O ácido abscísico (ABA) é um fitormônio presente em todas as plantas vasculares, e em musgos. Encontra-se distribuído na maioria dos tecidos vegetais e é sintetizado em todas as células que possuem cloroplastos.
Esse hormônio desempenha um papel fundamental na regulação de diversos processos celulares, como a superação da dormência de sementes, a transição do estado embrionário para o estado de dormência e o crescimento vegetativo. Além disso, o ácido abscísico também está envolvido na resposta a estresses bióticos e abióticos (Magalhães Junior, 2010).
O ácido abscísico foi identificado pela primeira vez em 1960 como um composto inibidor do crescimento, associado ao início da quebra da dormência e à promoção da abscisão do fruto do algodoeiro. No entanto, posteriormente, descobriu-se que o ABA também regula respostas aos estresses salinos, à desidratação e ao estresse térmico, incluindo o fechamento estomático. Além disso, promove a maturação e dormência da semente, regula o crescimento de raízes e partes aéreas, o florescimento e algumas respostas a patógenos (Taiz et al., 2017).
Conforme destacado por Melo (2002), o ABA é sintetizado a partir do ácido mevalônico, principalmente nas raízes e folhas maduras, em resposta ao estresse hídrico. As sementes também são ricas em ABA, cujo acúmulo pode ocorrer através do transporte das folhas ou produzido in situ. O ABA é exportado das raízes através do xilema e das folhas pelo floema. Existem evidencias de que o ABA pode circular, sendo transportado das raízes pelo floema e, em seguida, retornando aos brotos pelo xilema.
Os níveis de ácido abscísico aumentam em folhas senescentes, e a aplicação exógena de ABA induz rapidamente a síndrome de senescência e expressão de vários genes relacionados à senescência (SAGs), o que é consistente com os efeitos de ABA sobre a senescência foliar (Taiz et al., 2016).
Dos principais efeitos fisiológicos do ácido abscísico, destacam-se o fechamento estomático durante o estresse hídrico e o desenvolvimento e dormência de sementes. De acordo com Paulilo et al. (2015), a abertura estomática é controlada pela luz, que ativa as enzimas ATPases de membranas celulares de células-guarda, permitindo o transporte de íons para o interior dessas células. O aumento dos íons K+ e Cl– causa uma redução do potencial hídrico das células-guarda, levando à entrada de água por osmose e à abertura do poro estomático.
Dessa forma, quando ocorre déficit hídrico, as raízes sinalizam, provocando o aumento de ácido abscísico nas folhas. O potencial hídrico reduz devido a perda de água no solo, e a resistência estomática aumenta, levando ao fechamento estomático. Os autores destacam que o fechamento dos estômatos ocorre porque os canais de entrada de íons Ca2+ são ativados, e os íons K+ e Cl– são liberados para fora das células-guarda, pois os canais de saída desses íons são ativados. A perda de solutos pelas células-guarda faz com que o potencial hídrico delas aumente, e a água se move para as células adjacentes ou subsidiárias.
Figura 1. Modo de ação do ABA em células-guarda de estômatos de folhas submetidas a estresse hídrico.
O ácido abscísico também desempenha um papel importante no desenvolvimento de sementes, induzindo a síntese de proteínas de reserva durante seu desenvolvimento. Nas fases finais da embriogênese e no início da maturação, ocorrem picos de ABA. O ABA presente nas sementes no final de embriogênese impede que elas germinem dentro do fruto, um fenômeno conhecido como viviparidade. Esse fenômeno é considerado indesejável tanto do ponto de vista ecológico quanto econômico, uma vez que as sementes precisam ser dispersas antes da germinação. Nesse caso, as sementes entram em dormência, o que impede sua germinação (Paulilo et al., 2015).
Em suma, o ácido abscísico (ABA) desempenha diversas funções vitais nas plantas, sendo essencial para a regulação de vários processos fisiológicos. Está envolvido na resposta das plantas ao estresse hídrico, no fechamento estomático, no desenvolvimento e dormência de sementes, na senescência foliar e a resposta a estresses bióticos e abióticos. Sua capacidade de gerar respostas adaptativas das plantas as condições adversas do ambiente, torna-o essencial para o crescimento, desenvolvimento, bem como a sobrevivência das plantas.
Veja mais: Importância dos hormônios vegetais no crescimento e desenvolvimento das plantas
Referências:
MAGALHÃES JUNIOR, A. M. ÁCIDO ABSCÍSICO E O ESTRESSE ABIÓTICO. Embrapa Clima Temperado, documentos, 307. Pelotas – RS, 2010. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/44541/1/documento-307.pdf >, acesso em:
MELO, N. F. INTRODUÇÃO AOS HORMÔNIOS VEGETAIS E REGULADORES DE CRESCIMENTO VEGETAL. Embrapa Semi-Árido, 2002. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/196661/1/Hormonios-e-Reguladores-de-Crescimento-Vegetal.pdf >, acesso em:
PAULILO, M. T. S. et al. FISIOLOGIA VEGETAL. Universidade Federal de Santa Catarina, 182 p. Florianópolis – SC, 2015. Disponível em: < https://antigo.uab.ufsc.br/biologia//files/2020/08/Fisiologia-Vegetal.pdf >, acesso em:
TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Artmed, ed. 6. Porto Alegre – RS, 2017.
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