As precipitações recorrentes e em volumes muito elevados (próximos a 300 mm em grande extensão da região produtora), atrasaram o plantio, que avançou apenas 2%, alcançando 39%.
Nas lavouras semeadas recentemente, houve perdas por erosão, encharcamento e compactação superficial, especialmente durante as fases de germinação e emergência. A maioria dos danos corresponde à erosão laminar, concentrada em pontos de convergência do escoamento superficial, o que não exigirá replantio, apesar da redução no estande de plantas. O replantio será necessário apenas em algumas lavouras, situadas predominantemente em solo mais arenoso, onde não foram adotadas práticas adequadas de conservação, ou em regiões de relevo inferior, em que houve acúmulo de água e transbordamento de cursos d’água.
Nas lavouras em fase de desenvolvimento vegetativo, o excesso de umidade e a baixa luminosidade ocasionaram estresse fisiológico, limitando o crescimento e o perfilhamento, além de inviabilizar a execução de tratos culturais, como aplicações de herbicidas, fungicidas e adubação nitrogenada em cobertura.
O tempo mais seco deve proporcionar uma intensificação das atividades de semeadura, visando à adequação ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC).
A previsão de área cultivada no Estado, conforme a Emater/RS-Ascar, é de 1.198.276 hectares. A estimativa inicial de produtividade é de 2.997 kg/ha.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, as lavouras foram severamente afetadas pelas precipitações excessivas. Em Manoel Viana, 65% da área estava semeada. Estima-se necessidade de replantio em diversas áreas, em decorrência de alagamentos e erosões severas, que arrastaram sementes, plântulas e fertilizantes. O potencial produtivo dos cultivos da região está menor. Apenas lavouras com cobertura de solo adequada apresentam melhores condições, pois os processos erosivos não foram tão intensos. Em São Borja, o plantio (30% da área) foi interrompido. Para os cultivos estabelecidos que sofreram perdas por erosão, os produtores buscam informações sobre o acionamento do seguro Proagro.
Em São Gabriel, há clorose foliar nos cultivos, atribuída à deficiência de radiação solar e ao excesso de umidade. Nas áreas mais baixas, onde a água permaneceu por períodos prolongados, observou-se morte de plantas. Na região da Campanha, a semeadura prosseguiu lentamente, limitada pelas chuvas persistentes. Em Caçapava do Sul, Hulha Negra e Dom Pedrito, apenas 10% da área foi implantada. Em Lavras do Sul, o avanço atinge 16%. Os triticultores monitoram o estabelecimento inicial das lavouras para avaliar a necessidade de replantio.
Na de Caxias do Sul, a semeadura, iniciada na semana anterior, foi paralisada. Cerca de 20% dos aproximadamente 250 mil hectares previstos foram implantados. Há preocupação com as condições de germinação, uma vez que as áreas recém-semeadas foram submetidas a volumes pluviométricos superiores a 200 mm.
Na de Frederico Westphalen, a semeadura não avançou. As precipitações severas tendem a impactar negativamente as áreas semeadas recentemente. Nas lavouras em fase vegetativa, observa-se evolução limitada no desenvolvimento das plantas devido à baixa disponibilidade de radiação solar.
Na de Ijuí, a semeadura não pôde ser retomada em função da sequência de dias chuvosos. Contudo, a elevada umidade favoreceu a emergência uniforme e sem falhas. Já nas áreas semeadas recentemente, as chuvas intensas provocaram erosão, sobretudo em lavouras com baixa cobertura de palha. Onde foi adotada a semeadura de culturas outonais (nabo ou ervilhaca) imediatamente após a colheita da soja, os danos erosivos foram reduzidos.
Na de Passo Fundo, a semeadura alcança 5%, e aguardam-se melhores condições edafoclimáticas para a continuidade da operação.
Na de Santa Maria, a semeadura, que chegou a 60% da área projetada, foi paralisada. Porém, a extensão final de plantio poderá ser menor em razão da ocorrência de chuvas em excesso e das enchentes.
Na de Santa Rosa, 56% da área foi implantada, mas há atraso em relação ao ano anterior, quando 70% das lavouras já haviam sido semeadas. O atraso é consequência da ocorrência de chuvas intensas e frequentes por quatro semanas, e já são observadas perdas iniciais. A retomada do plantio das cultivares de ciclo longo deve se concentrar nos dois primeiros decêndios de julho, pois o risco climático é menor nesse período.
Na de Soledade, a semeadura não avançou no período. Os volumes expressivos de precipitação comprometeram as lavouras recém-implantadas, ocasionando erosão laminar significativa e posterior erosão em sulcos, com arraste de solo, de nutrientes e de sementes, especialmente em depressões naturais do relevo, onde houve maior concentração do escoamento superficial. A ausência de práticas conservacionistas mecânicas agravou o problema, e há possibilidade de replantio em determinadas lavouras. Os cultivos já implantados e emergidos se estabeleceram bem. Estima-se que 45% da área prevista esteja semeada.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, ocorreu redução de -0,04% quando comparado à semana anterior, de R$ 70,63 para R$ 70,60. Em Cruz Alta, o preço para produto disponível manteve-se em R$ 78,00.
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Fonte: Emater RS