Zinco nas plantas
Considerado um micronutriente essencial nas plantas, o Zinco (Zn) desempenha funções vitais no metabolismo vegetal. Bioquimicamente, o Zinco é considerado um constituinte de álcool desidrogenase, desidrogenase glutâmica, anidrase carbônica, entre outros, atuando como ativador dessas enzimas (Taiz et al., 2017).
Paulilo; Viana; Randi (2015) destacam que também há evidências indicando que o Zinco é requerido para a síntese do triptofano, precursor dos hormônios da classe das auxinas. Por isso, um sintoma de deficiência em zinco é o encurtamento dos internos da planta e folhas pequenas. Já quando o Zinco é fornecido, normalmente ocorre um aumento no nível de auxinas assim como um aumento no crescimento da planta. Além disso, em algumas plantas, o Zn pode ser exigido para a biossíntese da clorofila.
Deficiência de Zinco
Segundo Taiz et al. (2017), a deficiência de zinco é caracterizada pela redução do crescimento dos entrenós. As folhas podem apresentar tamanho pequeno e aspecto retorcido, com margens de aparência enrugada. Esses sintomas podem resultar da perda da capacidade de produzir quantidades suficientes do ácido 3-indolacético (AIA), uma auxina.
Em algumas espécies, as folhas mais jovens podem mostrar clorose internerval e, então, desenvolver manchas brancas necróticas. A clorose pode ser uma expressão da necessidade de zinco para a biossíntese de clorofila (Taiz et al., 2017). Por apresentar baixa mobilidade na planta, os sintomas da deficiência de Zinco em soja são observados nas folhas jovens da planta.
Figura 1. Sintomas de deficiência de Zinco em soja.

Na cultura da soja, lavouras deficientes de zinco tendem a apresentar atraso na maturação e pouca produção de legumes. A deficiência de zinco pode ocorrer sob as mais variadas condições de solo. A primeira e principal ocorre quando o solo já possui baixa disponibilidade natural de zinco. Aplicações muito elevadas de calcário e de fósforo reduzem a disponibilidade de zinco e podem causar deficiência do elemento na soja (Borkert et al., 1994), visto que o Zn apresenta maior disponibilidade em solos com pH mais ácido (figura 2).
Figura 2. Disponibilidade de nutrientes no solo em função do pH.
Necessidade da soja
Em média, são necessários cerca de 75 gramas de Zinco por tonelada de soja produzida, dos quais, 41 gramas são requeridas pelos grãos e 34 gramas ficam nos resíduos culturais (Oliveira Junior et al., 2020). Embora a demanda da soja por Zn pareça relativamente pequena, em virtude das funções em que esse micronutriente é requerido no metabolismo vegetal, a deficiência de zinco pode limitar a produtividade da soja, sendo necessário, aportar esse nutriente para as plantas em ocasiões de baixa disponibilidade no solo.
Adubação com Zinco
É preciso compreender que o Zinco apresenta baixa mobilidade no solo, sendo assim, a adubação com esse nutriente deve ser realizada preferencialmente próximo a zona radicular da soja. As recomendações de adubação variam em função da região e cultura, entretanto, no geral, aplicações de 5 a 10 kg/ha de Zn normalmente elevam os teores do nutriente para quantidades adequadas para a maioria das culturas (IPNI).
As principais fontes de Zn utilizadas na agricultura como fonte do nutriente consistem em compostos minerais inorgânicos, quelatos sintéticos e materiais orgânicos naturais. A solubilidade em água é o principal fator que rege o desempenho dos fertilizantes a base de Zn (IPNI).
Tabela 1. Principais fontes de fertilizantes contendo Zn, utilizadas na agricultura.

Respostas da soja ao Zinco
A soja é considerada moderadamente responsiva a adubação com Zinco. Sobretudo, além da tradicional adubação via solo, resultados de pesquisa demonstram que ainda que apresente baixa mobilidade no solo e planta, o Zinco também pode ser fornecido via tratamento de sementes e adubação foliar.
Avaliando o efeito do tratamento de sementes de soja com Zinco na qualidade fisiológica e produtividade da soja, Lemes et al. (2017) observaram resultados significativos da soja em resposta ao Zinco adicionado via tratamento de sementes, demonstrando que esse micronutriente pode ser fornecido via tratamento de sementes.
Conforme resultados obtidos pelos autores, os melhores resultados fisiológicos assim como para componentes de produtividade da soja foram observados quando utilizadas doses variando entre 2 e 6 ml por Kg de sementes, de produto comercial contendo 780 g L-1 de Zinco.
Com relação a adubação foliar contendo Zn, estudos demonstram que algumas fontes de Zn são consideradas eficientes para aplicação foliar durante o ciclo de desenvolvimento da cultura, entretanto, essa abordagem é melhor utilizada como tratamento de correção ou respeitando um bom programa de adubação (IPNI). Em função da baixa mobilidade do nutriente na planta, sempre que possível, deve-se dar preferência pela adubação de base (solo) ou via tratamento de sementes.
Conforme observado por Oliveira et al. (2017), a soja responde positivamente a adubação com Zinco via solo, demonstrando melhoria em componentes de produtividade e na produtividade propriamente dita. Os autores avaliaram as respostas da soja a diferentes doses de Zinco em diferentes períodos do desenvolvimento, utilizando o sulfato de zinco como fonte do nutriente. Os resultados demonstram significativas contribuições do nutriente para a produtividade, quando aplicado via solo, demonstrando a importância do Zinco para a produtividade da soja.
Figura 3. Produtividade de grãos em função de doses de Zinco aplicadas na cultura da soja.

Embora requerido em pequenas quantidades, o Zinco é um micronutriente essencial para a soja e sua deficiência pode impactar significativamente a produtividade da cultura. Sendo assim, deve-se realizar a adubação com Zinco quando necessário, dando preferência pelo fornecimento do nutriente via solo ou tratamento de sementes.
Veja mais: Tratamento de sementes de soja com Zinco
Referências:
BORKERT, C. M. et al. SEJA O DOUTOR DA SUA SOJA. POTAFOS, Arquivo do Agrônomo, n. 5, 1994. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Seja%20Soja.pdf >, acesso em: 16/04/2024.
IPNI. ZINCO. International Plant Nutrition Institute, Nutri-Fatos: Informação Agronômica sobre nutrientes para as plantas, n. 8. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-8/$FILE/NutriFacts-BRASIL-8.pdf >, acesso em: 16/04/2024.
LEMES, E. S. et al. TRATAMENTO DE SEMENTES DE SOJA COM ZINCO: EFEITO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA E PRODUTIVIDADE. Colloquium Agrariae, 2017. Disponível em: < https://revistas.unoeste.br/index.php/ca/article/view/1855/1928 >, acesso em: 16/04/2024.
OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa, Sistemas de produção, n. 17. Tecnologias de Produção de Soja, cap 7, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 16/04/2024.
OLIVEIRA, F. C. et al. DIFERENTES DOSES E ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE ZINCO NA CULTURA DA SOJA. Revista de Agricultura Neotropical, 2017. Disponível em: < https://periodicosonline.uems.br/index.php/agrineo/article/view/2188/1787 >, acesso em: 16/04/2024.
PAULILO, M. T. S.; VIANA, A. M.; RANDI, A. M. FISIOLOGIA VEGETAL. Universidade Federal de Santa Catarina, 2015. Disponível em: < https://antigo.uab.ufsc.br/biologia//files/2020/08/Fisiologia-Vegetal.pdf >, acesso em: 16/04/2024.
TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Porto Alegre, ed. 6, 2017.
YARA. DEFICIÊNCIA DE ZINCO NA SOJA. YARA BRASIL. Disponível em: < https://www.yarabrasil.com.br/nutricao-de-plantas/soja/deficiencias-soybean/deficiencia-de-zinco-soybean/ >, acesso em: 16/04/2024.