As plantas transgênicas são aquelas que carregam um ou mais genes oriundos de outros organismos e introduzidos por engenharia genética. Essas plantas incorporam os genes introduzidos em seu próprio genoma, adquirindo novas características, estáveis e herdadas. Tais características podem apresentar diversas aplicabilidades agronômicas, como resistência a insetos, resistência a doenças, tolerância a herbicidas, resistência conjunta a insetos e herbicidas, tolerância a seca, aspectos nutricionais aprimorados, entre outros (MANJUNATH et al., 2002).

O melhoramento e cultivo de plantas transgênicas resistentes a insetos constitui uma técnica promissora para o controle de pragas na agricultura, estando inserida no contexto do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Essa estratégia possibilita manter os insetos-praga abaixo do nível de dano econômico, reduzindo o número de aplicações de inseticidas e os custos de produção, e em muitos casos promovendo incrementos na produtividade.

A utilização de plantas transgênicas tem crescido exponencialmente (Figura 1) desde a introdução no mercado das variedades Bt, que expressam proteínas inseticidas (Cry, Cyt ou Vip) derivadas da bactéria de solo Bacillus thuringiensis. Mais de 100 proteínas são conhecidas apenas no grupo Cry, expressas a partir de genes únicos e específicas para o controle das ordens Lepidoptera (fase larval de mariposas e borboletas), Coleoptera (besouros desfolhadores) e Diptera (moscas e mosquitos).

Figura 1: Uso de plantas transgênicas nos Estados Unidos (1996-2014)

BT: resistente a insetos-praga; HT: tolerante a herbicidas. Fonte: https://serc.carleton.edu/integrate/teaching_materials/food_supply/student_materials/1187

Ao contrário de vários inseticidas que apresentam efeito de contato e contaminação direta, as proteínas expressas nas plantas transgênicas resistentes a insetos precisam ser ingeridas para causar efeito nos artrópodes. Consequentemente, o espectro de ação dessas toxinas é menor, reduzindo o número de espécies não-alvo afetadas e proporcionando alta seletividade (ROMEIS et al., 2008). Por outro lado, a necessidade de ingestão faz com que esses produtos tenham ação mais lenta quando comparados a alguns inseticidas.

Os aspectos negativos relacionados com o cultivo de plantas transgênicas incluem a possibilidade do surgimento de pragas secundárias e possível comprometimento da comunidade de artrópodes, como já verificado, por exemplo, na cultura do algodão. Outro problema observado recentemente é o aumento da resistência de pragas às culturas transgênicas, associado à expansão de área de cultivo das mesmas (Figura 2) (ZHANG; PANG, 2009).

Figura 2: Cultivo de plantas transgênicas Bt no mundo (esquerda) e casos registrados de resistência de insetos a plantas Bt (direita).

Fonte: TABASHNIK; CARRIÈRE, 2017.

O cultivo de plantas transgênicas é realizado mundialmente e, para que sejam evitados problemas com possíveis surgimentos de pragas secundárias, riscos ambientais e comprometimento da biodiversidade, é fundamental seguir os princípios do MIP e associar diferentes estratégias de controle. Além disso, devem ser adotadas áreas de refúgio com plantas não transgênicas, principal prática realizada para evitar a seleção de insetos-praga resistentes às toxinas Bt.

Para saber mais sobre o mecanismo de ação das proteínas Bt, clique aqui: https://maissoja.com.br/como-funcionam-os-inseticidas-a-base-de-bt-e-baculovirus/

Revisão: Henrique Pozebon, Doutorando PPGAgro – UFSM e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM

Referências:

TABASHNIK, B. E.; CARRIÈRE, Y. Surge in insect resistance to transgenic crops and prospects for sustainability. Nature Biotechnology, v. 35, n. 10, p. 926-935, 2017.

MANJUNATH, T. Transgenic Plants for Pest Management. In: National Symposium on Biotechnology: Challenges and Opportunities. St. Aloysius College, Mangalore. 2002.

ROMEIS, J. et al. Insect-resistant transgenic crops and biological control. In: Integration of insect-resistant genetically modified crops within IPM programs. Springer, Dordrecht, 2008. p. 87-117.

ZHANG, W; PANG, Y. Impact of IPM and transgenics in the Chinese agriculture. In: Integrated pest management: dissemination and impact. Springer, Dordrecht, 2009. p. 525-553.

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