O trabalho teve por objetivo avaliar a variabilidade espaço – temporal
da matéria orgânica do solo, em uma catena de solos do pampa gaúcho monitorada por 4 anos.

Autores: Carolyne G. Uberti1; Júlio C. W. Soares1; Thaynan H. de Lima1; Higor M. de Freitas1; Vanderson F. Campos1; Amablio S. Racoski1; Jamille de L. Machado1

Introdução

A matéria orgânica do solo (MOS), é sensível ao manejo do solo aplicado (Stevenson, 1994). A qualidade do solo está relacionada com três atributos principais: as propriedades físicas químicas e biológicas sendo que a MOS tem um papel fundamental nessas propriedades, promovendo a sustentabiliadade dos sistemas agrícolas (Cunha et al., 2015).

A MOS é um dos indicadores para avaliação da qualidade do solo, com relações com a (aeração, retenção de água no solo e densidade do solo), química , pH, capacidade tampão, capacidade de troca catiônica e biologia do solo atividade microbiana e mineralização (Cambardella & Elliot, 1992).

O plantio direto sobre a palhada é uma das práticas de manejo que tem demonstrado bons resultados no controle da erosão, via manutenção de resíduos vegetais na superfície do solo, e propicia, também, o aumento da disponibilidade de nutrientes através do incremento de matéria orgânica do solo (Alvarenga, 1996).

O presente trabalho teve por objetivo avaliar a variabilidade espaço-temporal da matéria orgânica do solo, em uma catena de solos do pampa gaúcho monitorada por 4 anos.

Material e Métodos

O estudo foi desenvolvido na Fazenda Escola da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, Câmpus de Santiago, com coordenas centrais UTM 705.589 E e 6.769.112 S (SIRGAS 2000, zona 21 S). O conjunto amostral é composto por uma malha fixa de 52 pontos com uma distância de 15m entre os pontos, perfazendo uma área total de 1,17ha, com monitorados por 4 anos. Para locação dos pontos foi utilizado um receptor GNSS (Sistema Global de Navegação por Satélite) Leica modelo Viva GS15, com dupla frequência (L1/L2) e disponibilidade de Posicionamento em Tempo Real (RTK).

A coleta de solo foi realizada com um trado holandes, tipo TF”3, com uma caçamba de 20 cm, posteriormente a coleta, foi determinado os valores de matéria orgânica (MO), onde foram determinado os valores de carbono orgânico conposterior r transformação para MOS conforme Raij et al, (2001). A variabilidade do solo foi observada pela análise estatística descritiva e a normalidade dos dados foi testada por Kolmogorov-Smirnov, com p < 0,0. Já o coeficiente de variação (CV) foi P<0,01 classificado como: baixa (CV < 12%), média (12%< CV >60%) e alta (CV > 60%), segundo Warrick e Nielsen (1980).

No software ArcGIS® 10.5.1, utilizando a geoestátisca, foram realizados os ajustes dos modelos de semivariogramas aos dados, sendo definidos os parâmetros do efeito pepita, patamar e alcance. O Grau de Dependência Espacial (GDE) foi classificado como fraca, moderada e forte, conforme Cambardella et al., (1994). Em seguida, foram elaborados mapas utilizando um algoritmo preditor, a krigagem ordinária, sendo possível um maior detalhamento.

Resultados e Discussão

Os resultados referentes às análises estatísticas descritivas apresentam distribuição normal, conforme o teste de Kolmogorov-Smirnov (Tabela 1). O CV (%) dos anos de 2016, 2017 e 2019 foram classificados como médios, já do ano de 2018 classificado como baixo, a média da MOS para os anos, em ordem cronológica foi de 3,2%, 2,5%, 4,0% e 2,9%, valores que podem ter seu comportamento entendido atráves dos mapas da sua variabilidade espacial.

De acordo com a análise dos semivariogramas, é possível observar que a distância da malha amostral foi suficiente e extremamente acurada para a variável em estudo, sendo que o erro experimental foi praticamente nulo (Tabela 2). No ano de 2016 foi realizada a abertura da área para a agricultura, através do revolvimento do solo, prática que influenciou na diminuição dos valores máximos de matéria orgânica no ano de 2017 em decorrência da quebra da cadeia de carbono (Figura 1). Entretanto, houve uma maior homogeniezação da área, tornando a matéria orgânica mais distribuída em 2017, já nos anos seguintes, houve um incremento da matéria orgânica na área, em decorrência dos manejos empregados, como por exemplo a utilização de plantas de cobertura no inverno.

Conclusão

A quantidade e a distância entre os pontos foram de suma importância para as predições acuradas da MOS. O teor de matéria orgânica do solo tendo incremento conforme as práticas conservacionistas empregadas na área.

Informações sobre os autores:

  • 1 Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santiago/RS. Garciauberticarolyne@gmail.com;juliowincher@gmail.com;thaynanh.lima@hotmail.com;higormfreitasagro@gmail.com; vandersonfc@outlook.com; amablioracoski02@gmail.com;machadojamille498@gmail.com.

Referências

ALVARENGA, A.P. Resposta da planta e do solo ao plantio direto e convencional, de sorgo e feijão, em sucessão a milho, soja e crotalária. 1996. 162p. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.

CAMBARDELLA, C. A. et al. Field-scale variability of soil properties in central Iowa soils. Soil Science Society of America Journal, v. 58, n. 5, p. 1501-1511, 1994.

CAMBARDELLA, C.A. ; ELLIOT, E.T. Particulate soil organic matter changes across a grassland cultivation sequence. Soil Science Society of America Journal, Madison, v. 56, p.777-783, 1992.

CUNHA, T.J.F. ; MENDES, M.A.S. ; GIONDO V. Matéria orgânica do solo. In: Nunes RR, Rezende MOO. (Org.). Recurso solo: propriedades e usos. São Carlos: Cubo, 2015;273-293.

RAIJ, B. V. et al. Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Campinas: Instituto Agronômico, 2001. 285 p.

STEVENSON, F. J. Humus chemistry: genesis, composition, reactions. 2.ed. New York: John Willey, 1994. 496 p.

WARRICK, A.W.; NIELSEN, D.R. Spatial variability of soil physical properties in the field. In: Hillel, D. Applications of soil physics. New York: Academic Press, 1980.


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