Devido à crescente busca por uma agricultura de menor agressão ao meio ambiente e que garanta segurança alimentar aos consumidores, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma tendência e visa a utilização de processos naturais focados na sustentabilidade ambiental conjuntamente com o uso responsável de agroquímicos para o controle de insetos-praga. Tem como um dos seus pilares o controle biológico, que se refere a utilização de macro ou microrganismos, predadores ou parasitoides, como método de reduzir a população de insetos fitófagos presentes na lavoura.

Dentre as novas tecnologias no controle biológico de pragas tem-se a utilização de vírus patogênicos às pragas. Estes são métodos de controle não agressivos ao ambiente e nem à biodiversidade, visto que os vírus utilizados apresentam alto grau de especificidade, ou seja, só são capazes de parasitar uma espécie em particular. O Baculovirus anticarsia é um dos exemplos de agente biológico de controle. Trata-se de um vírus capaz de controlar a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatallis), a principal e mais comum praga causadora de desfolha direta da cultura da soja.

O vírus quando aplicado na cultura da soja, infecta as lagartas que se alimentam das folhas contaminadas, cessando sua atividade danosa em cerca de 4 dias após o consumo, levando a morte dentro de 7 dias. O sintoma mais evidente apresentado pelas lagartas infectadas é a perda de sua cor, adquirindo tonalidades amareladas, além da lentidão na movimentação. Após a morte, a lagarta escurece gradativamente e apodrece, atuando como fonte de recontaminação, pois após alguns dias, o corpo se rompe e grande quantidade do vírus recai sobre as folhas, fazendo com que, muitas vezes, uma só aplicação do vírus seja suficiente para exercer controle durante toda a safra.

Além de apenas uma aplicação ser suficiente para uma safra, as lagartas mortas contaminadas pelo vírus também podem ser coletas e utilizadas para uma nova pulverização, para isso as mesmas devem ser limpas em água corrente armazenadas a -20º C (temperatura de freezers) com viabilidade de até um ano e meio. Para realizar o preparo da aplicação deve ser utilizado o equivalente a 50 lagartas por hectare, estas devem ser trituradas em liquidificador juntamente com água, coando-se o material.

 Fonte: Embrapa

Portanto, comparando locais onde a mortalidade das lagartas utilizando o B. anticarsia, para o controle, supera os 80% e o dano causado se mantém abaixo do limite de dano econômico, o custo de utilização é inferior em relação a aplicação de produtos químicos. Observa-se, também, a diminuição na população de lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens),  uma vez que o vírus não diminui as populações de inimigos naturais, o que ocorre na aplicação de defensivos agrícolas.



Texto: Alexandre Castro Reis – Bolsista do grupo PET Agronomia/UFSM.

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