A maioria das espécies vegetais é altamente dependente das condições climáticas, sendo o clima, o principal fator responsável por influenciar o crescimento e desenvolvimento vegeta, além de condicionar processos fisiológicos nas plantas. Sendo assim, adversidades climáticas como estresses hídricos, térmicos e/ou luminosos, podem influenciar não só o crescimento e desenvolvimento vegetal, como também a produtividade das culturas agrícolas.
Além das alterações sazonais do clima, alguns fenômenos a/ou anomalias climáticas podem alterar a dinâmica do clima em determinado período do ano, favorecendo ou prejudicando o estabelecimento, crescimento e desenvolvimento de algumas culturas agrícolas. Um exemplo são os fenômenos ENOS (El Niño Oscilação Sul), popularmente conhecidos como El Niño e La Niña, que são resultantes do aquecimento ou resfriamento da superfície do mar do oceano Pacífico equatorial.
Atualmente, presenciamos a ocorrência do El Niño, que tem como principais consequências, a ocorrência de chuvas acima da média no Sul do Brasil, e abaixo da média nas regiões Norte e Centro do Brasil. Na safra 23/24, esse fenômeno prejudicou o estabelecimento das lavouras no Sul, e também o crescimento e desenvolvimento da soja nas demais regiões do país, que vinham sendo assoladas pelo baixo volume de chuvas.
Com novos prognósticos climáticos, novas previsões de clima têm sido projetadas para o final da safra 2023/24 e início da 2024/25. Conforme demostrado no Boletim do Sistema Tempocampo/Esalq para Janeiro de 2024, embora boas chuvas tenham sido observadas durante o mês de dezembro em quase todo território nacional, infelizmente ainda foram abaixo da média histórica para a maioria das regiões, não sendo suficientes para mitigar os efeitos da seca nas regiões Centro e Norte do país.
Conforme destacado pelo Pesquisador Fábio Marin, estima-se que perdas na ordem de 20% a 30% sejam observadas na safra 2023/24 de soja, nos lugares afetados pelo déficit hídrico durante o período de desenvolvimento da soja. Entretanto, embora com as chuvas do mês de Dezembro, a maioria da região Central do Brasil apresenta volumes apenas razoáveis de umidade no solo.
Os prognósticos climáticos para os primeiros 15 dias de Janeiro, indicam uma tendência de condições melhores de chuvas para a região Central do Brasil, entretanto ainda abaixo da média. No entanto, no mês de Fevereiro de 2024, estão previstas chuvas mais próximas as médias históricas, possivelmente em razão do enfraquecimento do fenômeno El Niño. Além disso, como característicos dos anos de El Niño, para os meses de Março e Abril, são esperados volumes de chuvas abaixo da média para a maioria das regiões do Brasil.
No que diz respeito aos fenômenos ENOS, com o enfraquecimento do El Niño, os modelos climatológicos (figura 1) mostram haver uma tendência de mudança do El Niño para o La Niña (passando pela neutralidade), tendo, portanto, uma alta probabilidade da ocorrência do La Niña para a safra 2024/25 (figura 2). Contudo, prognósticos mais concretos ainda precisam ser obtidos, sendo necessário analisar e acompanhar o comportamento do clima.
Figura 1. Previsões da ocorrência dos fenômenos ENOS.
Figura 2. Previsões da ocorrência dos fenômenos ENOS.
Confira o vídeo abaixo onde o professor Fábio Marin aborda com maior profundidade o tema.
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