Chicago:

Diante da continuidade dos problemas na safra russa de trigo, e alguns problemas climáticos nos EUA, o trigo viu suas cotações, em Chicago, dispararem mais uma vez.

Enquanto o primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (23) em US$ 6,98/bushel, contra US$ 6,63 uma semana antes, e US$ 5,81 no início de maio, os meses futuros superaram facilmente os US$ 7,00/bushel nesta semana. As atuais cotações são as mais elevadas desde o final de julho do ano passado.

Por sua vez, os embarques de trigo, por parte dos EUA, somaram 205.612 toneladas na semana encerrada em 16/05, ficando abaixo do esperado pelo mercado. No total do atual ano comercial os EUA já embarcaram 17,9 milhões de toneladas, porém, isso ainda é 7% abaixo do registrado em igual momento do ano anterior.

E na Argentina, segundo o governo local, a área a ser plantada com trigo, neste ano, será maior, passando a 6,15 milhões de hectares, contra 5,9 milhões no ano anterior. Assim, enquanto projeta-se uma redução importante na área brasileira, na Argentina a mesma terá aumento. O plantio de trigo está iniciando no vizinho país.

E na Rússia, a consultoria IKAR voltou a reduzir a safra local de trigo, passando a mesma, agora, para 83,5 milhões de toneladas. Com isso, a projeção de exportação de trigo russo recua para 45 milhões de toneladas. Este fato tem sido um dos principais elementos causador das elevações recentes nas cotações do trigo em Chicago.

Brasil:

E no Brasil, diante deste conjunto de fatores e mais o fato de não haver grande disponibilidade de trigo de qualidade superior, devido a péssima safra do ano anterior, os preços do cereal superior continuaram subindo, confirmando a tendência para este período de entressafra. A semana fechou com a média gaúcha batendo em R$ 64,87/saco, enquanto no Paraná o produto chegou à média de R$ 74,00/saco.

Sobre a futura safra de trigo gaúcha, há uma grande incógnita climática. O plantio, devido às enchentes e a continuidade das chuvas, está bastante atrasado e as perspectivas de um clima seco no segundo semestre, devido a um novo La Niña, preocupam.

Por enquanto, a Conab projeta um recuo de 11,1% na área brasileira de trigo neste ano, mas este percentual pode rapidamente subir em função da situação gaúcha e da decisão de semear ou não de seus produtores.

Entretanto, a recente recuperação dos preços internos do trigo pode levar os produtores brasileiros a reverem a sua posição se semear menos o cereal. É bom lembrar que, nos últimos anos, as margens recuaram bastante devido às perdas pelas intempéries. “Segundo cálculos da Equipe de Custos do Cepea, a receita estimada em abril/24 estava apenas em linha com o custo operacional, o que significa que, quando considerados os custos totais, as margens ficam negativas. Em 2023, as estimativas do Cepea apontavam margem positiva quando se comparavam receita bruta e custo operacional.”.

Assim, por enquanto, diante de tudo o que vem ocorrendo, os agricultores estão pouco animados a cultivar trigo em 2024, especialmente no Rio Grande do Sul. Mas a falta de opções para o cultivo de inverno no sul do país, tanto em termos climáticos quanto em termos de preços, frente aos custos de produção, deve ainda manter um plantio de trigo importante, mesmo que em recuo sobre 2023.

 

Autor/Fonte: CEEMA UNIJUÍ –  Prof. Dr. Argemiro Luís Brum – Comentários referentes ao período entre 17/05/2024 e 23/05/2024

FONTE

Autor:Prof. Dr. Argemiro Luís Brum

Site: CEEMA UNIJUÍ

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