*Por Jefferson Castro, Gerente Executivo e Head da Unidade B2B da Atech
Um dos setores mais antigos do mundo, o agronegócio precisa incorporar a transformação digital para superar diferentes desafios. Um deles é conseguir aumentar a produção de alimentos em 70% até 2050, período em que a população mundial deve se aproximar da marca de 10 bilhões de pessoas, segundo conclusão da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Outra questão é: com as pessoas preferindo cada vez mais a vida nas grandes cidades, e não no campo, como transferir e reciclar o conhecimento de várias gerações de agricultores para atender às demandas dos novos tempos?
O que muitos podem considerar barreiras para impulsionar a inovação no campo, vejo como oportunidade. Uma das alternativas para avançar nesse processo é olhar para outros segmentos que elevaram o nível de eficiência por meio da tecnologia. Neste contexto, a aviação é sem dúvida um bom exemplo de extrema maturidade tecnológica a ser seguido. Unindo-se critérios de segurança, inovação, eficiência e rapidez, muitas das tecnologias aplicadas na aviação poderão alcançar a maturidade necessária para entrar em produção em outros setores críticos para o desenvolvimento do país, entre eles a agricultura.
Inovação alça eficiência no transporte aéreo
O espaço aéreo brasileiro é uma imensidão de 22 milhões de quilômetros quadrados, atravessado, a todo momento, por milhares de aviões. Segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), só no mês de junho deste ano, foram 1.319 decolagens, 28% a mais que o registrado em maio. Diante desse fato, os controladores precisam saber, com precisão, quais aeronaves estão voando ao mesmo tempo e assegurar que elas cruzem os céus em segurança.
Para controlar toda essa área, o Brasil possui vários sistemas de controle aéreo e, por razões óbvias, não poderiam ser operados de forma manual. Por isso, cada vez mais, os processos na aviação vêm sendo automatizados para garantir maior eficácia da operação e precisão no monitoramento do tráfego aéreo.
Assim, o controle aéreo se converte em um grande centro tecnológico, gerenciado de forma remota. A inovação tem elevado os níveis de segurança e confiabilidade, requisitos inegociáveis para a indústria aeronáutica, mas também ajuda a promover maior eficiência operacional. O próximo passo já foi dado, que é preparar as cidades para o crescimento da mobilidade urbana área e, para isso, será imprescindível lançar mão de soluções de gerenciamento do tráfego aéreo de drones e veículos aéreos. Mas afinal, existe uma sinergia entre a aviação e o campo em termos de inovação? E o que uma área pode aprender com a outra?
O campo e a busca pela vocação tecnológica
Eu não tenho dúvidas de que o Brasil tem vocação para inovação. Mas há uma percepção gerada pelo senso comum de que este potencial tecnológico tem mais identificação com o setor da aviação. Quais são os aspectos que levam a esta interpretação? Além disso, o que pode estar distanciando o campo dessa vocação tecnológica? Para encurtar essa distância, muitas empresas do agronegócio já iniciaram a sua jornada em busca da inovação, mas esse é um caminho longo a percorrer.
Antes de mais nada, prever o futuro é sempre uma atividade complexa. Por isso, prefiro pensar na criação de um mundo baseado na criação colaborativa e união de esforços e inteligências. As tecnologias da revolução 4.0 permitem a conexão de diferentes experiências, visando ao fortalecimento da colaboração entre setores estratégicos e fundamentais para o país e a partir daí podemos estabelecer um paralelo entre aviação e agricultura, para tentar vislumbrar como serão as fazendas do futuro.
Uma boa maneira do agronegócio criar experiências digitais a partir do conhecimento gerado pela indústria aeronáutica é investir em soluções para geração cada vez mais intensa de dados sobre o campo e em tempo real. Neste contexto, a adoção de tecnologias que habilitam a conectividade e a IoT são grandes aliadas nesse processo de modernização do campo.
Com o domínio das informações, será possível criar soluções que potencializam a qualidade dos processos e o aperfeiçoamento de tarefas, simplificando a rotina dos agricultores, até a adoção da Inteligência Artificial. Essa, por sua vez, tem um papel fundamental para integração do campo com toda a cadeia de suprimentos. O ponto de atenção aqui é que IA tem potencial para elevar o nível de maturidade tecnológica do campo ao ponto que seja autônomo e gerenciado remotamente, assim como acontece com o espaço aéreo.
Outra vantagem da utilização da IA na agricultura é a possibilidade de tomar melhores decisões para combater as mudanças climáticas, de forma proativa e mais assertiva. Além disso, em um cenário de mundo globalizado, a IA também oferece insights sobre toda a cadeia produtiva de forma atender todas as exigências de regulamentação governamental, de forma harmônica e em âmbito global.
A indústria aeronáutica já possui vocação tecnológica há tempos e o caminho está sendo trilhado pelo agronegócio. No futuro, será possível distinguir as empresas de cada setor pela sua capacidade de fazer a inovação acontecer. E com a disseminação de tecnologias como IA, veículos autônomos e gestão remota, será possível controlar o espaço aéreo e uma fazenda, com a mesma capacidade.
O chamamento para a co-criação 4.0 será fundamental para um cenário onde agro e aviação estejam no mesmo patamar de inovação e competitividade. Ambos são cruciais para impulsionar a retomada do crescimento no Brasil. Vamos juntos rumo a esse futuro?
Autor: Jefferson Castro é Gerente Executivo e Head da Unidade B2B da Atech
Fonte: Assessoria de imprensa Grupo Atech