A presente revisão tem como objetivo discutir sobre a associação
do pó de rocha com resíduos animais no favorecimento da disponibilidade dos
nutrientes.

Autores: Ana L. S. Cadena1; Evandro S. Weber1; Luane L. O. Ribeiro2;

Introdução

A forma de fertilização mais usual na agricultura moderna é por meio de fontes industrializadas de minerais solúveis como o NPK, além de outros micronutrientes específicos para cada tipo de solo e cultura (Toscani & Campos, 2017). O Brasil é o quarto maior consumidor mundial de fertilizantes químicos e importa pelo menos 80% dos nutrientes a base de N, P e K, sendo cerca de 60% do nitrogênio, 55% do fósforo e mais de 90% do potássio provindos de outros países (Anda, 2020).

Esta situação cria uma grande vulnerabilidade na agricultura uma vez que torna o país dependente dessas fontes, além do uso intensivo dessas fontes acarretam grandes implicações ao meio ambiente devido à alta solubilidade e uma predisposição a lixiviação, gerando a possibilidade de degradação dos recursos hídricos. Além disso, a adubação é uma das práticas mais onerosas nos custos de produção (Carvalho et al., 2018; Cola & Simão, 2012).

Com a necessidade de alternativas para a intensa utilização de fontes convencionais de nutrientes, a prática da rochagem ou reminaralizador, consiste em uma fertilização e remineralizarão do solo a partir da aplicação de alguns tipos de rochas moídas com potencial agronômico, oferecendo dentre outros benefícios o fornecimento de nutrientes e a manutenção do equilíbrio do solo (Carvalho, 2012).

A disponibilização de nutrientes presente nas rochas está diretamente relacionada ao processo de solubilização dela, que é afetada por fatores como o clima, relevo, tipo de rocha e a fauna e flora presente no solo. Para que essa disponibilização ocorra de maneira mais ágil, o emprego de resíduos animais, predominantemente a cama de frango e o esterco bovino são os mais aplicados, ainda que, a adição conjunta destes insumos tem o potencial de amplificar a atividade microbiológica, de modo que acelere o intemperismo da rocha adotada para realizar a fertilização (Filho et al., 2013).

Neste sentido, a presente revisão tem como objetivo discutir sobre a associação do pó de rocha com resíduos animais no favorecimento da disponibilidade dos nutrientes.

Associação do pó de rocha com resíduos animais

Carvalho et al. (2018) afirma que a prática da rochagem pode ser potencializada quando aplicada conjuntamente com algum tipo de resíduo animal, esses resíduos orgânicos promovem um enriquecimento das atividades microbiológicas que são de grande importância na solubilidade do pó de rocha. Por consequência todos os manejos que propiciem um estímulo da biota do solo são favoráveis para a solubilização dos minerais.

Os resíduos animais como a cama de frango e o esterco bovino possuem uma grande quantidade de microrganismos, esses trazem benefícios pois promovem uma variedade dos microrganismos do solo, e juntamente produzem substâncias acidas que ao atuarem no pó de rocha agiliza a sua decomposição (Nichele, 2006).

Michalovicz et al. (2009) verificou que ao realizar uma aplicação contínua de pó por aproximadamente 4 anos, esse liberou uma quantidade de fosforo (P) e de (K) equivalente as adubações convencionais, como demonstrado nas figuras 1 e 2. Esse fator faz com que se acredite que ao consorciar o pó de rocha com um resíduo animal e com uma rotação de cultura que propicie uma adequada biota do solo o pó de rocha posso passar a substituir a adubação convencional ou a reduzir o seu emprego.

Considerações Finais

É evidente que há uma necessidade de mais estudos sobre como proporcionar mais rápida liberação dos nutrientes contidos no pó de rocha e sobre sua utilização tanto na cultura da soja como na do milho. Porém, com os estudos já realizados, foi levantado que fatores como maior frequência de aplicação, tanto do pó de rocha como dos resíduos orgânicos e práticas que estimulem os microrganismos do solo podem proporcionar melhores resultados na disponibilidade de nutrientes e com isso poderá favorecer a produtividade das culturas agrícolas.

Informações sobre os autores:

  • 1 Acadêmicos do Curso de Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná/ PR. E-mail: anaslongo29@gmail.com, evandroweber07@gmail.com
  • 2 Engenheira Agrônoma e doutoranda do programa de pós-graduação em Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Marechal Cândido Rondon/PR. E-mail: luanelaiseifpa@hotmail.com

Referências

CARVALHO, A. M. X. Rochagem e suas interações no ambiente solo: contribuições para aplicação em agroecosistemas sob manejo agroecológico. 2012. 116 p. Tese (Doutorado em 434 Solos e Nutrição de Plantas) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2012.

CARVALHO, A, M, X de.; CARDOSO, I, M.; SOUZA, M. E. P. de.; THEODORO, S. H. Rochagem: o que se sabe sobre está técnica?. In: CARDOSO, I, M.; FÁVERO, C. (Org.). Solos e Agroecologia. Brasília: Embrapa, 2018. 3:102-128.

COLA, A. P. G; SIMÃO, P. B. J. Rochagem como forma alternativa de suplementação de potássio na agricultura agroecológica. Revista Verde, 7:15-27, 2012.

MICHALOVICZ, L.; KÖLLN, O T.; MEERT, L.; NASCIMENTO, R.; MÜLLER, M. M. L. Características químicas de um latossolo bruno após quatro anos de adição de pó de basalto e biofertilizantes. Revista Brasileira de Agroecologia, 4, 2009.

NICHELE, E, R. Utilização de minerais no desenvolvimento de plantas e na mitigação de odores em criações animais confinadas. 2006. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) Universidade do Estado de Santa Catarina, Santa Catarina, 2006.

SILVA, L. D. P.; AZEVEDO, A. C.; FILHO, R. A. Ação de microorganismos em pó de basalto. Anais do II Congresso Brasileiro de Rochagem, 2013.

TOSCANI, R. G da. S; CAMPOS, J. E. G. Uso de pó de basalto e rocha fosfatada como 548 remineralizadores em solos intensamente intemperados. Geociências, 3:259- 549 274, 2017.


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