0 b 1.2 e 75.5 94.1 84.8
3. Lambda-cialotrina 0.6 b 1.7 de 80.0 88.4 84.2
4. Tiametoxam 1.1 b 4.9 b 71.3 74.4 72.9
5. Beta-ciflutrina + Imidacloprido 0.9 b 2.3 cde 77.5 88.1 82.8
6. Imidacloprido 0.9 b 3.8 bcd 77.5 80.0 78.8
7. Beta-ciflutrina 0.9 b 3.1 bcde 76.5 83.8 80.2
8. Acefato 0.4 b 4.2 bc 88.9 78.1 83.5
CV (%)2 88.96 59.26

1 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey (P ≤ 0.05);

2 Coeficiente de variação.

Os principais resultados do trabalho mostram que os inseticidas testados apresentam (nessas doses e momentos de aplicação) controle satisfatório dos percevejos da soja.

Conheça os detalhes sobre a contribuição de piretróides e neonicotinoides isolados e em mistura (além dos seus modos de ação) no controle de percevejos acessando o trabalho do MIL em http://www.ccsenet.org/journal/index.php/jas/article/view/0/39258

Elaboração: Rafael Paz Marques e Prof. Jonas Arnemann, PhD., Coordenador do Molecular Insect Lab.

Referências

  1. Corrêa-Ferreira, B. S., Krzyzanowski, F. C., Minami, C. A. Percevejos e a qualidade da semente de soja—Série sementes, 2009. Disponível em: https://www.embrapa.br/soja/busca-de-publicacoes/-/publicacao/471343/percevejos-e-a-qualidade-da-semente-de-soja—serie-sementes
  2. Guedes, J. V. C., Perini, C. R., Burtet, L. M., Stacke, R. F., Melo, A. A., & Arnemann, J. A. (2016). Lucro ameaçado. Cultivar Grandes Culturas, 205, 17-19.
  3. Panizzi, A.R. et al. Insetos que atacam vagens e grãos. In: HOFFMANN-CAMPO, C.B. et al. Soja manejo integrado de insetos e outros artrópodes-praga. Londrina: Embrapa Soja, 2012. Cap.5, p.335-420.
  4. AGROFIT (Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários). Consulta de Praga/Doença-Percevejo. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_con

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