Uma das doenças fungicidas mais preocupantes que acometem a cultura da soja é o mofo-branco, causando pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum. Segundo Meyer et al. (2019), estima-se que aproximadamente 28% das áreas de produção de soja no Brasil estejam infestadas com o mofo-branco, e os danos em decorrência da doença podem variar de 20% a 30%, podendo chegar a 70% em casos mais severos.

Como característica particular do mofo-branco, o fungo produz estruturas reprodutivas denominadas escleródios com significativa resistência, que contribuem para a manutenção e dispersão da doença em áreas de produção. Sob condições adequadas de temperatura e umidade, os escleródios germinam dando origem a apotécios, que liberam o inóculo do fungo infectando as plantas.

Em virtude da dificuldade em erradicar a doença de áreas de cultivo, medidas complementares ao controle químico necessitam ser adotadas a fim de reduzir a pressão de inóculo e a dispersão do mofo-branco, garantindo também a manutenção da eficiente de fungicidas no controle da doença. Além do uso de sementes de qualidade e da rotação de culturas, uma das medidas de manejo complementares ao uso de fungicidas é o controle biológico com o emprego de microrganismos.



Dentre esses microrganismos, os mais amplamente utilizados no Brasil são algumas espécies do fungo Trichoderma e da bactéria Bacillus. Os microrganismos parasitam e degradam os escleródios no solo, reduzindo a densidade de inóculo do patógeno nas áreas infestadas (Meyer; Campo; Lobo Junior, 2019).

Conforme analisado por Braúna (2011), para condições “in vitro”, no caso do Trichoderma, os metabolitos não voláteis produzidos por fungo inibem o crescimento do micélio de S. sclerotiorum apresentando potencial para uso como biocontrole do mofo-branco. Avaliando o controle do mofo-branco com palhada e Trichoderma harzianum 1306 em soja, Görgen et al. (2009), observaram que independente da condição de cobertura do solo (com e sem palhada de braquiária), o uso do Trichoderma contribui para a redução da incidência de mofo-branco, quando comparação a testemunha (sem aplicação de Trichoderma), destacando a importante contribuição desse microrganismo no manejo integrado do mofo-branco em soja.

Figura 1. Relação entre a incidência do mofo-branco na cultivar de soja M-Soy 7908 na safra 2007/2008, em tratamentos com histórico em 2006/2007 com ou sem palhada de Brachiaria ruziziensis, e doses de T. harzianum 1306 com 2×109 esporos viáveis mL-1, em Jataí, GO, em 2007/2008.

* e **Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente Fonte: Görgen et al. (2009)

Cabe destacar que embora apresente aptidão e potencial para uso no manejo integrado do mofo-branco em soja, a ação de Trichoderma spp. é extremamente dependente de condições ambientais favoráveis ao seu estabelecimento no solo, o que pode limitar sua eficiência de controle sobre os fitopatógenos infestadas (Meyer; Campo; Lobo Junior, 2019).


Veja mais: Mofo-branco – sementes de soja podem ser fonte de inoculo da doença


Referências:

BRAÚNA, L. M. CONTROLE BIOLÓGICO DO MOFO BRANCO POR ISOLADOS DE Trichoderma NAS CULTURAS DE SOJA E FEIJÃO COMUM. Universidade de Brasília, Dissertação de Mestrado, 2011. Disponível em: < https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/11198/1/2011_LeonardoMinareBrauna.pdf >, acesso em: 10/10/2022.

GÖRGEN, C. A. et al. CONTROLE DO MOFO-BRANCO COM PALHADA E Trichoderma harzianum 1306 EM SOJA. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.44, n.12, p.1583-1590, dez. 2009. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pab/a/gY9xrYvnsnc66RpRmBbBftj/?format=pdf&lang=pt >, acesso: 10/10/2022.

MEYER, M. C. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE MOFO-BRANCO (Sclerotinia sclerotiorum) EM SOJA, NA SAFRA 2018/19: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS EXPERIMENTOS COOPERATIVOS. Circular Técnica, n. 152, 2019. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/201444/1/CT152-OL-1.pdf >, acesso em: 10/10/2022.

MEYER, M. C.; CAMPOS, H. D.; LOBO JÚNIOR, M. AVALIAÇÃO À CAMPO DE Trichoderma EM MOFO-BRANCO. Trichoderma: uso na agricultura, CAP. 13, Embrapa, 2019. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1117296/trichoderma-uso-na-agricultura >, acesso em: 10/10/2022.

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