Embora com o avanço da tecnologia, as colhedoras modernas possibilitem menores níveis de perdas de colheita, é tolerável a perda de até 1 sc ha-1 (60 kg ha-1) durante o processo de colheita da soja. Perdas superiores, requerem o ajuste e regulagem da colhedora, até alcançar o nível considerado aceitável (Silveira & Conte, 2013).

Contudo, além das perdas de colheita, a logística representa uma parcela significativa das perdas de grãos de soja a nível nacional. Estima-se que ao menos, 0,5% das perdas de soja ocorram no transporte curto (da lavoura ao armazém) e 0,25% no transporte longo, do armazém aos pontos finais (portos, indústria) (Aprosoja MT, 2015).

Considerando que o transporte de grãos de soja no Brasil se da principalmente pelo modal rodoviário, a gestão de perdas na cadeia logística de transporte de grãos é essencial para a redução de perdas no decorrer das atividades, visto que, estas podem causar efeitos prejudiciais à sustentabilidade econômica, ambiental e social de uma cadeia agroalimentar (Laconski et al., 2021).

O transporte rodoviário de grãos está relacionado com a movimentação destes da fazenda ao armazém, ao centro consumidor, ao terminal ferroviário ou hidroviário; e à movimentação do armazém ao centro consumidor, ao porto ou ao terminal ferroviário ou hidroviário. Sendo este modal, responsável por interligar todo os sistemas de transportes, e essencial por contribuir significativamente ao desenvolvimento do país (Laconski et al., 2021).

Em 2015, as perdas totais de grãos no país atingiram o patamar de 2,381 milhões de toneladas de um total de 182,734 milhões de toneladas, ou seja, uma perda relativa de 1,303%. Especificamente para a soja, as perdas somaram 1,076 milhão de toneladas, ou seja, 1,102% da produção brasileira no presenta ano (Melo et al., 2018).

Os diferentes modais de transporte expressam distintas participações nas perdas de produção de grãos de soja, sobretudo o transporte rodoviário é um dos modais com maior participação nas perdas de produção de soja, representando perdas em relação a produção de aproximadamente 0,20% no transporte fazenda-armazém e de 0,18% no transporte rodoviário direto (tabela 1).

Tabela 1. Distribuição das perdas nas atividades logísticas de soja no Brasil.
Fonte: Melo et al. (2018)

De acordo com Péra (2017), o transporte rodoviário da fazenda ao armazém corresponde a 17,9% das perdas, enquanto o transporte rodoviário unimodal é  responsável por 13,31% das perdas do grão no país.

Figura 1. Distribuição das perdas de soja e milho em cada atividade agregada da logística no Brasil  (safra 2015).
Fonte: Péra (2017)

Considerando soja e milho, as perdas são ainda mais expressivas, na safra 2015, o transporte rodoviário da fazenda ao armazém foi responsável por 21,67% das perdas de grãos, enquanto o transporte rodoviário unimodal foi responsável por 13,31% das perdas na logística no país, e os transportes multimodais ferroviário e hidroviário totalizaram 8,84% e 1,62%, respectivamente de participação nas perdas (Melo et al., 2018).

Figura 2. Distribuição das perdas totais de soja e milho em cada atividade agregada da logística no Brasil  (safra 2015).
Fonte: Péra (2017), apud. Melo et al. (2018)

Corroborando a participação do transporte rodoviário nas perdas de grãos Cardoso (2018) destaca que as perdas de grãos decorrentes do transporte rodoviário em carretas graneleiras podem chegar a 13% na logística dos grãos. De acordo com Péra (2017), dentre os cinco maiores estados produtores de grãos, as menores perdas totais em decorrência da logística foram observadas no Mato Grosso do Sul (0,995%), enquanto as maiores perdas foram obtidas no Rio Grande do Sul (1,671%).

Embora haja a necessidade de realizar estudos mais recentes relacionados a participação do transporte rodoviário nas perdas de grãos no processo logístico brasileiro, é nítido o grande desperdício de grãos que ocorre nesse modal de transporte, sendo necessário, adotar medidas que reduzam essas perdas.

Dentre os principais fatores responsáveis pela elevada perda de grãos no processo logístico, destacam-se a baixa qualidade das rodovias brasileiras, as condições de manutenção dos veículos e as práticas de manuseio envolvidas. Como principais estratégias para mitigar as perdas de grão, podemos destacar a melhoria da qualidade das rodovias brasileiras, a manutenção adequada dos veículos e o treinamento adequado dos profissionais envolvidos no processo logístico.


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Referências:

APROSOJA MT. APROSOJA LANÇA CARTILHA PARA MINIMIZAR PERDAS. Aprosoja Mato Grosso, 2015. Disponível em: < https://aprosoja.com.br/comunicacao/release/aprosoja-lanca-cartilha-para-minimizar-perdas >, acesso em: 24/02/2025.

LACONSKI, J. M. O. et al. PERDAS DE GRÃOS NA CADEIA LOGISTICA DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO. Revista Agrária Acadêmica, 2021. Disponível em: < https://agrariacad.com/wp-content/uploads/2021/03/Rev-Agr-Acad-v4-n1-2021-p91-104-Perdas-de-graos-na-cadeia-logistica-do-transporte-rodoviario.pdf >, acesso em: 24/02/2025.

MELO, E. V. et al. PERDAS E DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS: ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2018. – (Série cadernos de trabalhos e debates; n. 3 e-book). Disponível em:< https://esalqlog.esalq.usp.br/upload/kceditor/files/Livro_Perdas%20e%20Desperd%C3%ADcio%20de%20Alimentos_CamaraLegislativa2019%20%282%29.pdf >, acesso em: 24/02/2025.

PÉRA, T. G. MODELAGEM DAS PERDAS NA AGROLOGISTICA DE GRÃOS NO BRASIL: UMA APLICAÇÃO DE PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA. Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2017. Disponível em: < https://teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3148/tde-17072017-160658/publico/ThiagoGuilhermePeraCorr17.pdf >, acesso em: 24/02/2025.

SILVEIRA, J. M.; CONTE, O. DETERMINAÇÃO DE PERDAS NA COLHEITA DE SOJA: COPO MEDIDOR DA EMBRAPA. Embrapa Soja, 2013. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/979883/1/ManualCopoMedidorbaixacompleto.pdf >, acesso em: 24/02/2025.

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