As cotações do trigo, em Chicago, voltaram a se aproximar dos US$ 8,00/bushel. O fechamento desta quinta-feira (17) ficou em US$ 7,98/bushel, contra US$ 7,71 uma semana antes. A média de dezembro/21 ficou em US$ 7,87, enquanto a de janeiro recuou 1,9%, ficando em US$ 7,72/bushel.

As vendas de trigo por parte dos EUA, na semana encerrada em 10/02, ficaram em 118.100 toneladas, representando 61% abaixo da média das quatro semanas anteriores. No atual ano comercial os EUA já exportaram 13,2 milhões de toneladas, contra 16,8 milhões no mesmo período do ano anterior. O governo do país norteamericano espera exportar um total de 22,05 milhões de toneladas em 2021/22.

Por sua vez, a Rússia deverá atingir uma produção de trigo ao redor de 84,8 milhões de toneladas neste ano, após revisão para cima nas projeções existentes. O clima favorável é a razão deste aumento segundo a consultoria Sovecon. A Rússia é o principal exportador mundial de trigo, tendo na Turquia e no Egito seus principais compradores. A atual projeção de produção é 11,6% superior ao colhido no ano passado. Mas ainda há tempo para o início da colheita naquele país, fato que pode alterar as projeções indicadas.

E no Brasil, os preços se mantêm estáveis, com a média gaúcha no balcão fechando a semana em R$ 85,90/saco, enquanto no Paraná os valores giraram entre R$ 87,00 e R$ 90,00/saco, com leve baixa no norte do Estado. Tais preços podem estimular o plantio, apesar de os altos custos de produção assustarem. Porém, no sul do país os produtores podem apostar no trigo para tentarem recuperar parte dos enormes prejuízos que ocorrem na atual safra de verão.

Por outro lado, segundo a Conab, em seu mais recente relatório, a última safra brasileira ficou em 7,68 milhões de toneladas, com alta de 23,2% sobre a frustrada safra anterior, sendo que a área nacional semeada com o cereal cresceu 17% sobre 2020, chegando a 2,73 milhões de hectares. Com isso, a produtividade nacional ficou em 2.803 quilos/hectare (46,7 sacos/hectare), ou seja, 5,3% acima do registrado na safra anterior.

Dito isso, neste meados de fevereiro os negócios com trigo nacional se dão particularmente em função da necessidade de os produtores liberarem espaço para a entrada da safra de verão, embora esta venha bem menor do que o esperado.

Importante se faz destacar que, diante da revalorização do Real, as importações ficam mais baratas em moeda nacional, impedindo que os preços internos do trigo subam. Enfim, o Brasil teria importado 501.546 toneladas de trigo em janeiro passado, sendo que 85,4% desse total veio da Argentina.

A maior parte deste volume é referente a contratos fechados nos últimos meses do ano passado, com embarques programados para ocorrer durante a janela de exportação argentina (dezembro a março), segundo operadores que trabalham com importação do cereal. Em janeiro do ano passado as importações somaram 614.152 toneladas, o que significa que no primeiro mês de 2022 o país importou 18,3% menos trigo do que um ano antes. O recuo se deve a maior oferta nacional, após o recorde de produção na última safra, e ao baixo volume de moagem dos moinhos nacionais, diante da redução do consumo interno de derivados de trigo.

O preço da tonelada importada, neste ano, foi 14,7% superior ao valor pago um ano antes, com a mesma atingindo o valor médio de US$ 275,86



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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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