A semeadura da soja é um momento determinando para definir o potencial produtivo da cultura. Na semeadura e estabelecimento da soja, o número de plantas por área é definido, refletindo diretamente na produtividade final da cultura.

Fatores como umidade do solo e profundidade de semeadura interferem diretamente no estabelecimento da soja, prejudicando ou favorecendo a germinação das sementes. Em média, a semente de soja necessita absorver cerca de 50% do seu peso em água para completar o processo de germinação.

Com relação a profundidade de semeadura, semeaduras muito profundas podem resultar em elevado gasto energético da plântula para emergir, assim como semeaduras muito superficiais podem resultar na movimentação das sementes no solo, principalmente após a ocorrência de fortes chuvas, reduzindo o contato semente/solo, e prejudicando consequentemente a germinação.

Embora umidade do solo e distribuição longitudinal e vertical de sementes normalmente sejam foco das condições ambientais e do manejo na semeadura da soja, a temperatura do solo também exerce papel crucial no estabelecimento da lavoura.


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Assim como para a maioria das culturas agrícolas, a soja tem sua germinação favorecida por condições ideais de temperatura e umidade. Como visto anteriormente, a semente necessita absorver 50% do seu peso em água para completar o processo germinativo, já com relação a temperatura do solo, o ideal é que varie entre 20°C a 30°C, não sendo inferior a 8°C e nem superior a 40°C (Gazolla Neto, 2024). No geral, recomenda-se que a semeadura da soja não ocorra em solo com temperatura inferior a 20°C (Monteiro et al., 2009).

Além disso, temperaturas elevadas do solo, no momento da emergência da plântula, podem causar danos a ela, comprometendo a viabilidade da plântula e o estande de plantas. Na cultura da soja, temperaturas do solo superiores a 32°C podem provocar lesões nas plântulas. Em casos onde a temperatura é um fator limitante ao estabelecimento da lavoura, observa-se a boa germinação (uniforme) em áreas sombreadas, contrastando do restante da área (Gazolla Neto, 2024).

De acordo com Gazolla Neto (2024), a associação entre altas temperaturas do solo com baixa precipitação, afeta negativamente o crescimento inicial da soja, podendo em algumas ocasiões, resultar em danos como o anelamento do hipocótilo (figura 1), popularmente conhecido como “escaldadura”.

Figura 1. Danos por escaldadura em soja.
Foto: Madalosso Pesquisas

Da mesma forma, elevadas temperaturas podem atuar como uma barreira à emergência das plântulas. Dependendo do tipo de solo, grau de compactação e temperatura do solo, a plântula pode formar um “arco” no hipocótilo (figura 2), como resposta a elevada temperatura da superfície do solo. Esse sintoma pode ser parcial ou completo, em casos mais extremos, pode evoluir para escaldadura.

Figura 2. Plântulas de soja afetadas por alta temperatura da superfície do solo.
Foto: Benilson da Silva Rocha, Apud. Gazolla Neto (2024), Imagem do Manual Técnico: Sementes e Diagnose de Limitações: Variáveis Que Afetam o Manejo Para Altos Rendimentos de Grãos

Logo, considerando o impacto da temperatura do solo no estabelecimento da lavoura de soja, o monitoramento das áreas de semeadura antes desse processo é de suma importância para o estabelecimento da lavoura. Para isso, pode-se utilizar de diferentes termômetros para analisar a temperatura superficial do solo e a na profundidade de semeadura.

Vale destacar que a palhada contribui efetivamente para a redução da amplitude térmica do solo e da temperatura máxima dele, sendo, portanto, uma importante ferramenta de manejo para reduzir os danos por escaldadura em soja. Nesse sentido, inserir culturas que possibilitam a boa cobertura do solo na rotação de culturas é determinante para o sucesso no estabelecimento da lavoura, especialmente em regiões de altas temperaturas.


Veja mais: Como a palhada contribui para a manutenção da umidade do solo?


Referências:

GAZOLLA NETO, A. MANUAL TÉCNICO: SEMENTES E DIAGNOSE DE LIMITAÇÕES; VARIÁVEIS QUE AFETAM O MANEJO PARA ALTOS RENDIMENTOS DE GRÃOS. Editora Métrics, 2024.

MONTEIRO, J. E. B. A. AGROMETEOROLODIA DOS CULTIVOS: O FATOR METEOROLÓGICO NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA. INMET, 2009. Disponível em: < https://portal.inmet.gov.br/uploads/publicacoesDigitais/agrometeorologia_dos_cultivos.pdf >, acesso em: 06/11/2024.

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