Foto de capa: Paulo Roberto Valle da Silva Pereira.
A vaquinha-verde-amarela, brasileirinha ou patriota (Diabrotica speciosa) é considerada uma praga secundária da soja. Entretanto, sua importância tem aumentado nas áreas onde se emprega a sucessão soja-milho, especialmente em cultivos de soja Bt, onde há menos aplicações para lagartas. Embora menos vorazes que outras pragas desfolhadoras, podem causar prejuízos expressivos no início do ciclo da soja, quando a área foliar da cultura ainda é pequena.
Biologia
Os adultos são besouros de coloração verde com três manchas amarelas em cada élitro, cabeça marrom-avermelhada e 5 a 6 mm de comprimento. Os ovos são depositados nas partes subterrâneas das plantas de soja, em massas com cerca de 30 ovos cada. Após 6 a 20 dias as larvas eclodem e passam a viver no solo. Apresentam coloração amarelada, medindo de 10 a 12 mm de comprimento quando completamente desenvolvidas. O período larval se estende por 17 a 50 dias, apresentando menor viabilidade em temperaturas extremas.
Figura 1. Adulto de Diabrotica speciosa em folha de trigo.
Sintomas e danos
Os danos podem ocorrer tanto na fase larval quanto adulta do inseto. As larvas atacam as raízes da soja e, sob altas infestações, reduzem a nodulação e fixação de nitrogênio nas plantas. Também podem fazer perfurações nas folhas cotiledonares. Já os adultos atacam as folhas, com preferência pelas mais jovens, e eventualmente danificam brotos, flores e legumes.
Embora a vaquinha possa ocorrer durante todo o ciclo da soja, os ataques nos estágios iniciais da cultura são mais preocupantes, devido ao maior impacto na área foliar em desenvolvimento. A incidência da praga costuma ser maior nas bordaduras das lavouras, próximo da vegetação natural, demandando um monitoramento mais rigoroso nesses locais.
Figura 2. Dano causado por Diabrotica speciosa em legumes de soja.
Controle
Na maioria dos casos, as populações de larvas no solo costumam ser baixas, não demandando controle específico dessa fase de vida do inseto. Assim, a recomendação de manejo baseia-se no nível de desfolha ocasionada pelos adultos de D. speciosa. Como a infestação costuma iniciar-se pelas bordas da lavoura, pode ser utilizada a estratégia de controle localizado em reboleiras.
Atualmente, há 52 inseticidas químicos registrados para o controle de vaquinha no Brasil, sendo a maioria deles formulados à base de fipronil (fenilpirazol). Também pode ser utilizado o controle biológico; nesse caso, há cinco inseticidas registrados no Brasil: quatro deles formulados com base no fungo entomopatogênico Beauveria bassiana, e um com base no nematoide entomopatogênico Heterorhabditis bacteriophora.
Sobre o autor: Henrique Pozebon, Engenheiro Agrônomo na Prefeitura Municipal de Santa Maria, Doutorando em Agronomia pela UFSM.
Referências:
AGROFIT. Consulta de Produtos Fitossanitários. MAPA, 2023. Disponível em: <http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>
CABI. Bio Protection Portal. 2022. Disponível em: <https://bioprotectionportal.com/pt/#>. Acesso em: 06 jan. 2022.
GUEDES, J. C.; POZEBON, H.; ARNEMANN, J. A.; RUTHES, E.; PERINI, C. R. Pragas da Soja. Em: ROMERO, J. C. P. (Ed.) Manual de Entomologia Volume 1: Pragas das Culturas. 1ª Edição, 477 p. Editora Agronômica Ceres, Ouro Fino – MG, 2022.
MEDINA, L. B. et al. Bioecologia de Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (Coleoptera: Chrysomelidae) visando fornecer subsídios para estudos de criação em dieta artificial. Documentos 375, Embrapa Clima Temperado, Pelotas – RS, 2013.