Para entender as preferências alimentares e os danos que as pragas causam dentro das plantas a Embrapa Trigo aprofundou os estudos com o uso do EPG – Electrical Penetration Graphic, equipamento que permite acompanhar o comportamento alimentar de insetos sugadores.

Para compartilhar o conhecimento adquirido nos últimos cinco anos, foi estruturado um Workshop sobre uso de EPG em percevejos-pragas em laboratório. O Workshop vai reunir 15 profissionais do Brasil, Inglaterra e Uruguai, no período de 01 a 04 de abril, na Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS).

O equipamento EPG consiste em sensores, ligados aos insetos e aos alimentos, que captam o processo e registram as informações em computador. Um fio de ouro é fixado ao inseto com cola de prata, transferindo informações em forma de ondas que são interpretadas com a ajuda de um software.

Quando o inseto penetra na planta, é gerado um circuito elétrico, onde uma corrente de baixa intensidade circula pelo sistema. A energia passa pela planta hospedeira, pelo inseto e retorna ao monitor em forma de sinais que registram ondas em um gráfico.



Assim, é possível interpretar como os insetos estão se alimentando, qual o local na planta, quanto de alimento é extraído, quais os horários e o tipo de dano. Visualmente, o resultado é semelhante a um eletrocardiograma, exame comum em seres humanos, onde sensores registram a intensidade dos batimentos cardíacos em forma de ondas.

Nos principais centros de pesquisa no mundo, onde existem trabalhos com pragas em laboratório, o EPG é utilizado, principalmente, para monitoramento da atividade alimentar de afídeos (popularmente conhecidos como pulgões).

Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, Antônio Panizzi o desafio dos pesquisadores por aqui foi utilizar a tecnologia em percevejos, já que a maior movimentação durante o processo alimentar dificultava a aderência dos materiais eletrônicos ao corpo do inseto: “tivemos que testar inúmeras formas de fazer a chamada ‘aramização’ dos percevejos para conectá-los ao equipamento de EPG.

O resultado foi alcançado lixando a superfície do inseto com lixa odontológica para conectar o fio de ouro, que além de flexível permite a transmissão da corrente, e a cola de prata, que mantém o filamento preso ao inseto”.

Percevejos

Várias espécies de percevejos ocorrem nas culturas do trigo, soja e milho sendo considerados insetos-pragas de elevada importância econômica. Na Embrapa Trigo, cinco espécies de percevejos-pragas já tiveram seu comportamento alimentar determinados pela técnica do EPG. Através do EPG foi possível registrar os locais específicos de alimentação nas diferentes estruturas das plantas.

De acordo com o pós- doutorando Tiago Lucini, esse tipo de resultado poderá ajudar nas estratégias de controle das pragas, pois através de técnicas de biotecnologia, poderão se expressar genes que controlam a produção de toxinas nos locais da planta onde ocorre a alimentação dos percevejos. Na Embrapa Trigo, os estudos servem de apoio ao melhoramento de plantas, selecionando linhagens mais resistentes às pragas. Além disso, o EPG tem sido aplicado no estudo do comportamento de novas moléculas inseticidas na avaliação da eficácia no controle das pragas e no estudo dos mecanismos de transmissão de viroses.

Workshop

O Workshop sobre uso de EPG em percevejos em laboratório vai contar com 32 horas de teoria e prática, envolvendo a manipulação de equipamentos e reagentes. Com a orientação de instrutores especializados, os participantes deverão aplicar os conhecimentos em procedimentos específicos sobre o monitoramento do processo alimentar de percevejos, incluindo o preparo dos percevejos para uso no EPG, metodologia de aramização (conexão com o fio-de-ouro ao inseto e ao equipamento), manipulação do aparelho com familiarização aos ajustes dos vários controles, e preparo de material para estudos histológicos. As vagas disponíveis nesse primeiro Workshop foram preenchidas e as inscrições estão encerradas.

Fonte: Embrapa

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