InícioDestaqueUmidade da soja na colheita e correção do peso de grãos

Umidade da soja na colheita e correção do peso de grãos

A colheita da soja é considerada uma das etapas mais importantes no processo produtivo da cultura, estando suscetível a perdas, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. O atraso na colheita pode resultar em perdas devido à absorção e perda de água pelas sementes no campo, além da possibilidade de abertura dos legumes, resultando em perdas de grãos.

Nesse sentido, um aspecto importante a ser considerado durante a colheita é o conteúdo de água das sementes. Sementes com umidade inferior a 12% (consideradas secas) tendem a sofrer danos mecânicos imediatos, como fissuras, rachaduras e quebras. Por outro lado, sementes com teor de umidade acima de 14% são mais suscetíveis a danos mecânicos latentes, caracterizados por amassamento e abrasões (França-Neto et al., 2016).

Figura 1. Dano mecânico latente e imediato diagnosticado através do teste de tetrazólio. A semente da esquerda apresenta dano mecânico latente resultante de abrasão nos sistemas de trilha e de transporte na colhedora quando a semente é colhida úmida. A semente da direita apresenta dano mecânico imediato resultante de impacto nos sistemas de trilha e transporte na colhedora quando a semente é colhida muito seca.

Foto: José de Barros França-Neto.

A indicação para a colheita da soja, de acordo com Portugal & Silveira (2021), é quando 95% ou mais dos legumes apresentam coloração marrom ou cinza, indicando que a lavoura está madura. Entretanto, para evitar a quebra e amassamento dos grãos, a recomendação é realizar a colheita quando os grãos/sementes alcançarem uma umidade situada entre 13% e 15%, a fim de prevenir perdas produtivas e preservar a qualidade dos grãos. Sementes colhidas com teor de umidade superior a 15% estão mais propensas a sofrer danos mecânicos latentes (não aparentes), enquanto aquelas colhidas com teor inferior a 13% estão suscetíveis a danos mecânicos imediatos.



Após a colheita, a umidade dos grãos deve ser avaliada e, conforme o teor de umidade verificado, torna-se necessário realizar o processo de secagem antes de proceder ao armazenamento. Essa fase é essencial para garantir que os grãos mantenham suas propriedades nutricionais até o momento de serem utilizados.

Conforme Lorini et al. (2020), em lotes com um teor de umidade superior a 16%, é aconselhável optar por um processo de secagem mais lento, visando evitar possíveis danos físicos nos grãos. Para preservar a qualidade tecnológica do produto, é crucial não permitir que a temperatura na massa de grãos ultrapasse os 60 °C. Nos secadores, essa condição é alcançada através da introdução de ar aquecido, aproximadamente em torno de 70 °C.

O objetivo principal do processo de secagem é uniformizar a umidade na massa de grãos, viabilizando seu armazenamento com segurança. De maneira geral, esse processo visa assegurar que a soja atinja 13% de umidade para o armazenamento de grãos e 12% para o armazenamento de sementes. Nesse sentido, ao realizar a secagem, a redução da umidade nos grãos ou sementes pode acarretar uma redução na produção quando comparada aos valores observados durante a colheita no campo. Para a quantificação precisa da produção, é possível empregar uma fórmula predefinida para grãos ou sementes, possibilitando a estimativa do peso dos grãos para qualquer nível de umidade desejado.

Figura 2. Correção peso de grãos de acordo com a umidade.

Uma vez que a relação entre a umidade e o peso de grãos ou sementes não ocorre de forma linear, a maneira apropriada de calcular a produção ou peso de um lote é por meio da aplicação de uma fórmula. Essa fórmula permite realizar correções precisas para qualquer nível desejado de umidade.  A seguir, podemos observar um exemplo, onde deseja-se reduzir a umidade de um lote de 1000 Kg de sementes com umidade de 16% para a umidade de 13%.

Figura 3. Exemplo do cálculo de correção de umidade

Além da importância do teor de umidade para a qualidade dos grãos, França-Neto et al. (2016) destacam que é necessário considerar que, durante a maturação fisiológica e antes da colheita, existe o risco de deterioração devido à umidade. A exposição da soja a ciclos alternados de elevada e baixa umidade, seja por influência de chuvas ou flutuações diárias na umidade relativa do ar, pode resultar em danos decorrentes da deterioração por umidade. Aliás, esse cenário propício à umidade pode desencadear alterações fisiológicas e processos de degradação promovidos por fungos.

Além das consequências diretas na qualidade da semente, a deterioração por umidade pode resultar em maior índice de danos mecânicos na colheita. Isso ocorre porque sementes deterioradas tornam-se particularmente vulneráveis a impactos mecânicos, agravando ainda mais o potencial de prejuízos na integridade dos grãos durante o processo de colheita (França-Neto et al., 2016).

Visto que a qualidade das sementes é significativamente influenciada pelo nível de umidade, torna-se crucial monitorar o teor de umidade das plantas no campo. Mesmo ao atingir a maturidade, é essencial levar em consideração o teor de umidade dos grãos para realizar a colheita, tomando as medidas necessárias para realizar o processo de secagem, assegurando, assim, a qualidade das sementes ou grãos produzidos.


Veja mais: Sementes esverdeadas influenciam a qualidade da semente?



Referências:

FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTE DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, documentos, 380. Londrina – PR, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 17/01/2024.

LORINI, I. et al. COLHEITA E PÓS-COLHEITA DE GRÃOS. Tecnologias de Produção de Soja, sistemas de produção, 17, cap.14. Embrapa Soja, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 17/01/2024.

PORTUGAL, F. A. F.; SILVEIRA, J. M. SOJA:COLHEITA. Embrapa, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/soja/producao/colheita >, acesso em: 17/01/2024.

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Equipe Mais Soja
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