A lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus), também conhecida como broca-do-colo, é uma praga polífaga que ataca mais de 60 espécies de plantas, ocasionando sérios danos em diversas culturas de importância econômica, tais como milho, trigo, soja, arroz, feijão, entre outras. Essa praga é encontrada nas regiões temperadas e tropicais do continente americano, destacando-se por causar sérios prejuízos, principalmente durante a fase inicial das lavouras (Viana, 2009).

A lagarta Elasmopalpus lignosellus tem preferência por solos arenosos e tende a ser mais problemática durante períodos de seca, especialmente durante a fase de plântulas. Essa lagarta, pode atingir um tamanho de até 16 mm, apresentando uma coloração que varia de esverdeada a azulada, com faixas transversais marrom ou marrom-avermelhadas, sua cabeça é pequena e apresenta uma tonalidade marrom-escura. A fase de pupa ocorre no solo, geralmente próxima à base da planta (Sosa-Gómez et al., 2014).

Figura 1. Lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus).

Fonte: Viana (2009).

Os adultos da lagarta elasmo são mariposas de tamanho pequeno, com coloração cinza-amarelada e uma envergadura de aproximadamente 20 mm. Quando em repouso, suas asas são dispostas paralelamente à linha do corpo (Sosa-Gómez et al., 2014).

Figura 2. Adulto de lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus).

Fonte: Grigolli (2015) & Pereira (2022).

De acordo com Viana (2009), os adultos da lagarta elasmo são ativos durante o período da noite e as condições favoráveis para o acasalamento e oviposição incluem a baixa velocidade do vento, baixa umidade relativa do ar e temperatura em torno de 27° C, além de completa escuridão, o acasalamento ocorre geralmente no final da noite, seguido pela oviposição no início do dia seguinte.  As fêmeas começam a oviposição no segundo dia após emergirem como adultos, com o pico de postura ocorrendo no quarto e quinto dias de vida. Em média, as fêmeas depositam de 100 a 120 ovos durante sua vida, em algumas situações podendo chegar a 420 ovos.

A larva da lagarta penetra na planta logo abaixo do nível do solo, criando uma galeria ascendente no caule. Próximo à entrada, ela constrói um casulo coberto com excrementos e partículas de terra. Esse processo pode enfraquecer a planta, levando à sua morte ou tornando-a mais vulnerável a quebra. Quando o ataque é intenso, podem surgir falhas na densidade de plantas, afetando assim o estande de plantas na lavoura (Sosa-Gómez et al., 2014).



Conforme destaca Grigolli (2015), uma única lagarta tem a capacidade de atacar até três plantas de soja durante sua fase larval, que se estende desde a emergência das plantas até cerca de 30-40 dias de desenvolvimento, correspondendo aos estádios V2-V3. Esse período corresponde à fase da cultura mais vulnerável ao ataque dessa praga na cultura da soja. O autor destaca ainda, que os danos ocasionados ​ têm como consequência inicial a murcha da planta de soja, que posteriormente seca devido à obstrução do transporte de água e nutrientes do solo para a parte aérea da planta. À medida que a planta de soja se desenvolve e seu caule se torna mais lignificado, a lagarta passa a se alimentar da parte externa do caule, deixando marcas visíveis na superfície, nessa área, pode ocorrer a formação de um calo com tecido frágil, que pode ser facilmente quebrado pela ação do vento.

Na cultura do milho, uma única larva também pode atacar até três plantas, no período que vai desde a emergência das plantas até aproximadamente 30 dias de desenvolvimento, sendo essa a fase mais suscetível ao ataque dessa praga. Os danos ocasionados pela lagarta elasmo na cultura do milho resultam em um sintoma conhecido como “coração morto”, manifestando-se através da murcha das folhas centrais, causando a interrupção do transporte de água e nutrientes do solo para a parte aérea da planta, em alguns casos, pode ocorrer o perfilhamento da planta, afetando a sua produtividade (Ávila & Bellettini, 2020).

Figura 3. Ataque de lagarta elasmo em plantas de milho.

Fonte: Viana (2009).

A intensidade dos danos causados ​​pela lagarta elasmo é maior e mais frequente em condições de alta temperatura e solo com déficit hídrico, especialmente em solos arenosos ou mistos cultivados sob plantio convencional. Grigolli (2015), destaca que a ocorrência de chuvas bem distribuídas nos primeiros 30 dias de desenvolvimento da cultura no campo, auxilia na redução de infestação dessa praga na lavoura, além disso, em sistema de plantio direto observa-se com menor intensidade a sua ocorrência, devido conservação da umidade do solo.

A aplicação de inseticidas na parte aérea, conforme destacam Ávila & Bellenttini (2020), tem demonstrado uma eficiência de controle relativamente baixa para a lagarta elasmo, em torno de 50%, devido à posição onde a praga se encontra na planta. Em contrapartida, o tratamento das sementes com inseticidas sistêmicos tem sido revelado uma estratégia eficiente para o controle dessa praga.

De acordo com Vivan (2019), o tratamento de sementes com carbamatos (thiodicarb e carbosulfan), fipronil ou clorantraniliprole em doses recomendadas pode ser uma medida eficiente para minimizar os prejuízos causados pela lagarta elasmo. No entanto, ressalta que o risco de fitotoxicidade associado a esses produtos é alto, sendo fundamental verificar se existe registro para cultura para uso do inseticida. O uso responsável é essencial para garantir a eficácia do produto no controle da praga, sem causar danos às plantas e ao meio ambiente.


Veja mais: Tamanduá-da-soja (Sternechus subsignatus)



Referências:

ÁVILA, C. J.; BELLETTINI, S. CONTROLE DE PRAGAS QUE ATACAM PLÂNTULAS DO MILHO. Revista Cultivar, Grandes Culturas, Milho, ed. 202, 2020. Disponível em: < https://revistacultivar.com.br/artigos/controle-de-pragas-que-atacam-plantulas-do-milho >, acesso em: 04/10/2023.

GRIGOLLI, J. F. J. PRAGAS DA SOJA E SEU CONTROLE. Tecnologia e Produção: Soja 2014/2015, cap. 6. Fundação MS, Maracaju – MS, 2015. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-Producao-Soja-20142015.pdf >, acesso em: 04/10/2023.

SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS NA CULTURA DA SOJA. Embrapa Soja, Documentos 269. Londrina – PR, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105924/1/Doc269-OL.pdf >, acesso em: 04/10/2023.

VIANA, P. A. MANEJO DE ELASMO NA CULTURA DO MILHO. Embrapa Milho e Sorgo, Circular técnica 118. Sete Lagoas – MG, 2009. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1344498/2767891/manejo-de-elasmo-na-cultura-do-milho.pdf/9ca5be8d-688e-4520-9ec7-4fd385c51e3e >, acesso em: 04/10/2023.

VIVAN, L. CONTROLE DA LAGARTA ELASMO EM SOJA. Revista Cultivarr, Grandes Culturas, Soja, ed. 190, 2019. Disponível em: < https://revistacultivar.com.br/artigos/controle-da-lagarta-elasmo-em-soja >, acesso em: 04/10/2023.

Foto de capa: Agro Bayer Brasil.

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