A soja é rica em proteína e óleo e está incluída entre as cinco principais fontes proteicas (36 a 42%% de proteína), sendo também fonte calórica (18 a 22% de óleo), por isso, apresenta uma grande demanda por nitrogênio (SFREDO & PANIZZI, 1990).
A variação no teor de proteína (%) é influenciada pela interação genética x ambiente x manejo (Grassini, 2020). Na região central da Argentina, a genética, ambiente e o manejo representaram 70%, 27% e 3%, respectivamente, da variação na concentração de proteína nos grãos de soja (LB Bosaz et al., 2019).

As condições ambientais durante o crescimento da cultura juntamente de fatores genéticos e de manejo, determinam grande proporção da variação da concentração de proteína nos grãos (Medic et al., 2014). O aumento da produtividade das cultivares associado ao melhoramento genético está associada a diluição da proteína (de Felipe et al., 2016; Morrison et al., 2000; Morrison et al., 2000; Wilcox e Shibles, 2001).
Mourtzinis et al., (2017) mostra que o grupo de maturidade relativa e a data de semeadura são duas opções de manejo relevantes na determinação da concentração de proteínas nos grãos. Além disso, há também o nitrogênio, sendo um dos principais elementos que exercem influência (SFREDO & PANIZZI, 1990).
A quantidade de N necessária pode ser suprida, pela fixação simbiótica realizada por bactérias do gênero Bradyrhizobium (HARPER, 1987) e pelo N do solo, no entanto, fatores ambientais, como déficit hídrico, podem afetar significativamente. Estudo de Maehler et al., 2003 mostrou que se manter boa disponibilidade de água para as plantas, aumenta o teor de N na parte aérea e a duração do enchimento de grãos da soja, refletindo-se em maior teor de proteína, tamanho e peso do grão.
Para complementar os fatores ambientais, a temperatura do ar também afeta essa variabilidade (Naeve e Huerd, 2008; Carrera et al., 2009; Rotundo e Westgate,2009).
O teor de proteína no grão de soja faz parte dos indicadores do pilar econômico da sustentabilidade, visto que há enorme influência na indústria de alimentos e na determinação do valor comercial da soja.
Já é realidade e tende a aumentar a parcela de importadores de soja que oferecem remuneração extra para a soja que contém maiores quantidades de proteína, enquanto alguns países excluem ou aplicam penalidades a soja de regiões onde os requisitos de qualidade não são atendidos. A China, por exemplo, maior importador da soja brasileira, exige no mínimo 33,5% de proteína (Hertsgaard et al., 2019).
Nesse sentido, no campeonato Soybean Money Maker é avaliado a teor de proteína de cada uma das lavouras participantes. Os teores de proteína das lavouras do Soybean Money Maker da safra 2022/2023 apresentaram uma variação de 30 a 35% (Figura 2) desde o Rio Grande do Sul até o Maranhão, onde observa-se uma grande variabilidade nos teores no decorrer das diferentes latitudes do Brasil.
Por exemplo, no Rio Grande do Sul, observou-se menores teores (30 – 32%) em comparação ao Mato Grosso, partes do Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Bahia (33 – 35%). Cabe ressaltar que o próximo passo da análise é explicar com variáveis especificas de genética, manejo e ambiente as causas desses determinados teores para cada uma das lavouras através de um questionário de manejo aplicado aos produtores Soybean Money Maker.
Portanto, é necessário o entendimento da interação entre genética x manejo x ambiente visando encontrar as melhores estratégias, de modo a possibilitar o produtor a produzir grãos com melhor qualidade e torná-lo mais competitivo no mercado internacional.

Referências Bibliográficas
FERIGOLO ALVES, A ET AL. CAMPEONATO SOYBEAN MONEY MAKER: A REVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA LAVOURA DE SOJA. 3 ED. SANTA MARIA, 2023. 249P
LINA B. BOSAZ, JOSÉ A. GERDE, LUCAS BORRÁS, PABLO A. CIPRIOTTI, LUCIANO ASCHERI, MATÍAS CAMPOS, SANTIAGO GALLO, JOSÉ L. ROTUNDO, MANAGEMENT AND ENVIRONMENTAL FACTORS EXPLAINING SOYBEAN SEED PROTEIN VARIABILITY IN CENTRAL ARGENTINA. FIELD CROPS RESEARCH, VOLUME 240,2019, PAGES 34-43, ISSN 0378-4290.
SFREDO, G.J.; PANIZZI, M.C. IMPORTÂNCIA DA ADUBAÇÃO E DA NUTRIÇÃO NA QUALIDADE DA SOJA. LONDRINA : EMBRAPA CNPSO, 1990. 57P. (EMBRAPA-CNPSO, DOCUMENTOS, 40).
MEDIC, J., ATKINSON, C. AND HURBURGH, C.R., JR. (2014), CURRENT KNOWLEDGE IN SOYBEAN COMPOSITION. J AM OIL CHEM SOC, 91: 363-384. HTTPS://DOI.ORG/10.1007/S11746-013-2407-9
DE FELIPE, M., GERDE, J.A. AND ROTUNDO, J.L. (2016), SOYBEAN GENETIC GAIN IN MATURITY GROUPS III TO V IN ARGENTINA FROM 1980 TO 2015. CROP SCIENCE, 56: 3066-3077. HTTPS://DOI.ORG/10.2135/CROPSCI2016.04.0214
MOURTZINIS, S., GASPAR, A.P., NAEVE, S.L. AND CONLEY, S.P. (2017). PLANTING DATE, MATURITY, AND TEMPERATURE EFFECTS ON SOYBEAN SEED YIELD AND COMPOSITION. AGRONOMY JOURNAL, 109: 2040-2049. HTTPS://DOI.ORG/10.2134/AGRONJ2017.05.0247
HARPER, J.E. NITROGEN METABOLISM. IN: WILCOX, J.R. (ED). SOYBEAN: IMPROVEMENT, PRODUCTION, AND USES. MADISON : AMERICAN SOCIETY OF AGRONOMY, CROP SCIENCE SOCIETY OF AMERICA, SOIL SCIENCE SOCIETY OF AMERICA, 1987. P.497-524.
JOSÉ L. ROTUNDO, MARK E. WESTGATE. META-ANALYSIS OF ENVIRONMENTAL EFFECTS ON SOYBEAN SEED COMPOSITION. FIELD CROPS RESEARCH. VOLUME 110, ISSUE 2,2009,PAGES 147-156,ISSN 0378-4290, HTTPS://DOI.ORG/10.1016/J.FCR.2008.07.012.
NAEVE, S.L. AND HUERD, S.C. (2008). YEAR, REGION, AND TEMPERATURE EFFECTS ON THE QUALITY OF MINNESOTA’S SOYBEAN CROP. AGRON. J., 100: 690-695 AGJ2AGRONJ20070204. HTTPS://DOI.ORG/10.2134/AGRONJ2007.0204
CARRERA, C., MARTÍNEZ, M.J., DARDANELLI, J. AND BALZARINI, M. (2009). WATER DEFICIT EFFECT ON THE RELATIONSHIP BETWEEN TEMPERATURE DURING THE SEED FILL PERIOD AND SOYBEAN SEED OIL AND PROTEIN CONCENTRATIONS. CROP SCI., 49: 990-998. HTTPS://DOI.ORG/10.2135/CROPSCI2008.06.0361.
MAEHLER, A. R., COSTA, J. A., PIRES, J. L. F., & RAMBO, L.. (2003). QUALIDADE DE GRÃOS DE DUAS CULTIVARES DE SOJA EM FUNÇÃO DA DISPONIBILIDADE DE ÁGUA NO SOLO E ARRANJO DE PLANTAS. CIÊNCIA RURAL, 33(2), 213–218. HTTPS://DOI.ORG/10.1590/S0103-84782003000200006