Desde a implantação na lavoura até a colheita, a cultura da soja pode sofrer ataques de diversas pragas. O conhecimento do impacto dos insetos na lavoura é essencial para que as ações preventivas e as técnicas de manejo sejam implementadas adequadamente. O monitoramento e reconhecimento das principais pragas, associados às ferramentas disponíveis para manejo integrado de insetos são aspectos fundamentais para a proteção da lavoura.

Na cultura da soja, o gênero Spodoptera possui espécies como a Spodoptera cosmioides e Spodoptera eridania, de maior importância na cultura  e a Spodoptera frugiperda, considerada uma praga esporádica, causando danos e assumindo importância normalmente a partir do início da fase reprodutiva da cultura, em que, além de se alimentarem das folhas, atacam também as vagens da planta.


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Spodoptera cosmioides

Também chamada de lagarta-da-vagem, são geralmente de coloração marrom passando à preta com pontuações douradas dorsais distribuídas ao longo de duas linhas longitudinais alaranjadas.

Figura 1: Lagarta-da-vagem (S. cosmioides).

Fonte: Manual de Pragas da Soja – FMC Agricultural Products.

Os adultos são mariposas com até 4 cm de envergadura e coloração cinza com manchas brancas, no caso das fêmeas, e amarela com manchas escuras, nos machos. As asas posteriores são esbranquiçadas. Assim como outras espécies do gênero, os ovos são postos em massa nas folhas e cobertos por uma camada de pelos e escamas que as mariposas retiram do próprio corpo.

Próximas da fase de pupa, exibem uma faixa anelar escura logo após as patas torácicas e outra no final do abdome. As pupas de cor avermelhada são encontradas no solo, a poucos centímetros de profundidade. É uma importante praga da fase reprodutiva da cultura da soja.

Spodoptera eridania

Ataca preferencialmente as vagens da soja, as mariposas noturnas possuem até 4 cm de envergadura e coloração cinza com uma mancha ou faixa preta no centro das asas anteriores. As asas posteriores são esbranquiçadas. As fêmeas depositam grandes quantidades de ovos nas folhas e os cobrem com escamas e pelos que retiram do próprio corpo.

A eclosão ocorre após quatro a seis dias. As lagartas são inicialmente verdes e depois tornam-se cinzas com três linhas avermelhadas ou amareladas no dorso. Nas linhas laterais existem vários triângulos de cor escura que apontam para a linha central (Figura 2). As pupas são avermelhadas e encontradas no solo a poucos centímetros de profundidade.

Figura 2 – Spodoptera eridania

Fonte: Manual de Pragas da Soja – FMC Agricultural Products.

Spodoptera frugiperda

Também chamada de lagarta-militar, os adultos são mariposas de hábitos noturnos com até 4 cm de envergadura. As asas anteriores são cinza-escuras e as posteriores cinza-claras. As fêmeas depositam os ovos nas folhas em grupos de aproximadamente 100 e depois os cobrem com escamas e pelos que retiram do corpo. Apesar desse grande número de ovos, geralmente são encontradas poucas ou apenas uma lagarta grande por planta, pois elas são canibais.

 A duração do período larval pode chegar a 30 dias, quando as lagartas medem aproximadamente 5 cm de comprimento. Podem ser pardo-escuras, esverdeadas ou pretas. Possuem, no dorso, três linhas longitudinais de cor clara e nas laterais duas faixas mais escuras. No topo da cabeça, origina-se um Y invertido que facilita sua identificação.

As pupas, de cor avermelhada, são encontradas a poucos centímetros de profundidade no solo. O ciclo do ovo ao adulto dura de 20 a 60 dias, dependendo das condições climáticas.

Figura 3 – Lagarta-militar (S. frugiperda).

Fonte: Manual de Pragas da Soja – FMC Agricultural Products.

Veja também: Prioridades: Spodoptera frugiperda em soja


Danos e controle

Spodoptera cosmioides – Além do hábito desfolhador, alimentam-se de vagens (fase reprodutiva da cultura), danificando os grãos e permitindo a entrada de microrganismos. Os danos causados são inicialmente apenas uma raspagem na superfície das folhas e depois passam a devorar, principalmente, vagens e grãos.

Spodoptera eridania – Em soja, a lagarta apresenta capacidade de desfolha semelhante à da Anticarsia gemmatalis, considerada uma das principais pragas desta cultura. Além disso, pode alimentar-se diretamente de legumes e grãos no período reprodutivo da cultura. Ocasionam uma raspagem inicial das folhas que posteriormente evolui para uma destruição completa das vagens e grãos.

Spodoptera frugiperda – Na soja, a S. frugiperda é uma praga esporádica. As lagartas alimentam-se de folhas, brotações, hastes, vagens e grãos verdes. Na fase inicial da cultura, ataca a base do caule das plântulas e pode ser confundida com a lagarta-rosca Agrotis ipsilon.

Na figura abaixo pode-se observar as principais pragas da soja e o período em que ocorrem na lavoura, destacando-se as lagartas Spodoptera cosmioides, Spodoptera eridania e Spodoptera frugiperda, aqui estudadas.

Figura 4 – Principais pragas da soja em seus diferentes estádios

Fonte: Sementes Agroceres – Manual de pragas do milho, soja e algodão.

Considerando o ataque nas vagens, o nível de ação para se utilizar o controle químico é de 10% das vagens atacadas. Já com relação à desfolha o nível de ação é de 30% de desfolha no estádio de desenvolvimento vegetativo e 15% de desfolha no estádio reprodutivo. Considerando a amostragem pelo método da batida de pano para contagem de insetos, o nível de ação é de 20 lagartas grandes (>1,5 cm) por metro.

O controle químico é feito geralmente com a utilização de produtos à base de piretroides, organofosforados e produtos fisiológicos. Em razão dos relatos de resistência das lagartas, tem-se optado pela utilização de bioinseticidas à base de Baculovirus spodoptera ou Bacillus thuringiensis ou a liberação de parasitoides como o Trichogramma spp.


Veja também:10 principais pragas da soja: mosca-branca


Fique atento:

  • O mais importante é compreender que as táticas de manejo de pragas dos sistemas produtivos envolvem vários aspectos e um deles é o controle químico;
  • Tão importante quanto usar os inseticidas, é saber como usá-los e quando usá-los;
  • Conhecer o mecanismo de ação dos inseticidas, ou seja, como ele irá atuar sobre a praga, a seletividade dos produtos aos inimigos naturais;
  • Realizar a rotação de grupos de inseticidas para evitar o desenvolvimento de resistência.

O que não fazer:

  • Não aplicar inseticidas preventivamente;
  • Não aplicar inseticidas em baterias de aplicação ou em aplicações calendarizadas;
  • Evitar o uso de inseticidas não seletivos na lavoura (aqueles que matam todos os insetos, inclusive os insetos benéficos).

O que fazer:

  • Monitorar semanalmente sua lavoura com o pano-de-batida;
  • Aplicar inseticidas apenas quando a população de pragas atingir o nível de ação recomendado e usar apenas os inseticidas legalmente recomendados para controle da praga;
  • Preferir utilizar inseticidas seletivos como vírus, bactérias e os inseticidas “fisiológicos” antes de utilizar outra opção mais agressiva;
  • Rotacionar inseticidas com diferentes modos de ação a cada aplicação que for necessária para reduzir a seleção de insetos resistentes;
  • Aplicar inseticidas utilizando uma boa tecnologia de aplicação (boas condições climáticas, pressão, volume, bico adequados etc).

Fontes utilizadas: Embrapa, FMC- Manual de Pragas da Soja, Sementes Agroceres – Manual de pragas do milho, soja e algodão.



Elaboração: Engenheira Agrônoma Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.


Foto de capa: FMC- Manual de Pragas da Soja

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