Foto de capa: S. Markell, NDSU
Considerada por alguns uma praga, por outros uma doença, os nematoides fitopatogênicos são frequentemente observados na cultura da soja, causando danos que podem prejudicar o crescimento e desenvolvimento vegetal, afetando a produtividade da cultura. Dentre as principais espécies que infestam a soja, destaca-se o nematoide de cisto da soja (Heterodera glycines), nematoide, cuja soja, é a principal hospedeira de importância econômica.
Com danos silenciosos, o nematoide do cisto da soja penetra nas raízes da planta e dificulta a absorção de água e nutrientes, resultando em porte reduzido das plantas e clorose na parte aérea, daí a doença ser conhecida como nanismo amarelo da soja. Os sintomas aparecem em reboleiras, geralmente, próximo de estradas ou carreadores (Grigolli & Grigolli, 2018).
Em casos mais extremos, em ambientes mais áridos e inférteis, os danos em decorrência do nematoide do cisto da soja podem inclusive causar a morte das plantas.
Figura 1. Sintomas típicos da parte aérea da soja afetada pelo nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines).

Em ambientes de alta fertilidade, e com boa disponibilidade hídrica no solo, nem sempre os sintomas visuais na parte aérea da soja são expressos, sendo assim, para uma diagnose mais assertiva, é necessário analisar o sistema radicular das plantas. Nas plantas afetadas, o sistema radicular fica reduzido e apresenta, a partir dos 30 – 40 dias após a semeadura da soja, minúsculas fêmeas do nematoide, com formato de limão ligeiramente alongado e coloração branca (Figura 2). Com o passar do tempo, a coloração vai mudando para amarelo, marrom claro e, finalmente, a fêmea morre e seu corpo se transforma em uma estrutura dura de coloração marrom escura, denominada cisto (Figura 3), que se desprende da raiz e vai para o solo (Figura 4) (Dias et al., 2010).
Figura 2. Nematoide do cisto da soja nas raízes de soja.

Figura 3. Cistos maduros do nematoide do cisto da soja.

Figura 4. Da esquerda para a direita: cistos, ovo e juvenis de Heterodera glycines.

Portanto, o diagnóstico definitivo deve ser realizado com base nos sinais, ou seja, presença de fêmeas de cor branca ou amarela presas às raízes, cerca de cinco semanas após a semeadura da soja (Favareto et al., 2019). Vale destacar uma das características desse fitonematoide, é que sua reprodução ocorre por anfimixia (cruzamento entre macho e fêmea), o que garante alta variabilidade genética. Conforme destacado por Favareto et al. (2019), essa alta variabilidade genética dificulta a denominação as populações desse nematoide como raças nas áreas afetadas, sendo comum encontrar a mistura entre as raças. Isso dificulta o manejo da praga e os programas de melhoramento genético da soja visando a resistência ao nematoide.
Embora seja possível utilizar cultivares com maior resistência e/ou tolerância à praga, vale destacar que o uso frequente de uma mesma cultivar resistente, e/ou das mesmas fontes de resistência, exerce pressão de seleção sobre a população desse nematoide, o que resulta na alteração da frequência gênica de sua população, favorecendo o aumento dessas raças (Favareto et al., 2019). Logo, deve-se adotar estratégias que permitam reduzir a comunidade dos nematoides, sem aumentar a pressão de seleção sobre os indivíduos, tais como a rotação de culturas com plantas não hospedeiras e o controle biológico da praga.
Veja mais: Uso de crotalária como alternativa no controle de nematoides
Referências:
DIAS, W. P. et al. NEMATOIDES EM SOJA: IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE. Embrapa, Circular Técnica, n. 76, 2010. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPSO-2010/30766/1/CT76-eletronica.pdf >, acesso em: 18/01/2024.
FAVARETO, L. et al. DIAGNOSE E MANEJO DE FITONEMATOIDES NA CULTURA DA SOJA. Informe Agropecuário, 2019. Disponível em: < https://www.researchgate.net/profile/Mauricio-Meyer/publication/344755488_Diagnose_e_manejo_de_fitonematoides_na_cultura_da_soja/links/5f8e38c7a6fdccfd7b6e844e/Diagnose-e-manejo-de-fitonematoides-na-cultura-da-soja.pdf >, acesso em: 18/01/2024.
FONTANELLE HYBRIDS. IDENTIFYING COMMON SOYBEAN DISEASE DURING VEGETATIVE GROWTH (NORTHERN REGIONS). Fontanelle Hybrids, 2023. Disponível em: < https://www.fontanelle.com/en-us/agronomy-library/identifying-common-soybean-diseases-during-vegetative-growth.html >, acesso em: 18/01/2024.
GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. MANEJO DE NEMATOIDES NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e produção: Soja 2017/2018, cap. 7, 2018. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/httpswww.fundacaoms.org_.brpublicacoestecnologia-e-producao-safratecnologia-producao-soja-2017-2018.pdf >, acesso em: 18/01/2024.
NDSU. SOYBEAN DISEASE DIAGNOSTIC SERIES. Norte Dakota State University, 2021. Disponível em: < https://www.ndsu.edu/agriculture/ag-hub/publications/soybean-disease-diagnostic-series >, acesso em: 18/01/2024.
Foto de capa: Cristiano Bellé