O uso do milho brasileiro na produção de etanol no país deve aumentar acentuadamente em 2020, apesar da redução da produção e da demanda pelo combustível rodoviário depois dos bloqueios do Covid-19, informou o USDA em sua atualização anual de biocombustíveis
para o país.
Espera-se que a produção de etanol à base de milho se beneficie à medida que o setor de cana-de-açúcar do país mudar a produção para maximizar a produção de açúcar em relação ao etanol.
O USDA espera que a produção total de 2020 atinja em 31,35 bilhões de litros, uma queda de 16% em relação aos 37,4 bilhões de litros de 2019, com a produção de biodiesel esperada para subir 6%, para 6,3 bilhões de litros. Para o etanol, apesar da queda da produção, espera-se que o milho para a moagem aumente acentuadamente em um momento em que o Brasil registra incremento da demanda interna de ração de seu setor pecuário, levantando questões sobre se o país pode sustentar sua recente forte exportação de milho.
Do etanol produzido, espera-se que 28,6 bilhões de litros sejam de nível combustível, uma queda de 17% em relação ao ano anterior, com o consumo de combustível recuando para 26,8 bilhões de litros, uma queda de 18,5%. Embora a cana-de-açúcar continue sendo a principal matéria-prima do setor de etanol do país, seu uso deve cair 21%, para 326,6 milhões de mt.
Espera-se que o uso de milho quase dobre para 6 milhões de toneladas, representando cerca de 6% da safra de milho esperada no país, e aumentando a produção para 2,5 bilhões de litros. Trata-se de um aumento de quase 1,2 bilhão de litros em relação ao ano anterior e responsável por 8% da oferta de etanol no país.
“A UNEM prevê que o Brasil produza 8 bilhões de litros de etanol de milho até 2028. Se concretizada, isso equivaleria a um quinto da produção de etanol do país até 2028, com base na modelagem de longo prazo da EPE no mercado de etanol sob o RenovaBio antes da
pandemia”, observou o USDA.
A produção de 8 bilhões de litros de etanol à base de milho poderia consumir cerca de 20 milhões de toneladas de milho por ano, com base na taxa de conversão atual de aproximadamente 414 litros de etanol para cada tonelada de milho. O relatório também observa que existem atualmente 11 instalações de produção de etanol à base de milho, a maioria localizadas em Mato Grosso – o maior estado produtor de milho do país – com o restante em Goiás e no Paraná.
Nove plantas são dedicadas ao uso de milho, com duas capazes de alternar entre milho e cana-de-açúcar e capacidade total de produção atualmente em 2,5 bilhões de litros – o que significa que a utilização terá que ser próxima de 100% para atingir a previsão do USDA.
Além disso, outras três usinas estão em construção em Mato Grosso, duas dedicadas à produção de milho e uma matéria-prima flexível, e devem adicionar mais 1,4 bilhão de litros de capacidade nos próximos um a dois anos. Outras sete usinas estão em vários estágios de desenvolvimento, com o relatório observando que, se todas entrarem em operação, adicionarão mais 5,5 bilhões de litros de capacidade. “O potencial de expansão do etanol de milho permanece limitado pela demanda local de combustível, rentabilidade e desafios logísticos.
Atualmente, a demanda está limitada às áreas produtoras de milho no Centro-Oeste, mas pode potencialmente atingir outros estados do Norte-Norte no Brasil”, afirma o relatório.
Fonte: T&F Agroeconômica