Uma das premissas do sistema plantio direto, é que se tenha palhada no sistema, sendo assim, é cada vez mais comum observar o cultivo de plantas de cobertura com a finalidade de produzir palhada residual para o plantio direto. Entretanto, cabe destacar que os benefícios trazidos pelo cultivo de plantas de cobertura vão além da cobertura do solo e podem estar relacionados com a espécie cultivada e manejo utilizado.
Plantas de cobertura como o nabo-forrageiro (Raphanus sativus L.) e a aveia-preta (Avena strigosa S.) são comumente cultivadas no sul do Brasil na entressafra de culturas de verãos como soja e milho. Além de servirem como cobertura do solo, essas plantas de cobertura contribuem para a melhoria de atributos físicos, químicos e biológicos do solo, através do aumento da macroporosidade, ciclagem e liberação de nutrientes no solo, conservação da macro meso e microfauna do solo, além de contribuírem para o controle dos fluxos de emergência de plantas daninhas.
Além dos benefícios citados anteriormente, as plantas de cobertura podem contribuir efetivamente na produtividade da soja e milho cultivados posteriormente. Conforme observado por Caetano et al. (2018), em seu estudo, a soja apresenta considerável aumento da produtividade quando cultivada após plantas de cobertura.
Para compor o estudo os autores submeteram a soja ao cultivo após ervilha-forrageira (Pisum sativum L.) cultivar IAPAR 83, nabo-forrageiro (Raphanus sativus L.) cultivar IPR 116 e aveia-preta (Avena strigosa S.) cultivar EMBRAPA 139, os quais não receberam adubação de base ou cobertura, caracterizando condições de baixo custo de implantação e produção dessas plantas de cobertura (Caetano et al., 2018).
Com base nos resultados obtidos pelos autores, é possível observar um incremento de produtividade da soja de quase 14% em comparação a testemunha, onde as maiores produtividades foram visualizadas na soja cultivada em sucessão ervilha-forrageira e a aveia + nabo-forrageiro.
Tabela 1. Resultados médios para componentes de produção e rendimento da soja (safra 2016/2017) após cultivo sob diferentes plantas de cobertura no inverno.

Boas produtividades de soja cultivada após nabo-forrageiro e aveia-preta também foram observadas em um trabalho anterior por Valicheski et al. (2012), destacando a importante contribuição dessas plantas de cobertura para a boa produtividade do sistema.
Para a cultura do milho, os resultando são similares, conforme observado por Ritter et al. (2018), o cultivo de milho após plantas de cobertura apresenta produtividade superior a testemunha. Embora no trabalho realizado por Ritter et al. (2018) os autores não tenham encontrado diferença estatística para a produtividade do milho em função a diferentes coberturas do solo, os resultados médios apontam diferença de produtividade de até 1173 Kg.ha-1 ou seja, quase 20 sc.ha-1.
Tabela 2. Rendimento do milho em relação às diferentes coberturas de solo.

Sendo assim, fica evidente a contribuição das plantas de cobertura para a produtividade de culturas como soja e milho, uma vez que além de contribuírem para a cobertura do solo, seus resíduos culturais servem como fonte de nutrientes para a cultura sucessora. Além disso, o uso de plantas de cobertura auxilia no manejo fitossanitário das culturas de soja e milho, sendo fundamentais para a sustentabilidade do sistema plantio direto.
Referências:
CAETANO, J. H. S. et al. PRODUTIVIDADE DA SOJA EM SUCESSÃO A PLANTAS DE COBERTURA. XII Reunião Sul Brasileira de Ciência do Solo, 2018. Disponível em: < http://www.sbcs-nrs.org.br/rsbcs/docs/trab-6-2058-755.pdf >, acesso em: 24/02/2021.
RITTER, P. et al. USO DE DIFERENTES PLANTAS DE COBERTURA COMO ALTERNATIVA NA DESCOMPACTAÇÃO DO SOLO E MELHORIA NO RENDIMENTO DE MILHO. XII Reunião Sul Brasileira de Ciência do Solo, 2018. Disponível em: < http://www.sbcs-nrs.org.br/rsbcs/docs/trab-6-9445-779.pdf >, acesso em: 24/02/2021.
VALICHESKI, R. R. et al. DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE COBERTURA E PRODUTIVIDADE DA SOJA CONFORME ATRIBUTOS FÍSICOS EM SOLO COMPACTADO. R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.16, n.9, p.969–977, 2012. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/rbeaa/v16n9/v16n9a07.pdf >, acesso em: 24/02/2021.