O trigo, é altamente responsivo a adubação nitrogenada. Em média, são necessários cerca de 27 kg de N para a produção de uma tonelada de grãos. Conforme destacado por De Bona; De Mori; Wiethölter (2016), a absorção de Nitrogênio pelo trigo varia em função do estádio de desenvolvimento da cultura, sendo maior durante o período da antese (Figura 1).
Figura 1. Marcha de absorção de nitrogênio na cultura do trigo.

Normalmente, a adubação com Nitrogênio no trigo é fracionada, parte na semeadura, parte em cobertura na pós-emergência da cultura. Visando reduzir as perdas do nutriente por lixiviação, aconselha-se que a quantidade ofertada de Nitrogênio na semeadura não seja superior a 20 kg ha-1.
Quando necessário o fracionamento da dose de N em cobertura, a primeira parcela deve ser fornecida no afilhamento (ou perfilhamento), e a segunda parcela no alongamento do colmo (De Bona; De Mori; Wiethölter, 2016).
Adubação nitrogenada e o aumento da proteína do trigo
A força de glúten é um dos principais fatores levados em consideração para classificar comercialmente o trigo em classes (tabela 1). Embora características relacionadas a cultivar possam expressar influência sobre essa classificação, no geral, o teor de proteína dos grãos está relacionado com a força de glúten.
Tabela 1.Classificação de trigo do Grupo II, destinado à moagem e a outras finalidades.

Conforme observado por Gutkoski; Rosa Filho; Trombetta (2002), há uma relação linear positiva entre o teor de proteínas nos grãos e a força de glúten (Figura 2). No entanto, essas respostas podem variar de acordo com a cultivar.
Figura 2. Regressão linear entre a força geral do glúten e o teor de proteínas para amostras dos cultivares de trigo OR 1 e RUBI.

Fonte: Gutkoski; Rosa Filho; Trombetta (2002)
Sobretudo, o ambiente é um dos principais fatores responsáveis pelo aumento da qualidade dos grãos de trigo. Para potencializar um aumento do teor de proteínas nos grãos de trigo, uma alternativa de manejo é adotar a adubação nitrogenada em estádios mais avançados do desenvolvimento da cultura, em especial após o emborrachamento.
A aplicação tardia de Nitrogênio em cobertura, após a fase de emborrachamento, geralmente não afeta o rendimento de grãos, mas pode aumentar o teor de proteína do grão, sem que necessariamente, em todas as situações, o valor da força de glúten seja alterado a tal ponto de modificar a classificação comercial do produto colhido.
Vale destacar que essas respostas podem variar em função da cultivar, fatores bióticos e abióticos, sendo que, não necessariamente a adubação tardia com N resulte no aumento da força de glúten, no entanto, conforme analisado por Hanel; Escosteguy; Klein (2013), aplicações fracionadas de Nitrogênio contemplando os períodos do afilhamento, elongação (alongamento) e emborrachamento podem contribuir para o aumento do teor de proteína nos grãos, em comparação a aplicação de nitrogênio apenas no afilhamento, demonstrando que a aplicação tardia de Nitrogênio é uma alternativa interessante para estimular o aumento do teor de proteína nos grãos.
Veja mais: Quais os herbicidas pós-emergentes para o controle do azevém no trigo?
Referências:
ALMEIDA, J. L. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: SAFRAS 2024 & 2025. Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, 2024. Disponível em: < https://static.conferenceplay.com.br/conteudo/arquivo/infotecnitrigotriticalesafras20242025livrodigitalfinal-1721832775.pdf >, acesso em: 13/08/2024.
DE BONA, F. D.; DE MORI, C.; WIETHÖLTER, S. MANEJO NUTRICIONAL DA CULTURA DO TRIGO. IPNI, Informações Agronômicas, n. 154, 2016. Disponível em: < http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/47520FE3CAA3AEF183257FE70048CC16/$FILE/Page1-16-154.pdf >, acesso em: 13/08/2024.
GUTKOSKI, L. C.; ROSA FILHO, O.; TROMBETTA, C. CORRELAÇÃO ENTRE O TEOR DE PROTEÍNAS EM GRÃOS DE TRIGO E A QUALIDADE INDUSTRIAL DAS FARINHAS. B.CEPPA, 2002. Disponível em: < https://core.ac.uk/download/pdf/328054163.pdf >, acesso em: 13/08/2024.
HANEL, J.; ESCOSTEGUY, P. A. V.; Klein, C. B. RENDIMENTO E TEOR DE PROTEÍNA BRUTA DE GRÃO DE TRIGO ADUBADO COM FERTILIZANTES NITROGENADOS ESTABILIZADOS. XXXIV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2013. Disponível em: < https://www.sbcs.org.br/cbcs2013/anais/arquivos/2363.pdf >, acesso em: 13/08/2024.