O cultivo de milho segunda safra (milho safrinha) após soja faz parte do sistema de produção de diversas propriedades agrícolas, cujas condições edafoclimáticas permitem essa sucessão. Além de otimizar o uso da terra, esse sistema de produção possibilita o controle de pragas e doenças, contribuindo para a melhoria do sistema de produção.

Contudo, como o intervalo entre um cultivo e outro é curto, certas pragas em pleno desenvolvimento no final do ciclo da soja podem incidir sobre a cultura do milho em seus estádios iniciais de desenvolvimento. Uma dessas pragas é o percevejo barriga-verde (Dichelops melacanthus).

O percevejo barriga-verde é uma das principais pragas da cultura do milho, podendo causar danos que impactam significativamente a produtividade da cultura. Conforme observado por Rodrigues (2011), a capacidade de redução da produtividade do milho pelo percevejo barriga-verde está intimamente relacionada a densidade populacional da praga, sendo possível observar reduções de produtividade superiores a 500 kg.ha-1 para cada percevejo m-2 (figura 1). Segundo Grigolli & Grigolli (2019), a fase crítica de dano do percevejo compreende o período de semeadura até o estádio fenológico V5, ou seja, cinco folhas completamente expandidas.



Figura 1. Produtividade de milho (kg.ha-1), em função da população de Dichelops melacanthus em convivência com a cultura nos primeiros 21 dias após emergência (DAE).

Fonte: Rodrigues (2011)

A dessecação da lavoura em pré-semeadura do milho, com o uso de inseticidas em conjunto a herbicidas é uma das principais práticas de manejo visando o controle dos percevejos presentes na área de produção, contudo, em algumas situações o controle da praga pode ser prejudicado em função do percevejo se abrigar na palhada residual da cultura antecessora no sistema plantio direto.

Levando em consideração a dificuldade de controle da praga e o período crítico de ocorrência desse percevejo na cultura do milho, medidas complementares a dessecação com a adição de inseticidas necessitam ser tomadas a fim de evitar os danos ocasionados pelo barriga-verde no milho. Uma das principais ferramentas disponíveis para isso é o tratamento de sementes do milho com inseticidas. Mas todo inseticida apresenta eficiência no controle do percevejo barriga-verde?

Analisando o controle do percevejo barriga-verde por meio do tratamento de sementes de milho com inseticidas, Fernandes; Ávila; Silva (2019) observaram que dentre os inseticidas avaliados, os maiores índices de controle de Dichelops melacanthus foram obtidos com clotianidina e tiametoxam, variando, respectivamente, de 90% a 97,5% e de 80% a 97,5% (Fernandes; Ávila; Silva., 2019). Os autores também observaram que o tratamento midacloprido + tiodicarbe (45 g i.a./ha + 135 g i.a./ha) apresentou bom nível de controle, entretanto apenas aos 7 DAE.

Tabela 1. Número médio de insetos mortos (N) e porcentagem (%) de controle (C) de adultos do percevejo Dichelops melacanthus em diferentes tratamentos químicos aplicados nas sementes de milho, aos 7 dias após as infestações realizadas aos 7, 14, 21 e 28 dias após a emergência das plantas (DAE) em casa de vegetação. Dourados, MS(1) .

(1)Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p < 0,05).
Fonte: Fernandes; Ávila; Silva (2019)

Os autores ainda demonstram que dentre os produtos avaliados no controle do percevejo barriga verde via tratamento de sementes do milho, os menores danos em plantas de milho aos 35 DAE foram observados com o uso de Clotianidina no tratamento de sementes, destacando a importante contribuição do produto para o bom estabelecimento da lavoura.

Figura 2. Valores médios de notas de danos, observados nas plantas de milho aos 35 dias após a emergência das plantas, nos diferentes tratamentos químicos aplicados nas sementes de milho, visando ao controle de Dichelops melacanthus, em casa de vegetação. Dourados, MS(1).

Fonte: Fernandes; Ávila; Silva (2019)

Clique aqui e confira o trabalho completo de Fernandes; Ávila; Silva (2019).


Veja mais: Invasoras do milho safrinha no Centro-Oeste


Referências:

FERNANDES, P. H. R.; ÁVILA, C. J.; SILVA, I. F. CONTROLE DO PERCEVEJO Dichelops melacanthus POR MEIO DE INSETICIDAS APLICADOS NAS SEMENTES DE MILHO. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 82, 2019. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/202048/1/BP-82-2019-CREBIO.pdf >, acesso em: 23/09/2021.

GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. MANEJO E CONTROLE E PRAGAS DO MILHO SAFRINHA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Milho Safrinha 2019, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/354/354/5ebc46562b3e23b8b4cbb5fa16275a971d474ae699160_03-pragas-do-milho-safrinha-2019-somente-leitura-.pdf >, acesso em: 20/09/2021.

RODRIGUES, R. B. DANOS DO PERCEVEJO-BARRIGA-VERDE Dichelops melacanthus (DALLAS, 1851) (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) NA CULTURA DO MILHO. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Maria, 2011. Disponível em: < https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/5048/RODRIGUES%2C%20RODRIGO%20BORKOWSKI.pdf?sequence=1&isAllowed=y >, acesso em: 23/09/2021.

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