Alguns fungos, infectam sementes e solo, podendo acometer a soja desde o início do seu desenvolvimento. Ambos podem ocasionar significativas perdas de produtividade, podendo causar a redução do estande de planta e/ou debilitando as plantas sobreviventes a infecção.

Dentre as principais espécies que infectam sementes e solo, destacam-se Diaporthe spp., Colletotrichum truncatum, Cercospora spp., Fusarium spp., Corynespora cassiicola, Sclerotinia sclerotiorum e Rhizoctonia solani. Os danos variam em função do patógeno e severidade da infecção, algumas espécies, ainda possuem a habilidade de se hospedar em resíduos vegetais, e também formar estruturas de resistência, o que limita o manejo pensando na rotação de culturas e/ou controle químico, especialmente se tratando de fungos de solo.

Como principal e mais utilizada estratégia de manejo, podemos destacar o tratamento de sementes com fungicidas. O tratamento de sementes de soja tem como finalidade a manutenção da qualidade fisiológica das sementes, protegendo-a da incidência de pragas e doença durante o período inicial do desenvolvimento da cultura. Além de fungicidas e inseticidas, também é possível adicionar substâncias bioestimulantes e micronutrientes ao tratamento de sementes para suprir alguma demanda nutricional, e/ou intensificar o manejo biológico.

Com isso em vista, posicionar o fungicida adequado para o tratamento de sementes, com base nos patógenos e histórico de ocorrência das doenças na propriedade é essencial para garantir o adequado controle de doenças no período inicial do desenvolvimento da soja. Analisando a eficiência de diferentes fungicidas no controle de Diaporthe spp., Colletotrichum truncatum, Cercospora spp., Fusarium spp., Corynespora cassiicola, Sclerotinia sclerotiorum e Rhizoctonia solani via tratamento de sementes, Utiamada et al. (2023), avaliaram  a emergência inicial e final, o tombamento de pré e pós-emergência, danos, plântulas lesionadas e o controle dessas doenças nas sementes de soja via tratamento de sementes.

Foram avaliados tanto produtos registrados para o tratamento de sementes de soja, quando produtos não registrados atualmente, a fim de verificar a eficiência de alguns princípios ativos e associações, no controle dos diferentes patógenos. Conforme resultados observados, para o controle de Fusarium spp., o maior controle foi obtido com carboxamida SYN549522 + fludioxonil + mefenoxam + difenoconazol (86%) e mancozebe + tiofanato metílico (81%), ambos, produtos sem registro para o controle da doença via tratamento de sementes de soja. O tiofanato metílico apresento o menor nível de controle de Fusarium spp. (30%), já para os demais tratamentos analisados, o controle variou entre de 58% (carboxina + tiram) a 72% (ipconazol + tiram e mancozebe) (Utiamada et al., 2023).

Tabela 1. Incidência de Fusarium spp. (%) nas sementes no Blotter Test e controle (%) em relação à testemunha inoculada, em função dos diferentes fungicidas aplicados nas sementes de soja, safra 2022/2023.
Fonte: Utiamada et al. (2023)

No controle de Diaporthe spp., os resultados obtidos por Utiamada et al. (2023) demonstram que, todos os fungicidas avaliados proporcionaram controles superiores a 80%, variando de 81% (tiofanato metílico) a 92% (tiofanato metílico + fluazinam), destacando a importante contribuição do tratamento de sementes no manejo desse fungo. Embora os danos em função da infecção por Diaporthe spp., estejam frequentemente ligados a qualidade fisiológica das sementes (mais específico a germinação delas), ao pouco que se conhece sobre a anomalia das vagens e quebramento das hastes de soja, sabe-se que pode estar relacionada aos fungos do gênero Diaporthe. Logo, estratégias de manejo como o tratamento de sementes pode contribuir para o manejo dessa doença, através do controle do Diaporthe spp.

Tabela 2. Incidência de Diaporthe spp. (%) nas sementes no Blotter Test e controle (%) em relação à testemunha inoculada, em função dos diferentes fungicidas aplicados nas sementes de soja, safra 2022/2023.
Fonte: Utiamada et al. (2023)

Com relação ao controle do fungo Colletotrichum truncatum, conforme analisado por Utiamada et al. (2023), dentre os fungicidas avaliados no tratamento de sementes, o menor controle do fungo foi observado com o emprego de tiofanato metílico (58%). Os melhores resultados de controle, foram obtidos com os tratamentos ipconazol + tiram, tiofanato metílico + clorotalonil, metalaxil-M + tiabendazol + fludioxonil, carboxamida SYN549522 + fludioxonil + mefenoxam + difenoconazol, carboxina + tiram e  tiofanato metílico + fluazinam, variando entre 78% e 86%.

Tabela 3. Incidência de Colletotrichum truncatum (%) nas sementes no Blotter Test e controle (%) em relação à testemunha inoculada, em função dos diferentes fungicidas aplicados nas sementes de soja, safra 2022/2023.
Fonte: Utiamada et al. (2023)

Para Cercospora spp., todos os tratamentos contendo fungicidas no tratamento de sementes apresentaram menor incidência do fungo, sendo que, os maiores controles foram verificados com os tratamentos carboxamida SYN549522 + fludioxonil+ mefenoxam + difenoconazol (96%) e ipconazol + tiram (94%), enquanto o menor nível de controle foi observado com o uso de tiofanato metílico (34%). Além desses, os demais fungicidas analisados apresentaram níveis de controle variando entre 81% (metalaxil-M + tiabendazol + fludioxonil) e 91% (tiofanato metílico + fluazinam) (Utiamada et al., 2023).

Tabela 4. Incidência de Cercospora spp. (%) nas sementes no Blotter Test e controle (%) em relação à testemunha, em função dos diferentes fungicidas aplicados nas sementes de soja, safra 2022/2023.
Fonte: Utiamada et al. (2023)

Relacionado ao controle de Corynespora cassiicola, Utiamada et al. (2023) observaram que, o maior controle foi verificado com carboxamida SYN549522 + fludioxonil + mefenoxam + difenoconazol (97%). Para os demais fungicidas avaliados os controles variaram de 83% (metalaxil-M + tiabendazol + fludioxonil) a 90% (carboxina + tiram).

Tabela 5. Incidência de Corynespora cassiicola (%) nas sementes no Blotter Test e controle (%) em relação à testemunha, em função dos diferentes fungicidas aplicados nas sementes de soja, safra 2022/2023.
Fonte: Utiamada et al. (2023)

No controle de Sclerotinia sclerotiorum, todos os fungicidas avaliados proporcionaram controle superior a 92% (tabela 6), não havendo diferença significativa de incidência da doença para os tratamentos contendo fungicidas, sendo, portanto, considerados eficientes para o controle desse patógeno.

Tabela 6. Incidência de Sclerotinia sclerotiorum (%) nas sementes no Teste do papel toalha modificado e controle (%) em relação à testemunha, em função dos diferentes fungicidas aplicados nas sementes de soja, safra 2022/2023.
Fonte: Utiamada et al. (2023)

Por fim, para o controle de Rhizoctonia solani os tratamentos com fungicidas o maior ID (índice de doença) e o menor controle foi observado com o fungicida carboxina + tiram (55%). Os demais fungicidas avaliados não diferiram entre si para o índice de doença e proporcionaram controles variando de 73% (ipconazol) a 88% ( carboxamida SYN549522+ fludioxonil + mefenoxam + difenoconazol) (Utiamada et al., 2023).

Tabela 7. Índice de doença (ID%) de Rhizoctonia solani dado pela Fórmula de McKinney em função dos diferentes fungicidas aplicados nas sementes de soja, safra 2022/2023.

Fonte: Utiamada et al. (2023)

Com base nos aspectos observados e resultados obtidos por Utiamada et al. (2023), pode-se dizer que o tratamento de sementes com fungicidas é essencial para reduzir a incidência de doenças causadas por patógenos de solo e sementes, havendo diferença de eficiência entre fungicidas.

Confira o conteúdo completo do estudo desenvolvido por Utiamada e colaboradores (2023) clicando aqui!



Veja mais: DFC’s na cultura da soja


Referências:

UTIAMADA, C. M. et al. EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DE SEMENTES DE SOJA COM FUNGICIDAS, NO CONTROLE DOS PRINCIPAIS FUNGOS DE SEMENTES E DE SOLO, SAFRA 2022/2023: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS EXPERIMENTOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 200, 2023. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1158969/1/CT-200-OL-Claudia-GodoyRede-TS-06dez.pdf >, acesso em: 07/02/2024.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.